Os cães demasiadamente compridos, os
extraordinariamente selados, os de mãos divergentes e os com abatimento de
metacarpos, não devem ser convidados para este exercício. O mesmo se aplica aos
que se deslocam em passo de andadura e aos de infundada robustez articular.
Depreende-se disto, que a modalidade não está isenta de riscos, que pode
perigar a saúde canina, agravar ou provocar lesões e incapacidades. Tal não
deve ser o nosso propósito. Segundo o registo histórico, a tracção tem sido
desenvolvida entre 3 grupos somáticos: Os lupinos, os vulpinos e os molossos. A
escolha da morfologia canina para o efeito tem considerado o particular do
trabalho, a resolução animal e a sua continuidade na tarefa. O seu modus
operandi, exactamente igual ao das outras disciplinas cinotécnicas, deve ser
progressivo, equilibrado por metas e objectivos aquém do estoiro animal,
considerando O CAP e os ritmos vitais dos indivíduos convidados para a tracção.
Também a idade deve ser considerada, mormente a curva de crescimento de cada
indivíduo convidado. Temos por norma só aceitar cães a partir da maturidade
sexual, e quando os aceitamos antes, somente os atrelamos à arreata (atrelados
lateralmente aos cães que puxam, mas libertos da tracção).
Tanto se pode atrelar um cão como vários, o que
dependerá da natureza do trajecto, da carga a transportar e da celeridade
requerida. Ao contrário dos esquimós, que tiram partido da dominância do macho
alfa, somos obrigados ao exercício prévio da sociabilização inter pares, para
que o robustecimento individual aconteça e a matilha animal sucumba. Só
consideramos para a tracção os cães com um CAP entre 1.6 e 2 (coeficiente de
envergadura em que se divide a altura do cão pelo seu peso), justificando o seu
peso atlético pelo particular do exercício. Os cães de focinho encurtado, por
dificuldades no arrefecimento, assim como os abaixo dos 40% de focinho em
relação ao crânio, não devem ser convidados para este trabalho, porque cedo
entram em colapso. Do
mesmo modo, são dispensados os animais com um ritmo cardíaco superior às 85
pulsações em descanso.
Nunca se deve colocar a tracção na base do exercício físico,
mas sim no seu cumular, porque o bom desempenho sucede à preparação. Na tracção
usufrui-se dos benefícios da instalação dos comandos direccionais, nela se
descobre mais uma das suas utilidades, porque o seu concurso viabiliza a
perfeita condução. Há que experimentar para ver!
Considerando a relação óptima, a tara nunca deve
exceder ¼ do peso da carga total, e esta nunca deverá ser superior ao peso do
cão, especialmente em trajectos acidentados e irregulares. Os carros devem ter
dois pares de rodas da mesma altura, para que o peso se distribua
equitativamente. A sua largura não deve exceder o dobro da envergadura do cão.
A altura dos eixos deve ser inferior à altura dos jarretes, para que o equilíbrio
aconteça e a força actue. O arreio do cão (colete; arnês ou peitoral), deve ter
no mínimo dois pontos de ligação por lado e garantir a ligação peito/pescoço/garrote.
Especialmente entre os cães meridionais e nados na baixa altitude, o Quadro
Geral de Temperatura e Humidade deve ser respeitado. A tracção sempre deve
contribuir para o aumento do perímetro torácico, para a melhoria dos ritmos
vitais, para o robustecimento das articulações e para o equilíbrio físico e
psicológico, porque ela faz parte do fim económico do treino: a divisão de
tarefas. Sem “ junto” a tracção não subsiste, a menos que a coerção usurpe o
lugar da cumplicidade e façamos dos cães gado muar.
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