terça-feira, 28 de junho de 2011
CRÓNICAS DO “ZÉ DO TELHADO”
A BROWNIE, O CASTELO E O RIO
O 1º ACAMPAMENTO DA JOANA
ATRAVESSAR A VAU: A SOLUÇÃO DO RUI MENESES
UM BINÓMIO INESPERADO
ESPÍRITO GUERREIRO
O NOSSO MOISÉS
DE PORTALEGRE AO CASTELO DE ALMOUROL
DONA SANCHA DE VOLTA AOCASTELO
MARTE EM TERRA E NEPTUNO NO TAGUS
NASCER E MORRER COM MEDO DA TROVOADA
terça-feira, 21 de junho de 2011
O MELHOR E O PIOR DO PASTOR SUIÇO: ANÁLISE MORFOLÓGICA E FUNCIONAL
Ainda antes das considerações técnicas sobre a “raça”, somos obrigados a falar do genocídio perpetrado contra esta variedade cromática no seio do Cão de Pastor Alemão, quase desde a sua origem e de forma massiva após o final da Segunda Grande Guerra (1939-1945), prolongando-se esse extermínio quase até aos nossos dias. Mais do que agradecer aos suíços e aos canadianos a sua salvação, importa ressaltar e denunciar a violência do erro, baseado num gritante eugenismo negativo e explicado por um todo de mentiras (pretenso albinismo, docilidade exagerada, menor propensão laboral, suposta descaracterização, etc.), hoje considerado deveras criminoso face à Carta dos Direitos dos Animais, surgida em 1978. Como a reintegração da variedade cromática na CPA nos parece impossível, pelo menos oficialmente, jamais será feita justiça ao Pastor Branco, ao Weiss Deutsche Schaferhund. E dizemos oficialmente porque ele tem vindo a ser reintegrado à revelia, um pouco por todo o lado e em pequena escala, para a obtenção de cães unicolores de manto vermelho e cinzento, ainda que essas variedades cromáticas possam vir a ser alcançadas pelo contributo do negro, quando conjugado com o lobeiro, o que a ninguém espanta, porque os lobeiros originais, ao contrário dos actuais, tinham a pele branca. A supressão arbitrária do branco obrigou o CPA a uma esforçada e lamentável endogamia, à perpetuação de incapacidades que a raça não tinha à partida e que tem obstado à sua proliferação, enquanto cão de trabalho e de acordo com os ancestrais pergaminhos. Mais do que na procura da novidade, surgindo como uma necessidade, a hibridação do CPA com o Lobo, responsável pelo aparecimento de novas raças de qualidade questionável, tentou reencontrar no atavismo aquilo que a raça foi perdendo pelo decorrer das décadas. Contra todos os tabus e diante da fraca prestação dos híbridos, não nos custa aceitar o Pastor Branco como um melhorador dentro e para o CPA, porque triste fim terá a raça, que desprezando o seu todo, apenas procura os alelos que lhe justificam a cor. A somar a isto, no Weiss Schaferhund, não são visíveis as maleitas e inaptidões resultantes dos erros selectivos que afligem o actual CPA. A solução sempre esteve à mão e ninguém se lembrou dela, enquanto pedra de esquina e fundamento de construção.
