Ontem
os portugueses foram surpreendidos por uma estranha e macabra notícia: um homem
de 55 anos foi atacado violentamente pelo seu próprio cão, acabando por morrer
devido aos graves ferimentos que lhe foram infligidos pelo animal. O incidente
aconteceu pela manhã na localidade de Marinha da Mendiga, no Concelho de Porto
de Mós, quando a vítima, que vivia sozinha, foi dar de comer ao cão que se
encontrava acorrentado, um Rafeiro Alentejano. Sabe-se que o animal já havia
atacado o dono anteriormente. De acordo com a experiência que tive como criador
e treinador de Rafeiros Alentejanos, esta raça canina meridional, assim como
não incomoda ninguém, também não quer ser incomodada, sobressaindo nela alguns
exemplares manifestamente agressivos que dispensam a provocação para
despoletarem os seus ataques. Devido ao seu tamanho, extraordinária força
física e quando de perfil psicológico dominante, estes cães não são
aconselháveis para todos, porque carregam ao menor sinal de fraqueza.
Felizmente que a ocorrência de indivíduos assim é diminuta. Contudo, a sua
presença ainda não foi eliminada da raça.
Como
na sua maioria são cães de baixíssima capacidade de aprendizagem, também a sua
interacção não é muito abrangente, preferindo andar a seu gosto do que ao mando
de outros (donos inclusive), sendo por isso um cão para se deixar em paz e não
para sobrecarregar com jogos ou tarefas. Do mesmo modo que guarda os rebanhos,
também pode guardar habitações, celeiros, barracões e até alfaias agrícolas,
sendo particularmente vigilante durante a noite. Prender um molosso destes para
sempre numa corrente é potenciar a sua agressividade ao ponto de torná-lo
assassino, fenómeno que acontece também com outras raças caninas pela privação
da liberdade. É sabido que quanto menor for um espaço, mais depressa um cão
aprenderá a defendê-lo afincadamente. Teria sido esta forma de prisão a primeira
responsável pelo presente ataque letal canino? Não nos parece pelo histórico havido,
mas que o precipitou, precipitou.
Nada do que dissemos até aqui pretende incriminar o cão, que poderia ter atacado por múltiplas razões passíveis de inocentá-lo, pelo que importa dar respostas às seguintes 10 questões: 1. Como classifica o relacionamento da vítima com o cão (amistoso e próximo /distante e o indispensável)? 2. Foi o seu primeiro dono? Porque foi dado? 3. Há quanto tempo está naquela casa? 4. Quem costuma tratar dele? 5. Sempre esteve preso? Porquê? 6. Já tinha manifestado sinais de agressividade? Quais e em que circunstâncias? 7. De que constava a sua refeição no dia fatídico? 8. A comida era sempre igual? 9. A vítima alguma vez agrediu o cão? Porquê? 10. Qual o perfil psicológico da vítima (calmo e afectivo / nervoso e violento)? Uma coisa é certa: a gravidade dos ferimentos deve-se em parte ao cão por não querer largar o dono!
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