quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O desalento da Marta e a nossa solução

Apesar da Maggy estar a ir muito bem, a evoluir a olhos vistos e a adorar o treino, a Marta sente-se desconsolada porque a cadela não olha para ela e dispersa-se pelo ambiente circundante, o que deixa a dona com cara de parva e falar pràs paredes. Estamos em crer que o problema terá pouca duração, que será alterado com o tempo e o treino, se o método a aplicar for o correcto. O comportamento da Maggy resulta de razões genéticas e ambientais, factores ligados ao seu grupo somático, sexo e à sua experiência directa (anterior e posterior à adopção). Quando ela foi resgatada da rua, tremia por tudo e por nada, rastejando ao invés de andar. Bem cedo se percebeu que tinha pavor aos tiros, o que alvitrava uma experiência traumática atendendo também ao facto de ser mestiça de podengo. Depois de adoptada foi castrada e acabou por sair à rua de peitoral, já que assim não se esganava, nos curtos passeios ao redor do seu lar adoptivo. Em casa sempre se comportou como uma rainha e pouco a pouco foi-se adaptando nas saídas ao exterior (desde que nada estalasse). A castração não contribuiu para a sua valentia e a condução de peitoral pouca segurança lhe ofereceu. O facto de ser descendente de podendo também não ajudou, porque este cão primitivo apresenta algumas dificuldades na parceria e prefere muitas vezes caçar longe da presença dos donos, mesmo que haja caça à sua beira, característica atávica que tem levado muitos à sua mestiçagem, geralmente gente sem tempo e engenho.

A recuperação da Maggy passará por manobras de estímulo inerentes à sua condição de caçadora, pelo contributo de brinquedos que recriarão os simulacros próprios do seu interesse e nunca pelo abuso da mecanicidade das acções, pedagogia aceite entre os cães territoriais e que os de caça abominam. Este Sábado fabricámos um pássaro com um ouriço de plátano e meia dúzia de penas de pato, a cadela adorou-o e não descansou até o depenar completamente. Há que encontrar brinquedos próprios para a Maggy, os mais tangíveis ao seu interesse, diferentes dos rudes nós de corda ou dos grotescos churros, já que qualquer um deles deverá pressupor o seu completo domínio e já existem brinquedos destes no mercado. Um cão próprio para o ofício cinegético não corre sem lebre à frente e estabiliza-se pela captura, advindo daí a sua segurança e felicidade. Tanto nas aulas quanto nos exercícios de recapitulação doméstica, que deverão ser breves para evitar a saturação, apesar de necessitarem de ser amiúde repetidos, a Marta deverá munir-se de um brinquedo da eleição da sua companheira, que servirá de estímulo e prémio, pressupondo a recompensa que a cadela não dispensa, tornando-lhe dessa forma o treino mais apetecível. No treino de Domingo, enquanto estalavam foguetes ao longe, a Maggy ficou possessa e a dona sem saber o que fazer, valeu-lhes o Rui Coito que agarrando na cadela, a acariciou e levou para junto dos outros cães, com a paciência e a presença de espírito necessárias. Passado pouco tempo, a Maggy ignorou os estrondos e retomou os trabalhos dentro da maior normalidade. Marta: onde estiver o problema aí importa encontrar a solução, porque quando as coisas correm mal, não nos vem bem algum se perdermos a cabeça! Dentro em breve a Maggy estará completamente recuperada, graças às manobras de estímulo empreendidas, ao exemplo dos outros cães e à serenidade da dona.

Sem comentários:

Enviar um comentário