Francamente não sabemos se
temos em Portugal um Banco Hematológico Canino a funcionar, gostaríamos de
acreditar que sim, pelo menos na Faculdade de Veterinária estatal. E como
importa seguir o pelotão que vai na frente, porque de outra forma ficaremos
irremediavelmente atrasados, vamos agora falar do caso inglês, indubitavelmente
um exemplo a seguir, diante do número de cães existente nos lares portugueses.
O “Pet Blood Bank UK” é um serviço nacional de banco de sangue canino, a
primeira e única instituição de caridade do Reino Unido deste tipo, que actua
há oito anos e tem mais de 6.000 dadores nos seus registos. Em média, faz três
sessões semanais de colheita de sangue, podendo cada uma atender até 22 cães
dadores. Para serem seleccionados e aceites como dadores, os cães terão que ter
mais de 25kg, gozar de boa saúde, não ter febre e as suas frequências cardíaca
e respiratória serem normais. Em simultâneo e entre outros requisitos (entre
eles a análise comprovativa da qualidade do sangue), porque ali ninguém brinca em
serviço, os donos dos cães garantirão ainda que os seus pupilos não saíram dos
territórios à sombra da "Union Jack" (da bandeira do Reino Unido).
A prática dos cães dadores
de sangue tem vindo a aumentar significativamente, bastando para isso comparar
os valores do primeiro ano desta instituição com os actuais, pois passou de 200
dadores para mais de 6.000 e de 500 unidades de sangue para 5.000 (cada unidade
de sangue tem 450ml). Uma vez certificado o cão dador, o animal irá com os seus
donos para a sala de colheita de sangue, sendo convidado a deitar-se sobre o
lado em que se sente mais cómodo. Depois de calmo e confortável, é-lhe inserida
uma agulha na veia jugular, procedendo-se à colheita de 450ml de sangue,
intervenção que durará de 5 a 10 minutos. Uma vez o sangue recolhido, o cão
recebe carinho e apreço de todos ao seu redor, para além de água, um lanche, um
brinquedo, tempo para se relaxar e um lenço vermelho como prova da sua dádiva.
A colheita de sangue não é dolorosa e a prová-lo estão os cães que
repetidamente dão sangue ao longo dos anos, cuja mímica não denota temor ou
tristeza. Caso algum cão entre em stress, a colheita de sangue é automaticamente
interrompida.
O saco selado do sangue será depois enviado para o centro de caridade em
Loughborough/Leicestershire, para se processar a separação do plasma das
células vermelhas do sangue (eritrócitos). Ambos serão então armazenados até
serem requisitados por um veterinário (o plasma é congelado até cinco anos e as
células vermelhas do sangue são refrigeradas até seis semanas). Os cães que
forem operados em Inglaterra podem ficar descansados, pois se vierem a
necessitar de uma transfusão de sangue, ela não faltará, contrariamente ao que
aqui se passa, onde para o efeito se caça um cão “à meia-volta”. Volta e meia,
dá-nos vontade de emigrar.
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