terça-feira, 19 de outubro de 2021

BENÇÃO DOS ANIMAIS OU BENÇÃO DOS ÍDOLOS CASEIROS?

 

Na localidade francesa de Honfleur, na região administrativa da Normandia, no departamento Calvados, na Igreja de Stª Catarina, pelas 15 horas, realizou-se no passado domingo, dia 17 de outubro, a tradicional bênção dos animais, tradição que teve a sua origem em 2014 e que foi iniciada pelo padre Pascal Marie, pároco de Notre-Dame de l’Estuaire, acto religioso que sempre manteve o seu sucesso mesmo no difícil período do confinamento.

A dita bênção aconteceu sob a protecção de São Francisco, reconhecido como padroeiro dos animais, santo que tinha por hábito falar com os pássaros. Todos os pets foram bem-vindos e recebidos com carinho, nomeadamente cães e gatos, assim como tartarugas, pássaros, peixes dourados, hamsters, coelhos e porquinhos-da-Índia. Como sempre acontece, a presença de cães-guia mereceu especial destaque. Este cerimonial iniciou-se com cantos tradicionais e deles se prosseguiu para a bênção dos animais, momento em que o silêncio da solenidade deu lugar a algum alegre alvoroço.

A bênção dos animais, já em voga há mais de duas dezenas de anos, acaba por aproximar a igreja católica do povo através dos seus animais de estimação, podendo vir a revelar-se uma excelente estratégia missionária, numa altura em que as igrejas deixaram de ser frequentadas pela maioria da população e que importa tocar o coração de muitos, trabalho facilitado pelo amor que dispensam aos seus animais.

Assim, a bênção dos animais, mais do que um inocente e bem-intencionado ritual, outra coisa não é que a bênção dos ídolos caseiros, uma tentativa bem engendrada da igreja romana entrar na vida de cada um e fazer-se ouvir por quem dela há muito se afastou, uma descarada manobra sincrética por demais tangente ao paganismo. Estou convencido, porque já assisti a vários actos religiosos destes, que a maioria dos donos participa neles debaixo da máxima: “mal não faz, não custa nada fazê-lo e até é possível que faça bem!”

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