O Rui Santos chegou-nos à escola com o Ken, um
cachorro Rottweiler que veio a ser companheiro de classe do Master, porque
tinham sensivelmente a mesma idade. Pareciam almas gémeas em termos de
desembaraço, tanto antes como depois, evoluindo a par e passo até ao despontar
das aptidões. Desde muito cedo se percebeu da cumplicidade existente entre o
Rui e o Ken, ao ponto do condutor ser conhecido como Rui do Ken, como se não
tivesse e não fosse importante o seu nome de família. Graças ao escalonamento
escolar e à aplicação Rui, o Rottweiler evoluiu para além do expectável à sua
raça, evidenciando mais-valias pouco vistas em rottweilers, nomeadamente uma
tremenda capacidade atlética, ao nível dos melhores. De obediência era
excelente e nunca teve entraves na disciplina de guarda, assimilou rapidamente
a linguagem gestual e fazia tudo com alegria, com os olhos postos no dono e
pronto para novos desafios. Era seguro, sereno, amigo do seu amigo e
incorruptível, nunca apresentou problemas na sociabilização e bem depressa
chegou à condução em liberdade.
Para desgosto de todos nós (dono, adestrador e
alunos da escola), o Ken pereceu alguns dias depois do seu dono ter terminado o
curso de monitores, de modo inesperado e após alguns dias de agonia, sem se
saber ao certo o que vitimou, apesar de assistido e perante opiniões
médico-veterinárias contraditórias. Na sua breve passagem entre nós granjeou
bom-nome por toda a parte e enalteceu o nosso trabalho, representando-os amiúde
por todo o lado e arrancando do público merecidos aplausos. Participou ainda
num episódio televisivo e serviu de referência para os binómios mais novos.
Hoje queremos homenagear o Ken, um Rottweiler com um coração do tamanho do
mundo, de olhar bondoso e fiel que cedo nos deixou. Relembrá-lo é também
enaltecer o Rui, a sua dedicação, rigor e trabalho. Pouco tempo depois da morte
do Ken, o Rui adquiriu um Pastor Alemão red sable (vermelho), o Red, agora com
quase oito anos, com o qual alcançou igual cumplicidade e destaque. Breve
levará para casa uma cachorra da mesma variedade cromática. Do Ken guardamos a
sua generosidade e alegria, os momentos que dividimos com ele e as suas
performances inigualáveis, um peso-pesado que voava.
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