sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

SAIR DO “AI” PARA O “EM FRENTE”, DA PAIXÃO PARA O AMOR

A paixão só vê o que quer ver e o amor o que precisa de ser melhorado, a primeira é uma êxtase que acontece de olhos fechados e o segundo um trabalho continuado com eles bem abertos, para que a paixão não se extinga e se mantenha sempre ao seu lado. Todos já vimos o fim “imprevisto”de diversas paixões, gente de costas viradas, amor transformado em ódio, gozo em aversão, interesse em indiferença e até beijos em estalos. Como a finidade da paixão sempre dependerá da qualidade do amor, importa que ele a mantenha, que seja consequente, que produza e seja activo, para que à fase dos encantos não suceda a dos desencantos, epílogo bastante comum entre gente de ânimo leve. Como a paixão desconsidera o erro e tem breve duração, só o amor poderá operar a correcção e fazê-la perdurar, para não virmos a ser vítimas de nós próprios ou dos excessos dos que amamos. Assim vivemos com quem nos quer bem, assim educamos os filhos, assim deveremos educar os nossos cães também, regrando-os para que sejam felizes e possam viver ao nosso lado, por longos anos e sem incomodar quem nos rodeia, como resultado do amor que lhes temos.
Para que os cães não coloquem a sua vida em risco, causem um sem número de acidentes e façam vítimas, importa adestrá-los e educá-los convenientemente, dedicando-lhes a atenção e o cuidado necessários para a alteração do seu comportamento, tarefas que exigirão tempo, constância e paciência, predicados próprios do amor que a paixão tende a atabalhoar. Os apaixonados por cães adoram dar-lhes beijinhos, fazer-lhes as vontades, delirar com as suas travessuras e reconhecer-lhes um sem número de virtudes subjectivas. Enquanto isso, os animais vão-se tornando irascíveis e de difícil sociabilização, comportando-se como reizinhos entre lacaios, sobrepondo a sua vontade ao controlo dos donos. Ainda que a paixão possa ser a responsável pela aquisição de um cão, só o amor será capaz de promover a sua educação. Quem não educa sempre andará com um “ai” no peito e quem educa atinge a cumplicidade, descobre um companheiro, faz-se entender e melhor entende o que ele quer. Do que vimos e experimentámos, disso damos notícia!

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