Se alguns admitem com relutância o Pastor Alemão Branco, a nós corta-nos a garganta em tratá-lo com Suíço, porque, exceptuando a cor, nada mais há assinalar ou a justificar em relação ao CPA, muito embora nos actuais pastores brancos o pelo comprimido seja por demais evidente e o “gigantismo” se faça presente, assim como algum pernaltismo e uma diferença assinalável de peso (menor), factores interligados, advindos da proto-selecção e intimamente associados à variedade de pelo mais longo, que não é específica do branco e que está presente em todas as variedades cromáticas. O menor coeficiente de envergadura, também visível na maioria dos exemplares estéticos padronizados, ainda que por outras razões, torna o cão branco mais propenso a desaprumos e por causa disso, mais concorrente a lesões, o que irá obrigar simultaneamente ao aumento dos momentos de liberdade e ao acompanhamento sistemático dos seus ciclos infantis. Na dita casta dos “Pastores Suíços” (o termo parece-nos mais correcto mercê da endogamia), os seus criadores têm oscilado entre a aproximação ao CPA e a sua diferenciação, quer evidenciando iguais qualidades, quer procurando díspares características estéticas, apresentando-se a primeira opção como natural e a segunda como uma aberração, já que o erro histórico dos criadores alemães jamais justificará o erro dos amantes do “Pastor Suíço”. A fragilidade do actual pastor branco, tornada genética mercê das circunstâncias e pelo concurso de alguns puritanos, reclama agora pelo contributo das restantes variedades cromáticas, naquilo que elas transmitem em termos de robustez, nomeadamente do preto-afogueado. Graças a esse aligeiramento forçado (o cão parece-nos oco, só pêlo e ossos a bater), o Pastor Branco irá encontrar mais tarde a harmonia estética e a graciosidade de movimentos, sobrecarregando até ali lá as suas articulações e aprumos, já por si longe das ideais, o que obrigará a alguma delonga no seu adestramento, particularmente no alcance dos seus indíces atléticos. Porém, é sabido que os animais que mais demoram a crescer, são aqueles que evidenciam melhor impulso ao conhecimento e maior capacidade de aprendizagem. A robustez do Pastor branco exige riqueza nas dietas (apesar de não ser um glutão) e só depois se poderá pensar na sua prestação, porque não absorve como os outros iguais benefícios do sol, tanto em quantidade quanto em qualidade, apesar de necessitar dele e não o dispensar.
Quando comparado com o CPA, em estado puro e sem interferência de condicionamento objectivo, é mais instintivo, menos participativo e mais autónomo, características que sobraram do seu desprezo e abandono, porquanto não foi alvo da selecção pela funcionalidade e a sua prestação foi, desde cedo, desconsiderada e desleixada, o que não quer dizer que não possa ser um excelente guardião ou que não possua, porque possui, uma excelente máquina sensorial. É competitivo e medianamente territorial, lembra o lobeiro e precisa de antever as acções, não resiste à sociabilização e facilmente se incorpora em novas matilhas. Reage satisfatoriamente aos estímulos e aceita sem maiores dificuldades a mecanicidade. Não é um ladrador inato, é silencioso e apresenta-se por vezes desconfiado. Aceita naturalmente a troca de condutores e é delicado ao dono. Suporta bem os climas sujeitos a grande amplitude térmica e apresenta grande propensão para nadar, possui características inatas de caçador e depois de construído é bastante activo. Tolera excepcionalmente as crianças e não raramente toma parte nas suas brincadeiras, o que o torna no cão ideal para os condutores mais novos. Reclama por exercício e cedo se farta das recompensas comestíveis, procura a companhia de outros cães e não mantém contra eles qualquer incompatibilidade somática, reage por provocação e é naturalmente calmo. É sóbrio, não inventa trabalho e não vai prà além do que lhe é estipulado (não sofre de excesso de zelo). Acusa a repreensão e nem sempre tenta agradar, porque é independente e não abdica gratuitamente das suas preferências ou inclinações. Não obstante, considerando as disciplinas cinotécnicas mais em uso, será na obediência que alcançará maior destaque, se os seus criadores mantiverem, como até aqui, os actuais critérios selectivos (pouco apostados na funcionalidade). UM SORRISO DO TAMANHO DO MUNDO
INSTANTÂNEO DO PORTUGAL PROFUNDO
sexta-feira, 17 de junho de 2011
AS BARREIRAS VERTICAIS E O COMBATE À MECANICIDADE INDESEJÁVEL
IR À ESCOLA OU TER AULAS À PORTA DE CASA?
Ora aqui está uma pergunta que muita gente já fez, especialmente quem tem cão e gostaria de o ensinar. A tradição das aulas à porta de casa resultou originariamente de três factores: do aparecimento dos cães tidos como de utilidade, da ausência de treinadores civis e da competência relativa dos adestradores militares ou policiais, que nas horas de folga ou após o toque de ordem, treinavam e aplicavam aquilo que tinham aprendido nas Unidades, na sua maioria da Classe de Sargentos para baixo. Hoje já não são muitos os que andam por aí e somente alguns reformados insistem em andar de porta à porta, especialmente nas áreas mais nobres das cidades e perante o ladrar de algum cão, estratégia hoje seguida por adestradores civis de toda a casta e distinta proveniência. Os seus clientes são na sua maioria gente abastada que não tem tempo a perder com cães, dignatários a quem ousamos perguntar: se não têm tempo para eles, para quê desperdiçá-lo na sua aquisição? É evidente que o comodismo tem aqui uma importante palavra a dizer. Quer queiramos ou não, agrade ou não nos agrade a ideia, foram os treinadores militares que abriram as portas aos adestradores do presente. Oxalá os ultrapassem e honrem assim quem os antecedeu.
