Tendo
em conta o número crescente de crianças e adultos que anualmente são atacados por
cães, que é directamente proporcional ao número de pessoas que nunca tiveram
algum contacto directo com eles, também porque a maioria dos casais dificilmente
terá a possibilidade de adquirir um cão, seria de todo conveniente, para evitar
o dolo da presente geração e das futuras, que os cães se deslocassem às escolas
para as crianças aprenderem como lidar com eles, adquirindo assim regras de
conveniência que lhes possibilitariam estar em segurança com estes animais, uma
vez que não há uma “Quinta Pedagógica” a cada esquina e os cães estão por toda
parte, inclusive onde menos se espera. Seria de todo desejável que tal
acontecesse em simultâneo com a entrada das crianças para o primeiro ano do
Ensino Básico, porque já possuem um certo grau de responsabilidade, aceitam a
culpa com maior facilidade, buscam o elogio e a aprovação, conseguem destrinçar
o bem do mal, mostram capacidade para interiorizarem novos conhecimentos e
experiências (desejo de aprender), procuram fazer amizades e não dispensam o carinho
e o afecto constantes.
Na impossibilidade das crianças terem os seus próprios
cães (se os tivessem só obteriam vantagens), antes que se tornem cinófobas e
venham a ser mal interpretadas por eles, importa mostrar-lhes que a coabitação
com os cães obedece a regras, que uma vez respeitadas, induzirão à parceria e à
cumplicidade. Esta é uma função pedagógica que cabe aos pais, às escolas e que
não dispensa os centros cinotécnicos, porque a uns cabe proteger os seus filhos
e alunos e aos outros mostrar as mais-valias caninas. Durante anos a Acendura Brava
desenvolveu este trabalho junto de várias escolas do Distrito de Lisboa,
realizando exibições e dando a possibilidade às crianças de interagirem com os
cães. Sempre será mais fácil levar meia dúzia de binómios a uma escola do que
largar um infante no meio de uma matilha escolar, fora do seu ambiente e longe
dos seus mestres. Apresentar os cães às crianças é um dever cívico inalienável para
qualquer educador e adestrador. Proceder assim é proteger crianças e cães para
que não venham a ser vítimas uns dos outros.
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