Tão pronto como os donos dos cães pequenos mandam prender os cães grandes mal os avistam, também os padres, quando vestidos clericalmente, arriscam-se hoje a levar um inesperado par de estalos no meio da rua, vindo não se sabe donde. Há 50 anos atrás, quando a maioria da população ia à missa, por devoção ou obrigação, um padre na via pública era por todos reverenciado e respeitado (por vezes até temido), como se de uma criatura divina se tratasse. Hoje, com a santidade desmascarada e com a crescente denúncia de padres pedófilos, criminosos que assombram e descredibilizam a igreja católica – uma vergonha para todos e para a nossa sociedade – vestir uma camisa clerical pode ser motivo mais do que suficiente para se ser injuriado e/ou maltratado, como se a vestimenta pertencesse ao pior e mais escarlate dos diabos - a um falso profeta.
Compreende-se agora porque se vêem tão poucos padres nas ruas, temem ser apontados, mal compreendidos e objecto de escárnio, preferindo trajar civilmente (anónimos) em abono da sua privacidade, bem-estar e segurança. Uma igreja assolada pela pedofilia não tem condições para se fazer ouvir e ser missionária. Se não houver um verdadeiro e global expurgo na igreja romana, ela não sobreviverá doravante pela Graça de Deus, mas por tudo o que se lhe opõe, condena e envergonha, exactamente como uma árvore que não dá fruto e que por isso mesmo é lançada ao fogo, ao descrédito e ao desaparecimento. A procissão ainda vai no adro, bem no adro, mas temos a acrescentar à lista das vergonhas clericais nacionais mais um presumível padre pedófilo e outro surpreendido pelos alunos a ver revistas pornográficas durante um teste. Será que ainda chegaremos ao desplante de treinar cães para detectar padres pedófilos e para proteger as crianças das suas arrmetidas?
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