As vantagens do ensino escolar, na vertente das aulas colectivas (também as há individuais), são imensas para os três implicados directos no adestramento de cada cão. Comecemos pela figura do seu proprietário, que mercê do treino e num ápice, passa de imediato a condutor, o que lhe garante à partida uma enorme vantagem e já vamos saber porquê. O dono vai adquirir no treino escolar os requisitos técnicos que lhe irão possibilitar o controlo objectivo do seu cão e alcançará assim a constituição binomial pelo exercício da liderança. Será confrontado com um conjunto de problemas que irá aprender a resolver, procederá à sua formação, aprenderá com os erros e com a perícia dos restantes condutores, que funcionarão também como seus agentes de ensino. Ganhará a experiência necessária para seu desempenho pelo concurso dos exercícios que lhe irão ser propostos, verá com os seus olhos as distintas fases ou etapas presentes no adestramento, melhorará os seus indíces atléticos, compreenderá finalmente que a alma do cão é a vontade do dono, que quase tudo na cinotecnia assenta sobre a investidura canina. Tomará conhecimento directo de cães doutras raças, doutras morfologias e de distintos perfis psicológicos, quer pela observação quer pela condução, libertando-se desse modo de possíveis traumas, medos ou antipatias, o que futuramente lhe possibilitará ensinar outro cão sem maiores dificuldades (autonomia). Irá ser agraciado com aulas teóricas e será convidado para actividades no exterior em diversos ecossistemas diferenciados. Compreenderá e praticará o reforço positivo, subsídio inescusável para o alcance da cumplicidade. Ficará ciente da importância da respiração, da entoação dos comandos e da postura prà melhor prestação canina. Sempre terá ao seu lado a ajuda preciosa do adestrador e a solidariedade dos outros condutores, elementos que apostarão no seu sucesso. A imensidade das vantagens não se esgota aqui, mas fiquemos com a mais importante: o homem ganha um companheiro!
Se as vantagens para o dono, agora transformado em condutor, são inúmeras, o mesmo se poderá dizer das alcançadas pelo cão, porque verá recompensado o seu esforço e sempre procurará aprovação. Como cada vantagem aqui adiantada daria um texto, somente as enumeraremos e outras haverão, tão ou mais importantes, que deixaremos pra depois. O cão alcançará na escola a familiarização e a sociabilização necessárias para a sua coabitação harmoniosa na sociedade (entre iguais, com os humanos e com os outros animais), aprenderá regras de higiene e de comportamento, chegará ao cumprimento pronto e imediato das ordens e verá fortalecido o seu carácter. Graças à presença de outros cães, que lhe servirão de mestres, porque os cães também aprendem pela observação, o seu processo de aprendizagem tornar-se-á mais natural e menos artificial, pautado por uma competitividade saudável que ele não desprezará. Com a musculação virá a melhoria dos ritmos vitais, o aumento da resistência e da velocidade, vantagens advindas do prévio fortalecimento e correcção dos aprumos. O currículo escolar irá possibilitar-lhe o ensino continuado, a reciclagem dos códigos, o reavivamento das ordens e a constância de desafios. Também irá assimilar, compreender e praticar distintos modos e tipos de condução de acordo o seu aproveitamento e propensão natural. Na escola desnudarão o seu potencial e aproveitá-lo-ão, indicando-lhe uma carreira ou serviço da qual se agradará, por merecer o seu aprovo e estar ao seu alcance. Sempre caminhará e evoluirá com o dono ao lado e darão assim continuidade aos vínculos afectivos domésticos, onde o amor será selado com base na recompensa e usado para a salvaguarda do animal. Em síntese, o cão ganha um líder do seu agrado!
