domingo, 7 de junho de 2015

VALHA-NOS DEUS QUE SÓ SE FALA DE JESUS!

Jorge Jesus, treinador de futebol, cometeu um crime “lesa-majestade”, trocou o Benfica pelo Sporting e em Portugal não se fala doutra coisa, como se só o futebol importasse e o futuro do País pudesse esperar. Assuntos importantes como o das escutas telefónicas, do acolhimento de novos emigrantes (que nos será imposto pela CEE) e do mais que possível corte nas pensões passaram para segundo plano. Decididamente Portugal não pode ser levado a sério, pelo menos por agora, enquanto a ignorância popular for uma instituição e o tribalismo não sucumbir. Com o País de tanga, a imprensa esgota-se na procura de novos desenvolvimentos do caso, os canais televisivos dedicam-lhe emissões especiais e abrem debates públicos sobre a charada (por via telefónica e a 60 cêntimos por minuto + IVA), bastante concorridos por desempregados, reformados e tolos de toda a sorte. E pelo que se ouve, toda a gente entende de futebol, apesar dele ser agora dominado e comentado por advogados (os mesmos para quem a política tem sido uma autêntica Santa Casa da Misericórdia) já que gente fina é outra loiça e os investimentos feitos neste desporto não são para brincadeiras, merecendo ser acautelados. Futebol e política confundem-se de tal maneira que não se sabe onde começa um e acaba o outro, até porque da política ascende-se ao futebol e vice-versa. Diante deste panorama facilmente se compreende, aquilata e explica a qualidade dos nossos políticos: afectos ao clubismo e indiferentes ao bem-estar colectivo.
Objectivamente quem é Jorge Jesus e porque merece tamanho destaque? Consta que o futebol não tem para ele segredos, que subiu na carreira a pulso, que é chegado à família, que valoriza jogadores e alcança títulos, apesar de bronco, de se exceder amiúde, de ser malcriado, mestre nas calinadas gramaticais e evidenciar uma mímica rasca e por isso reprovável, condições mais do que suficientes para que amanhã (não lhe estamos a desejar a morte) vá também parar ao Panteão Nacional. Não é o cidadão Jorge Jesus que é grande, grande é a ignorância popular que levanta tais messias, que suportando derrotas consecutivas surge à tona de água com vitórias extemporâneas, como se o futebol resolvesse os nossos problemas e que cada um necessitasse, à falta de melhor, de morrer com a euforia de um golo. Mal, muito mal vai o País, quando adia o seu futuro e vive de ilusões. Provavelmente está e continuará “fora de jogo”! Será eliminado? O futebol tem destas coisas e as nações? 

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