Sempre ouvi falar da Suíça e dos suíços com muito apreço, como um
bastião de civismo e uma sociedade modelo, onde nenhum papel esvoaça pelas
avenidas, não se vêem beatas no chão nem latas de refrigerantes nas bermas das
auto-estradas, apesar de isolada nas montanhas e do seu povo ter sido
originalmente pastor. Ao tomar conhecimento de uma notícia divulgada pela
Reuters, datada de 26 de Novembro de 2014, nem queria acreditar nela, julguei-a
resultante de pirataria informática e obriguei-me a confirmá-la. Nela pude ler:
“Um grupo de cidadãos apostado na Defesa dos Direitos dos Animais apresentou
uma petição ao governo suíço para proibir uma prática tradicional, ainda que
rara, a de se comerem gatos no jantar de Natal e de se transformarem cães em salsichas. Segundo
Tomi Tomek, Presidente do Grupo pelos Direito do Animal SOS
CHATS NOIRAIGUE, cerca de 3% da população ainda come gato e cão, não havendo
como denunciar os seus consumidores à polícia, porque não existe nenhuma lei
contra essa prática e consumo”.
A Suíça tem actualmente, 7,8 milhões de habitantes,
o que feitas as contas, dá cerca de 234 000 consumidores daquelas “iguarias”!
Será que foi para lá igual número de chineses, que ao tornar-se cristão,
celebra o Natal? Não me acredito que os emigrantes portugueses, espanhóis,
italianos e turcos, se deliciem com tal manjar!
O gato é consumido em forma de cozido, em substituição do coelho, na
época natalícia e a carne dos cães é transformada em salsichas, aproveitando-se
a sua gordura para dar combate ao reumatismo. E quem pensar que tal acontece
nalguma recôndita encosta engana-se, porque ele é comum nos Cantões de Berna (o
Bouvier Bernois dava cá uns bifes!), Lucerna e Jura.
Caso os russos não fossem tão
biqueiros, agora que o preço da comida está pela hora da morte naquelas
paragens, com os cães vadios que há em Moscovo e noutras grandes cidades, não
passariam por tantas dificuldades. E os portugueses? Realmente são muito
esquisitos! Com o desemprego, a miséria e a fome que por aí vão, só padecem
porque querem (razão tem a Merkel), porque com tanto cão e gato abandonado, não
faltaria comida para as famílias e o seu jantar de Natal seria farto (dava até
para convidar os amigos). E já agora, porque não “bifar” o gato do vizinho que
vem urinar nos nossos vasos ou o cão da vizinha que não pára de ladrar? Não
estarão mesmo a pedi-las? Já estou a imaginar as associações de recolha de
animais transformadas em dependências do Banco Alimentar Contra a Fome. E os
velhos, meu Deus, agora que o Serviço Nacional de Saúde faliu e não têm
dinheiro para comprar medicamentos, porque não se jogam aos cães e os espremem,
deitando mão à sua gordura para alívio das artroses? Cá para mim, a culpa é dos
Romanos, que nos tempos áureos do seu Império impuseram às tribos germânicas
comer cão, elas tomaram-lhe o gosto e a penitência virou tradição. Uma coisa é
certa: se já não entrava num restaurante chinês e não comia salsichas, muito
menos entrarei num suíço e, jantar de Natal em casa de helvéticos, à cautela, só
depois de ver a cabeça do animal!
Ironia à parte, porque o caso é sério, com a miséria humana não se brinca e os animais domésticos merecem-nos todo o respeito, há que denunciar e impedir os maus hábitos destes bárbaros, cujo número à partida deverá estar inflacionado, ainda que “em tempo de guerra não se limpem armas”. Com que direito condenamos
os chineses, se ainda fazemos pior? É preciso ter descaramento! Por vezes,
parece valer a pena vir da parvónia!
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