Se um centro de treino canino é uma escola para o dono e uma academia para o cão, para o adestrador será uma faculdade, um lugar de estudo, trabalho, investigação, reflexão, sapiência, experiência, erudição, reciclagem e realização. É a escola que faz o treinador e não o inverso, porque é ela que o forma e capacita, desnuda as suas competências e congrega pessoas e cães à sua volta. Sem o saber e a experiência que ela oferece, qualquer treinador de porta à porta pode ser confundido com um vulgar mendigo ou intruso. As desvantagens do ensino escolar são diminutas quando comparadas com os seus benefícios. Todavia, devido a natureza do seu currículo, o ensino escolar é mais moroso, obriga ao empenhamento e disponibilidade dos donos e pode tornar-se num vício, tanto prós condutores como prós cães. Deste mal, felizmente, nos queixamos também nós! ENTRE O ATALHO E A PERÍCIA, O IMPROVISO SEMPRE ACONTECE
O uso sistemático dos atalhos que o improviso oferece, longe de ser uma atitude inteligente, é antes de mais um sinal inequívoco de incapacidade, uma violência sobre aquilo que está acordado ou estabelecido, um remendo que tem breve duração e induz ao estoiro. A prática do desenrascanso, quando habitual, é própria dos indivíduos que necessitam de meios extraordinários para o alcance das coisas, uma dificuldade inata que poderá vir a ser suavizada ou reforçada pelo contexto. Como o adestramento não deixa de ser uma actividade lúdica e um lugar onde as pessoas se encontram a gosto e à vontade, é mais do que natural assistir-se ao cortejo do improviso por parte dos condutores, particularmente dos menos esforçados e dedicados, que tentam compor ali o que não edificaram em casa, pelo desprezo do treino que leva à capacitação. Se por acaso evoluíssem sós, sem os cães ao lado, o problema seria exclusivamente deles, mas como não é esse o caso, a “habilidade” acaba também por prejudicar os bichos, criando-lhes barreiras de comunicação e uma série de imprevistos. Não é nada fácil combater o improviso daqueles que o adoptaram como prática corrente, porque dificilmente viverão de outro modo e sempre lançarão mão de estratagemas. Todavia, seremos obrigados a dar-lhe combate e a persistir na correcção, para que a praga não se alastre e a perícia caia a pique. O adestramento assenta sobre protocolos e encontra-se cativo aos procedimentos que possibilitam a mais-valia técnica e induzem à excelência binomial. Os atalhos de cada um são uma pedra de tropeço nas classes, porque dependem do “jeitinho” individual e lançam os outros na mais profunda confusão, estendendo-lhes o erro e obstando à sua formação, delonga desnecessária que a ninguém interessa. Devido à especificidade do seu serviço, a escola canina é uma academia de perícia e isso diferenciá-la-á de outros que a ignoram ou não lhe fazem caso, como sapateiros de conserto rápido à porta de supermercados. O treino canino exige dos homens mudança de atitude, alteração de hábitos e a aquisição de mais-valias técnicas. Conhecedores dos benefícios da técnica, não descansaremos até a transmitir a todos os alunos. Ainda que alguns fiquem pelo caminho, facto que muito nos entristece, alegra-nos a certeza de tudo termos feito. Mais do que na inspiração, nos dons ou nos milagres, o adestramento resulta da curiosidade que leva ao querer compreender e nós estamos cá para explicar. ADOLESCÊNCIA INICIAL E CÃES DE GUARDA
- É PRÁ ACABAR, É PRÁ ACABAR: SÃO TODOS A 400 EUROS!
Vender ninhadas no Verão é como tentar vender gelados em Manteigas no Inverno e atendendo à actual crise, é tentar fazê-lo no Everest, apesar dos cachorros nascidos na Primavera, porque nascem de acordo com o relógio biológico, se desenvolverem a contento e sem maiores contrariedades, saudáveis, fortes e robustos. O problema está na época do ano, altura em que normalmente as pessoas vão de férias e não desejam novos encargos. Com a actual crise económica, os que têm dinheiro vão de vacaciones e os que não o têm, não o podem gastar, o que sempre tem obrigado ao planeamento das ninhadas. Diante deste cenário, os criadores vêem-se aflitos para arranjar clientes e não raramente enveredam por medidas desesperadas, tão desesperadas como esta que a seguir narraremos. Um cliente telefona pela manhã e pergunta pelo preço dos cachorros à venda, a criadora responde-lhe que eles custam 650€. A meio da tarde, um parente ou amigo desse interessado telefona e faz a mesma pergunta, é-lhe dito que eles custam 400€. Acidentalmente e por procuravam a mesma coisa, o segundo diz ao primeiro que encontrou cachorros mais baratos. Ao verificar o número de contacto e certificando-se de que era o mesmo, o primeiro cliente liga para a criadora e desanca-a, acusando-a de tudo um pouco e de ser desonesta, como se a necessidade fizesse o ladrão. É caso para se dizer: “ninhadas no Verão, não obrigado!” e de aconselhar à criadora as mais elementares regras do negócio. Até mesmo os ciganos que vendem nas feiras, só baixam os preços junto à hora do seu fecho.O PERDÃO DOS HOMENS E DOS CÃES (“ EU PERDOO, MAS NÃO ESQUEÇO!”)
