quarta-feira, 1 de junho de 2011

OUVIR A CHARANGA E NÃO IR DE CHAROLA

Aproveitando as comemorações do dia da GNR em Belém, presididas pelo Presidente da Republica, Prof. Aníbal Cavaco Silva, uma classe da Acendura optou por encerrar momentaneamente o seu trabalho e ir assistir ao desfile das forças em parada. A Charanga é sempre alvo das maiores atenções, não fora ela a única a tocar a galope em todo o mundo. À mesma hora no jardim e provavelmente associado ao dia da criança, um cortejo de cabeçudos fazia as delícias da pequenada, evoluindo desordenados com as suas carantonhas. No meio do troar dos cascos, do rufar dos tímbalos, do silvar das cornetas, do rebentar dos balões e das acrobacias dos gigantones, um dos nossos cães entrou em pânico, e caso não fosse bem seguro, provavelmente chegaria a casa bem antes do seu dono. O pobre condutor ficou destroçado e não segurou alguns desabafos relativos ao comportamento do cão, porque o insólito acabou por transportá-lo para o centro das atenções, tal qual guest star apanhado de surpresa e levado a desempenhar o arriscado papel de duplo. O medo do cão nasceu com ele e carece urgentemente de ser vencido, porque doutra forma, o seu condutor ver-se-á obrigado a sair à rua de capacete, coteveleiras e joelheiras, a entregar a alma a Deus e o corpo à Virgem padroeira de Portugal. Para não ir de charola, é importante que acostume o animal aos diferentes sons e ruídos, aumentando gradualmente o seu volume, proximidade e intensidade de acordo com as respostas positivas do cão. É errado começar esse trabalho com ele imobilizado, o que lhe aumentaria o temor, obstaria à melhor aceitação e comprometeria a desejável familiarização. Deseja-se que a supremacia dos diferentes automatismos aconteça e a cumplicidade binomial tudo leve de vencida. Se houver necessidade disso, porque os cães rijos agem naturalmente assim, poderemos instigar o cão contra os ruídos ou associá-los à cobaia e à recompensa. Se despoletarmos as experiências felizes recorrendo ao ruído, o problema poderá também vir a ser ultrapassado. Qualquer opção, atendendo à sua validade, terá que considerar a razão do trauma (genética ou ambiental), o particular do indivíduo, o seu histórico e grau de ensino. Porém, nada dispensa a cumplicidade resultante da confiança no dono.

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