Dizem os meteorologistas
que finalmente o Inverno vai chegar e as temperaturas vão baixar. Diante deste
possível cenário, deverei ou não sair com o meu cão rua? Sair com o cão à rua,
para além de ser protocolar, é uma das medidas que importa respeitar no Inverno
para se evitar as consequências resultantes da indesejável combinação entre a
inactividade e a obesidade, normalmente responsável por problemas cardíacos,
respiratórios, e articulares, que tendem diminuir tanto a qualidade quanto a
esperança de vida dos cães. Sobre a obesidade em cães e gatos vale a pena consultar
uma pesquisa recente levada a cabo pela Universidade de Liverpool/UK e pelo
Centro WALTHAM de nutrição animal sob o título “Association between life span and body condition in neutered
client-owned dogs”, à disposição de todos em https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/jvim.15367.
Para além do exercício
físico regular, que facilita a adaptação e reforça a imunidade de donos e cães
debaixo de diferentes temperaturas, importa respeitar um conjunto de cuidados a
ter com os animais nesta época mais fria do ano, cuidados antecedentes e
precedentes aos passeios que garantem os seus benefícios. Antes das saídas para
o exterior com o seu cão certifique-se que ele está de perfeita saúde e que
parte bem agasalhado, porque nem todas as raças caninas estão preparadas para o
frio e os cães com problemas cardíacos carecem de ser protegidos, assim como os
toy, os de pelagem fina e única, os que evidenciam problemas articulares, os convalescentes
e os idosos. Diante destes casos especiais, oriundos da morfologia e quadro
clínico destes animais, aconselhamos que saiam sempre à rua com uma capa de
protecção capaz e quando a temperatura for mais convidativa e menos nociva
(mais alta), o que poderá implicar na mudança dos horários diários dos passeios.
Como já nos íamos
esquecendo (a idade tem destas coisas), o exercício físico que recomendamos,
que nunca deverá ser em demasia nem forçado, não se restringe apenas aos
passeios à rua, mas também em manter os cães activos nos ambientes fechados,
nomeadamente em casa, onde deveremos mantê-los ocupados com actividades e jogos
do seu agrado, nem que para isso tenhamos que comprar-lhes um novo brinquedo, ensinar-lhes
novas habilidades ou proceder à optimização doutras recentemente aprendidas, já
que a palavra de ordem é combater a inactividade e os seus malefícios,
inactividade proveniente do frio e que implica também em alterações de
comportamento, que afectam decididamente a disponibilidade dos nossos fiéis
amigos, o que torna este trabalho doméstico fundamental para manter o seu cão
em boas condições físicas e psicológicas.
Por incrível que pareça,
há cães que vão à rua todos os dias e que não param de engordar, mormente no
Inverno, o que também tem a ver com que dissemos no parágrafo anterior. Se um
cão é menos activo na estação mais fria do ano, não deverá comer em excesso ou
ser alvo de um reforço alimentar, que a acontecerem fá-lo-ão engordar e
permanecer ainda mais inactivo. Assim, em paralelo com os passeios e outras
actividades, torna-se primordial manter os cães no peso certo.
É sabido que o tempo frio
e a visibilidade reduzida andam normalmente de mãos dadas, especialmente
perante forte nebulosidade ou queda de neve. Também sabemos que, apesar da lei
o proibir, a maioria dos proprietários caninos trá-los à rua soltos. Se
somarmos estas condições climatéricas à desobediência que leva ao afastamento
dos cães, facilmente compreendemos da necessidade dos animais decorarem o
trajecto de volta a casa e de terem actualizados todos os detalhes relativos ao
seu microchip, uma vez que o seu desnorteamento sucede com maior frequência nestas
circunstâncias. Por outro lado, torna-se imperativo para os cães que saem ao
amanhecer e anoitecer ter nas suas coleiras ou peitorais alguma luz que os
torne mais visíveis nos locais de menor visibilidade, o que facilitará a sua
procura e posterior identificação.
Nas nossas terras altas e
onde neva, convém manter os cãs afastados dos trechos de água congelada (lagos
e rios), porque a camada de gelo ou de neve pode não ser suficiente para
suportar o peso dos cães, correndo os animais o risco de hipotermia e morte (a
possibilidade de avalanches deverá ser também considerada). Assim como os
carros podem tornar-se fatalmente quentes no Verão, também no Inverno as
temperaturas poderão cair rapidamente no seu interior, verdade que nos obrigará
a levar os cães connosco ou invés de os deixarmos lá, independentemente do
tempo previsto para a nossa demora.
Depois
de terminado o passeio, há que secar completamente as patas dos cães,
retirando-lhes em simultâneo das suas membranas interdigitais o gelo, o sal, a terra,
a lama e a areia que eventualmente tenham transportado consigo. Para ajudar na
tarefa, é de todo conveniente aparar os pêlos entre os dedos e almofadas dos
animais de pêlo comprido. Após esta vistoria e limpeza, os cães deverão ser
encaminhados para um local aconchegante e livre de frio. E já agora, porque os
cães não vão à rua sozinhos, agasalhe-se e leve calçado antiderrapante quando
sair com o seu. Respeitando estas cautelas, o frio que aí vem não impedirá a
nossa ida com os cães à rua e dificilmente porá em risco a sua saúde. Bons
passeios!
PS: Deseja-se que todos os
cães cheguem ao Inverno já eficazmente vacinados contra a tosse do canil.
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