Celebrou-se
no passado dia 3 deste mês, o quinquagésimo sétimo aniversário do lançamento
para o espaço do satélite soviético Sputnik II, levando a bordo o primeiro ser
vivo a orbitar a terra: a cadela “Laika”, uma mestiça que evidenciava traços de
husky ou doutra raça nórdica com terrier, que acabou por morrer meia dúzia de
horas depois do lançamento, bem antes do esperado, em circunstâncias não muito
claras mas que apontam para o super aquecimento e para o pânico. Mais tarde, um
dos responsáveis daquele projecto, declarou-se arrependido por ter consentido no
envio do animal, apesar doutros dizerem que gozou duma morte calma. Estávamos
em plena corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética e nenhum
deles queria ficar para trás, sendo primordial descobrir se os animais
conseguiam suportar as condições da microgravidade. Cobaia e pioneira neste
projecto, esta humilde cadela mostrou ser possível o envio de astronautas para
o espaço, como veio a acontecer sensivelmente 4 anos mais tarde, em 12 de Abril
de 1961, quando Yuri Gagarin, um jovem oficial da Força Aérea, então com 28
anos de idade, ao comando da nave espacial Vostok I, foi lançado do Cosmódromo
de Baikonur. Com a sorte que a “Laika” não teve, mais por obra e graça da
ciência, apesar de vários contratempos, regressou são e ileso, foi declarado
herói e tornou-se objecto de muitas honrarias.
Astronauta à força, a “Laika” viu encurtados os seus dias, vivendo
apenas três anos, sacrifício que muitos dizem não esconder a cobardia humana.
Cinquenta e um anos depois da sua morte, foi-lhe erigido um monumento em
Moscovo, inaugurado em 11 de Abril de 2008, perto do antigo Instituto de
Medicina Militar, local onde foi estudada, testada e preparada para a sua
fatídica missão. O monumento em bronze tem cerca de 2m de altura, representa um
segmento de foguetão em forma de mão humana, sobre a qual assenta a silhueta da
cadela.
Diz-se que esta rafeira foi recolhida nas ruas de Moscovo, teria dono ou
seria abandonada? Ficaria alguma criança a chorar por ela? Não sabemos! Como
remate da história fica a ironia de Gagarin, quando após ter dar dado a volta
ao planeta, disse: “Ainda hoje não sei se sou o primeiro homem ou o último cão
a voar no espaço”. Depois dele, outros astronautas o seguiram, cães felizmente
não! À “Laika”, caso fosse possível, teríamos que agradecer-lhe o seu
contributo para o progresso da humanidade, acompanhado de um sincero pedido de
desculpas.
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