Quando as rações chegaram,
já eu cozinhava para cães e continuo a fazê-lo, insistindo ao mesmo tempo na distribuição
diária de comida caseira aos cães que vendi e aos que ainda hoje assisto ou que
me são confiados para ensinar, não sendo por isso de estranhar que a esperança
de vida destes cães, maioritariamente Pastores Alemães, oscile entre os 14 e os
16 anos, conforme temos vindo a dar notícia neste blogue. Apesar deste
procedimento ter ido contra o parecer de quem ao longo dos anos nos assistiu e
de ter sido contracorrente, os resultados falam por si, porque graças à comida
fresca tivemos cães saudáveis e activos por mais tempo, razão pela qual nunca nos
inibimos em dizer que a opção pela ração servia mais aos donos que aos cães,
que na eventualidade de ter tudo, ainda lhe faltava o essencial – ser fresca!
A chegada das rações, que
foi acompanhada por um sem número de contrapartidas e de patrocínios vários, para
além dos lucros astronómicos que deu aos seus fabricantes, trouxe problemas a
muita gente. Lembro-me de um caso em particular, o ocorrido há algumas décadas
numa sociedade de dois veterinários, onde um passou a ser adepto incondicional
da ração e o outro continuou a recomendar a comida cozinhada em casa para os
cães dos seus clientes, acabando a dita sociedade por dissolver-se mais cedo
que o esperado.
A maior parte das rações
industriais para cães à venda no mercado é muito rica, doce em demasia, gorda
demais, salgada, recheada de aditivos químicos e rica em carboidratos com alto
indíce glicémico. Ainda que uma das diferenças entre lobos e cães assente sobre
a absorção exclusiva do amido pelos últimos, há cães que não digerem os
alimentos ricos em amido, razão pela qual não digerem também os grãos de
algumas rações, sendo por isso afligidos por problemas gastrointestinais
sistemáticos, problema que os remete para as dispendiosas rações de tratamento
ou para outras menos ricas e por isso mesmo menos lesivas, como é o caso da “Orlando”
vendida nos supermercados Lidl, que com os seus reduzidos índices de proteína e
gordura, acaba por ser melhor tolerada pelos cães, muito embora possa ser
inadequada para os que necessitam de mais energia.
O reconhecimento destes
problemas tem levado muitos à compra de refeições semifrescas ou congeladas
para os seus cães e outros tantos a cozinharem para eles. Esta última opção, a
dos que cozinham para os seus cães, pese embora ser a mais demorada, apresenta
duas vantagens: a de fornecer comida mais saudável e mais barata do que as
rações “premium”! Adepta desta opção, por ser a mais saudável para os animais,
é a Dr.ª GERALDINE BLANCHARD, veterinária
e fundadora do site de nutrição animal de consultoria nutricional “CUISINE À FOCS”,
de quem tivemos notícia através do “20 minutes”, um jornal diário gratuito,
traduzido do inglês e destinado a passageiros em França, sob o título “POUR LEURS ANIMAUX, ILS PASSENT
DERRIÈRE LES FOURNEAUX”, que adianta uma dieta saudável à
base de peixe ou carne mal cozidos, ácidos gordos essenciais (óleo de colza por
exemplo), vegetais cozidos, suplementos vitamínicos, minerais e finalmente
cereais ou alimentos amiláceos (carboidratos adequados).
Cresce por toda a parte, e
ainda bem, o número dos donos que passaram a cozinhar para os seus cães,
devolvendo-lhes a saúde, o bem-estar e a longevidade a que têm direito.
Contudo, para quem não sabe quais os alimentos recomendados e as suas proporções,
é de todo conveniente procurar os conselhos e explicações do veterinário
assistente do seu cão, caso opte pela transição da ração para a comida
confeccionada em casa, para não dar azo ao disparate. Finalmente a verdade
começa a vir à tona!
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