Há muito quem diga que: “quanto mais conhece os homens, mais gosta dos animais”, mas a nossa experiência tem-nos ensinado outra verdade: “quanto mais conhecemos os cães, melhor compreendemos os homens!” Como o contributo canino para a compreensão humana é imenso, remeter-nos-emos somente à temática do perdão. Quando um cão é agredido, dificilmente esquecerá a agressão, por mais veementes que sejam as desculpas e valorosas que sejam as compensações – ele não esquece! Estranhamente, há por aí tanta gente que diz: “eu perdoo, mas não esqueço!”, o que nos remete para a mesma condição animal. Será que há um cão dentro de cada um de nós e um homem em cada cão? Não será a prática do perdão uma das qualidades que nos diferencia dos restantes animais? Dá que pensar! E depois, somente os cães mais fracos acusam o castigo e vivem debaixo dos seus horrores, os mais fortes tendem à desobediência e depressa se esquecem dele, o que é o cabo dos trabalhos. Não será a incapacidade de perdoar uma das maiores fraquezas dos homens? Todos gostaríamos de alcançar a regeneração celular, de atingir a imortalidade, mas seria bom vivê-la debaixo de um permanente espírito de vingança? Antes a morte do que tal sorte!QUANDO VACINAR CONTRA A LEISHMANIOSE?
Finalmente chegou a tão aguardada vacina contra a leishmaniose! Diante na novidade e a pensar na salvaguarda dos nossos cães, aconselhamos os nossos alunos a não vacinarem os seus cães por enquanto, para que todos possamos aquilatar da sua eficácia e da existência ou não de efeitos secundários. Entretanto, há que lançar mão das coleiras e pipetas anteriormente indicadas, porque todo o cuidado é pouco e o Verão está aí (em Portugal, diga-se). quarta-feira, 15 de junho de 2011
O CALCANHAR DE AQUILES E A INVULNERABILIDADE BINOMIAL
LS TIOS DE LISBOUA TÉNEN PERROS I NUN SE LES BÉNEM LAS CANHONAS
PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS
A grosso modo poderíamos dividir os criadores e adestradores entre eruditos e oficinais, na aversão de muitos em ligar a erudição ao empirismo e vice-versa. À revelia de uns quantos eruditos, andam por aí alguns oficinais a cruzar pastores alemães com malinois, na procura das vantagens presentes em cada uma das raças, ardil que agora acontece um pouco por toda a parte. Temos seguido com atenção o produto desta “restemenga” e nada nos convenceu da sua excelência, até porque a selecção das duas raças obedeceu a pressupostos diferentes. Os tão aguardados mestiços acabam por retornar ao atavismo comum às duas matrizes, desprezando a selecção alemã, fortemente empenhada na procura da excelência do impulso ao conhecimento. A versatilidade do Deutscher Schäferhunde sucumbe perante a carga instintiva e é substituída por um forte impulso à luta, aumentando a dificuldade de controlo dos animais, podendo obrigar no seu adestramento a meios ou métodos mais coercivos. Muitos dos exemplares já produzidos apresentam um medo latente a uma desconfiança até então nunca vista. A maioria dos pastores alemães usados nesses cruzamentos é proveniente das linhas estéticas ou de exemplares laborais pequenos e de pouca envergadura, o que tem gerado exemplares com um CAP abaixo de 2 nos machos (exemplares com 60 cm de altura e com menos de 30 kg), o que torna sofrível a sua apresentação e poder dissuasor. A sua ossatura é mais frágil quando comparada com a do pastor alemão e o crânio é mais alongado, assiste-se à perca das angulações traseiras e à diminuição do comprimento da cauda. Alguns exemplares são naturalmente selados e o seu manto apresenta-se rarefeito. Subsistem ainda alguns cachorros preto-afogueados. O seu andamento preferencial transitou da marcha para o galope, o que é uma vantagem, porque melhora os índices de prontidão e o cão “come” mais metros por segundo. A sua força de impacto é maior devido ao aumento da velocidade nos ataques lançados, assiste-se ao ataque a vários golpes e a distintas zonas (tendencialmente o mestiço cai sobre tudo o que mexe). Contudo, a sua fragilidade é por demais notória nos contra-ataques, já que o cão pesa menos e pode ser projectado sem grande dificuldade (alguns saiem lesionados dos ataques, normente dos membros anteriores). O mestiço é mais guerrilheiro do que soldado e apresenta alguma dificuldade na identificação dos inimigos, resiste mais às ordens e sempre procura serviço, o que o transforma no cão ideal para vigilantes e justiceiros, para quem gosta de “molhar a sopa” e sempre procura inimigos. Há quem goste de cães assim, nós não!A CRISE ECONÓMICA E OS CÃES
