quarta-feira, 15 de setembro de 2010

E ainda dizem que gostam deles!

Quando pensar em adoptar um cão, não faça como os demais, que pensam que basta garantir-lhe um lar, mimá-lo e dar-lhe comidinha a horas, tal qual como procedemos com um gato, um rato ou um hamster. A felicidade de um cão encontra-se cativa ao seu particular social e sexual, ao desejo excursionista, às interacções que eles possibilitam e à capacitação fornecida pelo seu quadro experimental. Triste é o cão que é tratado como um cavalo, normalmente arrumado na box e eventualmente montado, quando temos tempo ou nos lembramos dele. O cão nasceu para a parceria e o seu ensino acontece em movimento, nasceu para bater território e necessita de ser alertado para os perigos que o cercam. Apesar de ser um caso raro de adaptação, ele precisa de ser preparado para a novidade, porque não gosta de ser surpreendido e incomoda-se com o desconhecido. À parte disto, há que considerar o seu manancial cognitivo, porque nasce com impulso ao conhecimento e é naturalmente curioso, próprio para aprender e ser ensinado. O gato fixa-se na casa e o hamster brinca sozinho, o cão vive para o dono e os brinquedos são para ambos. Há gente que transforma os cães em animais de zoo ou que estende o circo em sua casa, gente que a si mesma se considera sensível e que acaba por atentar contra o bem-estar canino, geralmente amante de si própria, dita intérprete dos desejos dos bichos e que ignora aquilo que lhes é devido. Debaixo das suas “boas intenções”, castram os cães, vetam-lhe o exercício físico, impedem a sua sociabilização, não operam a sua capacitação, obstam o seu desenvolvimento cognitivo e ainda dizem que gostam deles. O hedonismo humano jamais irá ao encontro das necessidades dos cães, por mais terapêutico que seja o seu uso. O cão não é só serotonina, exige suor, porque obriga à permuta e à descoberta. O melhor cão do mundo para gente que não quer ser incomodada, que está sempre limpo e reluzente, que não reclama para sair, não maça as visitas e não causa contratempos, já há muito tempo que se encontra à venda nas olarias (os chineses também o vendem e mais barato).

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