quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

CANE TOAD: O SAPO DAS GANZAS

CANE TOAD” é o nome inglês atribuído ao sapo RHINELLA MARINA, outrora chamado de BUFO MARINUS, popularmente conhecido no Brasil como SAPO-BOI ou SAPO-CURURU (1), nativo dos Américas Central e do Sul, que foi introduzido pela primeira vez na Austrália em 1935 para matar os insectos que dizimavam a produção de cana-de-açúcar.
Hoje é considerado uma verdadeira praga em várias partes da Austrália, porque não tem ali predadores naturais, tem um apetite voraz e é extraordinariamente fértil, sucesso reprodutivo advindo da sua cadeia alimentar, da qual constam tanto animais vivos como mortos. Adultos e girinos são igualmente tóxicos, como tóxica é a sua pele, pormenor que os torna letais quando ingeridos por muitos predadores nativos e que afecta também os animais domésticos e de estimação. O maior exemplar já visto media 35 cm do focinho à cloaca e pesava 2,65 kg.
Também os cães australianos estão a ser vítimas desde sapo, quando lambem uma substância alucinogénia(2) que ele segrega, tornando-os viciados nela e sempre ávidos para receber uma nova dose de Sapo-Cururu, psicotrópico que afortunadamente não lhes é letal. Quando “pedrados”, os cães apresentam as pupilas dilatadas, agem de forma estranha e não vêm quando chamados. É possível que os cães já tenham aprendido a obter os efeitos alucinogénios sem se deixarem envenenar, apesar de subsistirem efeitos colaterais.
Contudo, o consumo exagerado e persistente desta substância poderá levar à morte dos cães por ela agarrados. Como o fenómeno não se remete somente a duas ou três terras australianas, mas a todas onde existem sapos venenosos, os cães nestas condições virão a ser sujeitos a uma verdadeira cura de desintoxicação, prevendo-se para breve a constituição de grupos de apoio para ajudar na eliminação da dependência, tarefa que à partida não se prefigura fácil. O Sapo-Boi e os cães não combinam, a menos que queiramos ver os últimos permanentemente ganzados!
(1)Também conhecido em espanhol como SAPO DE CAÑA. (2)BUFOTENINA, químico que na Austrália é classificado como droga de classe 1, a mesma que é atribuída à heroína e cocaína. Os índios sul-americanos usam este veneno na caça e na pesca.

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