quarta-feira, 15 de junho de 2011

GINÁSTICA CINOTÉNICA CORRECTIVA: 10/3 DMEX – A SOLUÇÃO PARA A ESPÁDUA

Jamais se poderá desligar a figura do adestrador à do preparador físico canino, porque o treino é dinâmico e deve produzir alteração, o desenvolvimento atlético facilita o avanço cognitivo e o adestramento não dispensa a ginástica cinotécnica correctiva, enquanto subsídio inestimável para o melhor alcance das prestações caninas. A correcção morfológica, quando possível pela plasticidade inerente à idade dos cachorros, deve anteceder a obtenção de qualquer movimento ou figura, para que elas aconteçam naturalmente, graciosas e irrepreensíveis. Tudo isto nos transporta para o conhecimento anterior das distintas morfologias presentes nos cães e para a sua biomecânica, na relação indivisível entre carácter e morfologia, porque ambos formam um todo e cada um influi no outro, facilitando ou dificultando a tipicidade segundo as características individuais de cada cão. A recuperação de um animal, para além das considerações etológicas e psicológicas, não dispensa o conhecimento e aplicação das leis biológicas intimamente ligadas à física e à matemática, porque elas identificam o problema, equacionam os exercícios e dão-nos a solução. O abatimento da espádua em relação à altura da garupa, quando não intencional e típico de uma ou várias raças (cite-se o exemplo do Border Collie), é uma incapacidade física que pode estar ligada à fraqueza de carácter, a uma aceitação traumática ou exagerada da hierarquia social e também à precariedade da condução, fortemente conotada com a incapacidade física dos condutores. Como a anomalia morfológica tende a influir directamente no carácter ou a resultar dele, o que levará apenas ao aproveitamento parcial do potencial canino, importa levá-la de vencida para melhorar o carácter, porque a alteração da postura induz à aceitação doutros desafios, transmite confiança e diminui os medos inusitados. O levantamento dos anteriores não dispensa o concurso das barreiras verticais, já que cães com estas características sempre se agacharão diante de qualquer convite e tornar-se-ão lamechas. A altura indicada para as verticais é de 60 cm e distanciadas segundo a fórmula: 10/3 de DMEX (na sua última fase).
DMEX é a sigla para a distância média entre eixos, o comprimento médio entre os anteriores e os posteriores dos cães, que é também de 60 cm. Como a transposição das barreiras carece de ser a galope e o cão nesse andamento natural cobre mais metros, convém distanciá-las de acordo com o nosso propósito, que é o de impedir que o cão reduza o andamento e que as venha a saltar consecutivamente, sempre de espádua levantada e mantendo a constância no galope. A distância entre elas deverá ser igual a 3 X DMEX + 1/3 de DMEX = 10/3 de DMEX (60 X 3 + 20 = 200 cm/ 2 metros). O condicionamento carece de ser à trela e não dispensa o ânimo e o adiantamento do condutor em relação às transposições efectuadas pelo cão. Nos cães mais corpulentos ou isentos de maior plasticidade, essa distância deverá ser reduzida para 180 cm. Com isto evitar-se-á o estoiro do animal que geralmente produz justificada resistência, desinteresse ou aversão. Contudo, numa fase ulterior jamais se dispensará a distância de 10/3 de DMEX. Convém que o piso seja de relva ou de terra não muito dura, e nunca arenoso, para evitar a dureza dos impactos, o enterrar dos membros e proporcionar saltos mais cómodos prò animal.

Com uma carga horária de 20 minutos diários, repartidos por duas sessões de 10 e no período de 2 meses, o cão alcançará a correcção desejável, benefício que contribuirá para o nivelamento do dorso, para o aumento da sua resistência e velocidade funcional, para o robustecimento do seu carácter e para a melhoria dos seus ataques lançados, para uma maior autonomia e para a aceitação de novos desafios, porque estas acções encontram-se interligadas e dependem umas das outras, constituindo um todo que melhora pelo benefício das partes. A frequência cardíaca do animal a corrigir nunca deverá ultrapassar as 120 pulsações por minuto e a temperatura ambiente deverá estar abaixo dos 28º e acima dos 11º centígrados. O sentido da marcha correctora deverá evitar o encadeamento do cão e o solo deverá ser plano. Geralmente usam-se 5 barreiras verticais para o efeito, mas o seu número pode ser aumentado em função da resposta afirmativa do animal. A transição consecutiva das barreiras não dispensa a recompensa no final de cada trajecto, carga de ânimo que melhor suporta a mecanicidade das acções.



O espaço entre barreiras de 2 metros, tirados a partir duma DMEX de 60 cm, é o indicado para os cães entre os 55 e os 65 cm de altura, porque qualquer distância média entre eixos é própria para os animais até 5 centímetros a mais ou a menos do seu valor exacto. Considerando o tamanho das diversas raças de cães presentes no treino, os valores da DMEX serão respectivamente de 38, 49, 60, 71 e 82 cm, sendo o primeiro valor para os cães entre os 33 e os 43 cm de altura, o segundo para os de alturas entre os 44 e 55 cm, o terceiro próprio para os animais entre os 55 e 65 cm, o quarto para os que medem entre 66 e 76 cm e o quinto próprio para os cães entre os 77 e os 87 cm de altura. A altura das barreiras será de 40 cm para o primeiro caso (DMEX de 38), de 60 para o segundo, terceiro e quarto casos (DMEX de 49, 60, 71), e finalmente de 80 cm para o último caso (DMEX de 82). Ficam automaticamente dispensados deste exercício os seguintes cães: os portadores de insuficiência cardíaca ou respiratória, os epilépticos, os de CAP superior a 1.5, os de idade superior aos 8 anos e os displásicos, porque o seu concurso poderá agravar substancialmente as suas incapacidades e ser-lhes fatal. Nestes casos aconselha-se o recurso ao Extensor de Solo. A prática dos saltos verticais consecutivos tem-se revelado a melhor terapia para o levantamento e robustecimento da espádua, o que alivia o esforço de garupa, equilibra a abertura de pés e mãos, combate a concavidade do dorso, levanta a cabeça e liberta os ombros para uma maior projecção. Os cachorros só serão convidados para este exercício depois da maturidade sexual, normalmente após os 7 meses de idade.

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