Perante os recentes atentados
terroristas ocorridos em França, ninguém pode ficar insensível, porque causaram
vítimas inocentes e nenhum de nós está livre de sofrer o mesmo castigo,
independentemente do lugar na Europa em que vivamos, já que os terroristas,
infelizmente, se encontram por toda a parte, ainda que nalguns lados se mostrem
menos por conveniência e necessidade de resguardo, vivendo acoitados entre nós
como se de ovelhas se tratassem e vestindo a sua verdadeira pele quando o
ocasião lhes é propícia, o que aumenta a nossa revolta diante da insegurança em
que vivemos. Os mais radicais, oriundos dos diferentes nacionalismos europeus
recalcitrantes, já alvitram uma nova cruzada contra os infiéis, ganhando
apoiantes junto das vítimas da actual guerra económica, que sendo global a
ninguém poupa. Já se fala de duas soluções: a “espanhola e a “americana”, a
primeira a exemplo da ocorrida em 1492, quando os reis católicos expulsaram os
muçulmanos e a segunda que reclama por prisões tipo Guantanamo, iguais nos
métodos e nas sevícias, como se ódio gerasse tolerância, facilitasse o diálogo
entre os povos, concorresse para a liberdade de expressão e a troca de papeis
nos enaltecesse, tudo isto dissimulado pelo pedido de abolição do “Espaço
Schengen”. Não será a liberdade uma legítima aspiração de todos os povos? Para
quê transformá-la em fruto proibido?
Assim como há que diferenciar o
islamismo dos seus radicais, muita embora essa fronteira seja nalguns casos
ténue, também não podemos atribuir tais actos criminosos a razões económicas ou
a más políticas de integração, porque isso seria justificar o injustificável e
atribuir nobreza ao crime, como se os fins justificassem os meios e o desacerto
duns legitimasse o fratricídio perpetrado por outros, o que à luz dos “estados
de direito” em que vivemos, seria no mínimo paradoxal. Enquanto cidadão, penso
que o combate ao terrorismo e aos terroristas deverá ser uma luta sem tréguas,
visando a segurança de todos para além das questiúnculas ligadas ao racismo, à
xenofobia e às diferenças culturais. Para ficarmos em paz uns com outros,
importa identificar os criminosos e os seus aliados, julgá-los e condená-los
pelo que são, impedindo-os de perpetrar os seus actos e de recrutarem outros
para a mesma senda, privá-los da liberdade que tão mal aproveitaram e contra a
qual se rebelaram tão indecentemente.
Mais do que correr atrás do prejuízo,
aqui massificado pelas vítimas, importa estabelecer políticas preventivas que
obstem a consolidação das práticas terroristas, o que deverá unir os europeus e
todas as nações livres do mundo à volta deste propósito. Generalizar ou julgar
o todo pela parte, para além de injusto e fratricida, é engrossar as fileiras
dos nossos inimigos, criar barreiras ao entendimento entre os povos, impedir
que outros possam usufruir da liberdade e contribuir para a paz geral. Convém
não esquecer que o polícia covardemente assassinado às portas do Jornal Charlie
Hebdo (Ahmed Merabet), era de origem argelina e muçulmana, o que de imediato
nos obriga a destrinçar os islamitas dos que se servem do islão para hediondas
práticas criminosas, cujas motivações se prendem com patologias assassinas e
não com a religião que dizem seguir ou professar, esclarecimento e
diferenciação que caberão, prioritariamente, a quem prega e ensina o Corão.
Doravante, atentados como estes não
deverão repetir-se e não deverão ser objecto de idêntica mediatização,
considerando a salvaguarda dos cidadãos, o melhor desempenho das polícias e a
ausência de publicidade, já que os assassinos sempre aproveitam, para se alvitrarem
em mártires e combatentes, quando não passam de reles verdugos. Se há que os
mostrar, mais vale que sejam vistos na barra do tribunal ou a entrar para o
cárcere, quando sentenciados e condenados, segundo a gravidade impiedosa dos
seus actos, servindo de exemplo aos que intentarem seguir-lhes os passos. Se o
único combate que dignifica a humanidade é a procura a paz, não nos restando
outra alternativa e quanto antes, teremos que declarar guerra ao terrorismo e
aos seus sequazes, para que outros facínoras não os aproveitem e venham a
causar-nos maior destruição. Dar combate ao terrorismo é também trabalhar pela
integração de todos os povos, cuja esmagadora maioria é ordeira e pacífica, não
se faz explodir, não espera por virgens no céu, tem os pés assentes na terra e
trabalha arduamente. Combater o terrorismo é sair à rua sem medo, como
aconteceu no passado Domingo em Paris, onde milhões de pessoas se fizeram ouvir
pela democracia e contra o terror, em prol da paz e contra o terrorismo, na
defesa da liberdade de expressão contra os que nos querem calar.
A bandeira da paz é branca e jamais
deverá ficar tinta pelo sangue dos inocentes. Je suis pour la paix parce que je
m’engage à la vie!
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