Os cães são um bom barómetro para avaliar a situação económica de um país, porque a canicultura e a cinotecnia avançam ou recuam de acordo com o poder económico da classe média, porque é ela que as sustenta e a ela se deve o seu desenvolvimento, já que não conseguimos alterar as preferências das classes mais abastadas, mesmo que lhes levantemos os fantasmas da insegurança e do aumento da criminalidade (parece que nem o inferno lhes mete medo!). Diante da actual crise económica, agora já ninguém duvida que ela existe e que vai perdurar por mais algum tempo, os consultórios veterinários são menos concorridos, as inscrições escolares diminuem, alguns alunos estão desempregados e a procura de ração barata aumenta. A incidência de ninhadas é menor, o preço dos cachorros baixa e estabelece-se a venda a prestações, factos que muito agradam aos borlistas e que se constituem em excelente ocasião de negócio para alguns mais endinheirados. Os hotéis caninos vêem diminuir a sua afluência, as preferências assentam sobre os cães mais pequenos e tudo somado vai aumentar o abandono e abate do lobo familiar. Será que tínhamos cães a mais ou haveria muita gente sem condições para os ter? Independentemente das respostas, cada escola canina deverá viver de acordo com o particular da sua clientela e usar os seus membros para a sua divulgação e desenvolvimento, desenvolver um conjunto de estratégias que tornem o adestramento mais apelativo e alcançar novas utilidades para os seus cães, porque estamos perante um duro processo selectivo e só os adaptados sobreviverão. Hoje mais do que nunca, todos os sectores ligados à canicultura devem unir-se e disso dependerá a sua sobrevivência (criadores, proprietários, veterinários e adestradores, entre outros), porque o que a uns falta… não sobra aos outros. Esta necessidade, tornada sensível pela agudez económica, já há muito deveria ser contactada e implementada, porque como diz o povo e nisto parece ter razão: “Não há mal que sempre dure e bem que nunca se acabe”. Porem, ainda temos a esperança que os dias maus terão fim e sabemos que só a solidariedade poderá colmatar os dramas individuais. Nisso os portugueses sempre se agigantaram, suportando os momentos de crise e indo adiante. O desafio repete-se e a solução já é de todos conhecida. Porque persistimos nós (Acendura), em fazer da escola uma família? Dar-nos-ão razão agora? GINÁSTICA CINOTÉNICA CORRECTIVA: 10/3 DMEX – A SOLUÇÃO PARA A ESPÁDUA
PELO “QUIETO” TAMBÉM SE ALCANÇA O “AQUI”
Como é sabido, o comando de “quieto” é um automatismo de travamento, mas os seus benefícios não se remetem em exclusivo à imobilização pura e simples ou ao reforço da liderança humana, vão para além disso e acabam também por abraçar o comando de “aqui”. Como o alcance do “quieto” irrepreensível visa a fixação exclusiva na pessoa dono e não permite que o cão olhe noutra direcção, o “aqui” encontra-se facilitado, porque o cão espera a ordem e não nasceu para estar parado, muito menos em figura de esfinge. Do mesmo modo, qualquer “aqui” perde significado perante a insuficiência do “quieto”. Nada disto se constitui numa novidade, já que o adestramento convencional assenta basicamente sobre três comandos: “junto”, “quieto” e “aqui”, comandos esses que irão oferecer a futura condução em liberdade.A OLHAR PELO PASSARINHO
ADESTRAMENTO POPULAR: A MILENAR PEDRA DO PASTOR
COM O MEU CÃO PRETO NUNCA ME COMPROMETO
ROSTOS DA ACENDURA PARA LÁ DO TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO
quarta-feira, 8 de junho de 2011
A TRAVESSIA DO SONHO PARA A REALIDADE: A INFÂNCIA NA COMPANHIA DO CÃO
