Com
o passar dos anos e os milhares de alunos que me passaram pela mão, cada vez
tenho maior dificuldade em fixar o nome de todos quando me reencontram ou
procuram. Face ao esquecimento, pergunto-lhes como se chamava o cão que
trouxeram para o treino, porque do nome dos cães que tiveram bom aproveitamento
nunca esqueço, sendo por isso mais fácil lembrar-me dos animais do que dos seus
condutores. E quando me lembro imediatamente
do nome dos donos é porque me são de grata memória, alguém que se destacou ou
que foi alvo da minha admiração. Hoje, ao abrir a minha caixa de correio,
reparei no seguinte email: “Olá
Sr. João, daqui fala (…). Hoje estava aqui de volta de fotografias e álbuns e
dei com esta foto do nosso BEROH. Queria que também ficasse com ela. Saudades
destes tempos! E de quando me ensinou a mim e à minha irmã tanta coisa sobre a
vida! Esperamos que esteja tudo bem consigo. Um grande abraço de ambos (...).”
A referida foto é a que se segue.
Lembro-me do nome destes dois irmãos e eles não se esqueceram do meu, sinal de que me foram próximos e de serem curiosos e inteligentes, miúdos na altura que já demonstravam um extraordinário apego ao conhecimento, humildes, comedidos no falar e sempre prontos para ouvir. Hoje são adultos, formados e ambos sobreviveram ao Covid, apesar de um deles ser médico num hospital público. Seria hipócrita se dissesse que o seu agradecimento foi-me indiferente, mas afirmo por amor à verdade, que mais me interessa saber que estão bem e que são uns vencedores, porque também nisso os ensinei e nunca deixei de acreditar neles. Na altura em que frequentavam a Acendura Brava, a Escola tinha umas t-shirts com o lema: “O CÉU É O NOSSO LIMITE”. Debaixo deste mesmo espírito, espero que continuem francamente para diante neste mundo em constante mudança. Obrigado a ambos, foi um privilégio conhecê-los!
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