Os pastores sempre foram muito certeiros no arremesso de pedras, talvez pela necessidade e por terem muito tempo para treinar. Para além do simples arremesso, sempre foram exímios no uso da fisga (estilingue) e da funda, usando-as como subsídio de direcção tanto para cães como pràs ovelhas, e como meio para afastar os animais indesejáveis. O uso da pedra permitiu-lhes e continua a permitir-lhes o controlo à distância do gado e dos seus guias, tornando-os omnipresentes e poupando-lhes muito esforço, especialmente nos momentos de maior aflição e que carecem de solução imediata. A substituição da pedra pelo assobio irá acontecer gradualmente, quando a aptidão dos cães for visível e o uso da pedra se tornar obsoleto. Actualmente substituímos a coação da pedra pelo recurso à recompensa, o reforço positivo tomou o lugar da coerção e a pedra de travamento deu lugar à bola de evasão. Os pastores do passado recente não podiam proceder como nós, porque o dinheiro era escasso, a sua vida estava votada à austeridade e um só queijo seco tinha que dar para um pão de quilo. Não obstante e violando os mais elementares princípios pedagógicos, ainda há quem se sirva da pedra e não seja pastor, porque o comodismo seduz e o dolce far niente é por demais agradável. Seremos antropologicamente vocacionados para o arremesso do calhau?
quarta-feira, 15 de junho de 2011
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