Vivemos debaixo do mau hábito da separação compulsiva dos distintos grupos etários, política que enfraquece o homem no seu todo e que tende a rebentar com a família, núcleo indispensável para o bem-estar, formação e equilíbrio dos indivíduos que a constituem. E neste flagelo de graves consequências sociais, são os idosos e as crianças quem mais sofre os seus horrores, talvez por necessitarem de maior acompanhamento e os outros andarem demasiado ocupados, raramente com tempo pra si próprios. A maioria dos idosos acabará nos lares que anunciam o inevitável e as crianças verão o calor familiar substituído por escolas ou instituições tornadas apelativas, onde permanecerão a maior parte dos seus dias, como pintos ou leitões em unidades de produção a aguardar transferência. Com alguma sorte, ainda verão os seus pais à noitinha (se ainda viverem juntos), nos fins-de-semana e nas férias, isto se não tiverem actividades extracurriculares e não forem recambiados para um longínquo clube de férias, tido como de aventura diante da sua desventura. As alterações promovidas pelo trabalho na sociedade contemporânea e as substituições que ele provoca, até parecem naturais pela sua aceitação, como se sempre houvéssemos vivido assim ou descoberto agora a melhor forma de vida. À imitação das caixas de correio num prédio de inquilinos, cada idade tem a sua box e a cada uma corresponde um estigma. Marcados por esta influência, também os centros de treino caninos dispensaram o concurso das crianças ao longo dos anos, acabando somente por se lembrar delas quando o fim terapêutico canino se tornava imperativo, o que aponta para uma patacoada social e pedagógica de grande monta. No passado também procedemos assim e afastámos os infantes das nossas actividades, mas depois de verificarmos o carácter impessoal vigente na sociedade e de repararmos na ausência de parâmetros a que ele levou, mudámos a nossa atitude neste últimos vinte anos e passámos de polícias para barqueiros, auxiliando os infantes na travessia do sonho para a realidade, aceitando-os a partir dos seis anos de idade.
Dispensar as crianças do adestramento é um cruel atentado contra a condição humana e é um crime ainda maior para aqueles que se dizem seguidores do método da precocidade, que sabem da importância da experiência variada e rica neste ciclo etário. Aos primeiros agradecemos que se informem e aos segundos perguntaremos: só os cães nos interessam? Nada impede que o adestramento se transforme numa psicoterapia lúdica e contribua para o salutar desenvolvimento da personalidade nos infantes, acompanhando as suas mudanças graduais de comportamento e auxiliando-os na aquisição das bases da sua personalidade. A ideia de um centro de treino exclusivamente para maduros, porque se constitui numa pedra de tropeço prà unidade, mais cedo ou mais tarde, será uma tertúlia destinada à auto-destruição, ainda que de início se mostre bastante concorrida. Não podemos dizer que amamos os nossos alunos se desprezarmos os seus filhos ou não nos prontificarmos para ajudá-los. Tanto podemos ajudá-los em classes integradas e a partir dos cães em treino, como aceitá-los como condutores dos seus inseparáveis amigos, acções que contribuirão para o seu amadurecimento social, emocional e cognitivo, transmitindo-lhes regras e padrões de comportamento básicos de acordo com o seu desenvolvimento psicológico. E como o adestramento é dinâmico e a as transformações físicas acompanham o desenvolvimento intelectual, a prática cinotécnica, para além de os ajudar no discernimento entre as acções certas ou erradas, irá ainda contribuir para a melhoria da sua coordenação motora, aumentar a sua capacidade de resolução e subsidiar outros aspectos importantes ligados ao seu pleno desenvolvimento. Sim, o adestramento pode dar combate aos seus transtornos emocionais, diminuir o índice das neuroses infantis, ajudar no ultrapassar de transtornos emocionais e suprir algumas carências de vária ordem. Isto se pedagogicamente agirmos certo e com a colaboração dos pais, enquanto seus companheiros de jornada e agentes de ensino primordiais. Se o adestramento não for para a família, terá que dividir o seu tempo com ela e mais cedo do que se julga, acabará preterido.
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