Na
localidade francesa de Honfleur, na região administrativa da Normandia, no
departamento Calvados, na Igreja de Stª Catarina, pelas 15 horas, realizou-se
no passado domingo, dia 17 de outubro, a tradicional bênção dos animais, tradição
que teve a sua origem em 2014 e que foi iniciada pelo padre Pascal Marie,
pároco de Notre-Dame de l’Estuaire, acto religioso que sempre manteve o seu
sucesso mesmo no difícil período do confinamento.
A
dita bênção aconteceu sob a protecção de São Francisco, reconhecido como
padroeiro dos animais, santo que tinha por hábito falar com os pássaros. Todos
os pets foram bem-vindos e recebidos com carinho, nomeadamente cães e gatos,
assim como tartarugas, pássaros, peixes dourados, hamsters, coelhos e porquinhos-da-Índia.
Como sempre acontece, a presença de cães-guia mereceu especial destaque. Este
cerimonial iniciou-se com cantos tradicionais e deles se prosseguiu para a bênção
dos animais, momento em que o silêncio da solenidade deu lugar a algum alegre alvoroço.
A bênção
dos animais, já em voga há mais de duas dezenas de anos, acaba por aproximar a
igreja católica do povo através dos seus animais de estimação, podendo vir a
revelar-se uma excelente estratégia missionária, numa altura em que as igrejas
deixaram de ser frequentadas pela maioria da população e que importa tocar o coração
de muitos, trabalho facilitado pelo amor que dispensam aos seus
animais.
Assim, a bênção dos animais, mais do que um inocente e bem-intencionado ritual, outra coisa não é que a bênção dos ídolos caseiros, uma tentativa bem engendrada da igreja romana entrar na vida de cada um e fazer-se ouvir por quem dela há muito se afastou, uma descarada manobra sincrética por demais tangente ao paganismo. Estou convencido, porque já assisti a vários actos religiosos destes, que a maioria dos donos participa neles debaixo da máxima: “mal não faz, não custa nada fazê-lo e até é possível que faça bem!”
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