Há por aí muito dono de
Buldogue Francês que ignora ser esta raça braquicéfala e quais a implicações
desse particular morfológico na saúde e longevidade dos seus cães, ignorância
que pode inclusive levar à morte dos animais quando sujeitos a amplitudes
térmicas ou a maiores esforços. Os cães braquicéfalos são animais que
apresentam o maxilar inferior normal, proporcional ao seu tamanho e o maxilar
superior recuado, apresentando-se o seu focinho curto e quase tão largo como
comprido. Tudo o que aconselharmos doravante para o Buldogue Francês é também
destinado às restantes raças braquicéfalas, a saber: Affenpinscher, Boston
Terrier, Boxer, Buldogue Inglês, Bullmastiff, Cane Corso, Cavalier King Charles
Spaniel, Chihuahua, Chin Japonês, Chow-Chow, Dogue de Bordéus, Griffon de
Bruxelas, Lhasa Apso, Mastim Inglês, Mastim Napolitano, Pequinês, Presa
Canário, Pinscher Miniatura, Pug, São Bernardo, Sharpei, Shih Tzu, Spaniel
Inglês, Spaniel Japonês, Spaniel Tibetano e Yorkshire terrier (entre outras).
Com a chegada do Inverno,
com as das baixas de temperatura, com a neve e com o gelo, os cães
braquicéfalos não deverão ser convidados para exercícios continuados no
exterior, por mais que o desejem ou estejam acostumados, especialmente se regressarem
a casas aquecidas, porque esta combinação poderá provocar-lhes hipertermia não
pirogénica, um aumento da temperatura corporal alheio à febre, que os impede de
a auto-regular e de mantê-la no nível normal, algo ligado ao facto de
movimentarem menos quantidade de ar que os cães normais, gerando esta insuficiência
uma maior obstrução e sobreaquecimento das vias respiratórias. Mesmo que dispensados
do indesejável exercício anaeróbico e do aquecimento irregular que ele provoca,
o sistema respiratório dos cães braquicéfalos é normalmente afectado pela
síndrome respiratória braquicéfala, pela estenose das narinas, pelo alongamento
do palato mole e pela hipoplasia da traqueia, que uma vez somados podem induzir
à frequência de golpes de calor e ser fatais (1).
Um braquicéfalo assim afectado pode atingir 41º graus de temperatura
corporal, apresentar os músculos completamente doridos, ser dominado pelo
stress e demorar vários dias a recuperar, factores ligados à respiração
ofegante, à sede excessiva e à baba. Nestes casos o melhor que há a fazer é
correr de imediato para o veterinário, que agirá de acordo com o estado clínico
de cada cão, podendo nos casos mais graves optar por um banho frio, por
líquidos orais e por medicação que ajude o animal a relaxar, uma vez que o stress
e o aumento da temperatura são provocados e resultado do calor.
Para evitar pôr em risco a saúde destes cães, aconselhamos os seguintes
procedimentos nas saídas ao exterior: dos -30º a -15º - saídas emergenciais de
curta duração, a passo, sem mudanças de marcha e com os animais ataviados de
botas próprias (2) (obrigatórias quando os cães se encontram em estâncias de
Inverno); dos -14º aos -2º - passeios nunca superiores a 15 minutos, a passo e
com botas; de –1º a 5º - passeios de 30 minutos, em marcha e com botas; dos 6º
a 11º - 1 hora de permanência com mudanças de marcha e com o uso de botas
facultativo. E porque insolação e hipotermia contribuem igualmente para o
fenómeno nestes cães, para os arredados do exercício físico diário
aconselhamos: dos 11º aos 21º - saída qualquer tipo de restrição; dos 21º aos
28º - saída de uma hora com a possibilidade de mudança de andamentos naturais e
dos 29º aos 40º - exercício moderado, redução do galope e medição da frequência
respiratória, que obrigará à paragem dos cães quando igual ou superior às 130
pulsações por minuto (os graus aqui indicados dizem respeito à escala de
celsius).
Há que evitar as correrias desenfreadas
destes fiéis amigos nesta altura do ano, até porque não há necessidade disso, a
Primavera avizinha-se e não costuma faltar. Não há nenhum cão perfeito e todos
têm os seus problemas, problemas que poderão ser ultrapassados pelos cuidados
que os donos lhes dispensarem.
(1)Consultar
o seu veterinário assistente para explicações mais detalhadas. (2)Reclama-se a habituação atempada dos cães às
botas, que deverá acontecer antes da sua necessidade.