quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Cuidado com os jovens


Os portugueses estão como as galinhas em final de postura, o índice de natalidade continua baixar e as crianças são cada vez menos. O reduzido número de crianças projecta igual número de jovens e são poucos os que são vistos. Esta hecatombe social ser-nos-á fatal e já mostra indícios do seu desfecho, pela diminuição da população activa e pelo aumento dos reformados, o défice nacional resulta também disso e o nosso futuro encontra-se comprometido. Alvitram-se razões económicas para o fenómeno e ignoram-se outras responsáveis pelo seu surgimento. Contrariando a primeira razão apontada, são os menos favorecidos que mais filhos têm (adolescentes, mães solteiras, ciganos, africanos, brasileiros e imigrantes de Leste, romenos em particular), porque um filho é uma tremenda responsabilidade, o cabo dos trabalhos, uma opção dispendiosa que pode arrasar qualquer carreira! E para agravar mais a situação, os novos residentes dos cemitérios são na sua maioria jovens, vítimas de acidentes de viação, de vários vícios e outros flagelos (álcool, sida, drogas, hooliganismo e crime). O número de condutores adolescentes e jovens na Acendura é também reduzido, cerca de 15%, contrariando o encontrado nas décadas de 80 e 90, onde atingia os 25% (dados confirmados pelos cadernos de matrícula).

Nesta faixa etária estão: a Elisabete, a Joana, o Jorge, o Manuel, o Rodrigo e a Teresa, sendo que a primeira e a última já atingiram a maioridade. Dedicamos-lhes o maior dos cuidados e apostamos na sua formação, ensinamo-los a rogo dos pais e estamos cientes da nossa responsabilidade. Pena temos que não sejam mais, porque apostamos na vida e temos muito a ensinar, enquanto grupo familiar baseado no discipulado, próprio para alertar os perigos e apto para encontrar soluções, mercê do acompanhamento, observação, experiência e sabedoria do nosso colectivo, sempre pronto a ajudar e vocacionado para a parceria. A nossa contribuição encontra-se sujeita à carga horária de cada um e sempre insistimos na sua frequência. Podemos afirmar (sem sairmos com as mãos queimadas) que repudiámos e continuaremos a repudiar os flagelos que assolam a juventude actual, mantendo a Escola livre e para além deles, como local de sólida formação moral e ocasião para a prática desportiva. Insistimos no conceito de autoridade (infelizmente hoje em desuso), defendemos o princípio da individualidade e operamos a disciplina de grupo, mediante a interacção que tudo torna possível. Somos arautos da esperança e tudo fazemos para que ninguém se perca. Vamos continuar assim.

Nunca nos esquecemos dos jovens nas nossas actividades curriculares, sempre lhe dedicamos um espaço próprio e interessamo-nos pelos seus objectivos e propósitos, não ignoramos as suas expectativas e apostamos na sua realização. Questionamo-los acerca do seu rendimento escolar e chegamos a dar aulas de reposição, desenvolvemos jogos e todo um conjunto de actividades lúdicas do seu agrado. Do Rodrigo Coito são as palavras: “ Adoro estar junto do pessoal da Acendura” (mensagem deixada no site em 25JAN10). E porque estamos em maré de feedback, aqui ficam algumas palavras de uma das nossas jovens: “ Ir para a Acendura, entrar nessa grande família, foi das melhores coisas que me aconteceram nos últimos tempos… Aos poucos sinto-me a crescer, de dia para dia olho o mundo de uma maneira diferente, aceito coisas que antes não seria capaz de aceitar. Por isso, um muitíssimo obrigado a si e a todos os que gostam de mim, os que nunca desistem de me ajudar e apoiar e por quem ganhei um carinho muito especial… Há sentimentos que não se conseguem transmitir no papel, ainda tenho muito para dizer mas espero que com isto percebam a importância da Acendura na minha vida” (mensagem no site de 24DEZ09). Perante isto, só nos resta agradecer aos alunos da Escola, uma família que zela pelos seus e acolhe de braços abertos quem a procura.

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