segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Canis Romani

Nesta última Quarta-Feira optámos por certificar a sociabilização da Teka I e rumámos para a Baixa da Capital. As ruas pombalinas estão miseravelmente adornadas de pedintes nacionais e estrangeiros, gente que se encosta às igrejas e se espreguiça sobre as calçadas, deficiente ou não, de ambos os sexos e de todas as idades. O hábito já é antigo e tem resistido aos sucessivos ventos de mudança, tem aumentado e parece ter tendência para crescer, conjuntamente com os arrumadores de carros e com os músicos de rua. E na disputa pela esmola chegaram também os ciganos romenos, plebe que mantém a cultura, usos e costumes do seu milenar sectarismo.

Distantes da Transilvânia e com o urso europeu em extinção, os Romani valem-se agora de cães miniatura para extorquir aos transeuntes algumas moedas, mercê da compaixão alheia e da fragilidade dos bichos. Os cãezinhos dificilmente ultrapassam 1 kg de peso e suportam ¼ de garrafa pela boca, por tempo infindo e debaixo de sobeja contrariedade, fenómeno desnudado pela sua mímica e reforçado pelo seu tremer constante. A manobra é tipicamente chantagista e traz vantagem, porque o carácter indefeso dos cães acaba por emocionar quem passa, já que a miséria sai reforçada e não há coração que aguente. E o cigano esperto, porque sabe que a solidariedade existe, põe ao pescoço idêntico artefacto e reforça a parceria, unindo-se ao cão no malfadado destino. O jovem que surpreendemos, terá entre 16 e 18 anos de idade, cerca de 1.70 m e irradiava saúde. Lamentamos a sorte do cão e questionamo-nos sobre o futuro do rapaz.

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