Mesmo que evoluísse de cara tapada, sabíamos que o
condutor da foto acima nos pertence ou que esteve entre nós, atendendo ao
esforço empregue, ao tipo de alinhamento, ao particular da trela, ao andamento
do animal e ao pormenor da cauda aparada. Sabemos que o homem vai em esforço
pela contracção do pescoço e pelo exagero da passada, e que breve vai ter que
abrandar, atendendo aos centímetros que vai perdendo em relação à projecção da
pata dianteira do cão. Feitas as contas, porque sabemos a altura de ambos, é
fácil medir o comprimento da passada do condutor e sabemos o montante do
período a bater, podemos afirmar que marcham a uma velocidade instantânea de
6.35km/h. Existe uma relação óptima entre a altura do cão e do seu condutor,
visando o aproveitamento da marcha canina, enquanto andamento musculador
preferencial, que assenta numa diferença entre os 120 e os 110cm, para que a
condução se torne cómoda para quem conduz (um cão rectangular com de 60cm de
altura, considerando o aproveitamento da sua marcha, é próprio para um homem de
1.70m). Neste caso o desfasamento é notório, porque o cão mede 68cm e o dono
somente 1.60m, faltando-lhe 18cm para que possa evoluir sem esforço, já que
será obrigado a uma passada constante de 120cm ou a 2 passadas dentro do mesmo
intervalo de tempo.
Quando a diferença de altura entre o condutor e o
cão não alcança os 110cm, diz-se que estamos na presença de um “binómio
impróprio”. Em Portugal, onde as pessoas são por norma mais baixas que os
restantes europeus, também porque as senhoras há muito chegaram ao
adestramento, aceita-se com normal uma diferença de 100cm, para que a velocidade
de manutenção (5km/h), a desenvolver na escola e a executar nos passeios
diários, possa ser mantida por mais tempo, o que obrigará estes condutores ao
alargamento ou ao aumento da velocidade da passada, considerando a melhoria dos
ritmos vitais inerentes ao desenvolvimento dos índices atléticos caninos. Bem
sabemos que tanto a cadência quanto a velocidade de marcha que empreendemos, se
encontram ou pouco acima das mínimas exigidas pelo Exército Português (112
passos por minuto, 1.31m/s, 4.716km/h), porque nos importa marchar lado a lado
com os cães e dispensá-los da tracção, sempre que tal nos for possível. Há
casos em que isso não é viável, devido à disparidade entre a cadência de marcha
empregue e a morfologia de determinadas raças caninas. Na fotografia seguinte
encontramos um exemplo revelador, ao vermos a impropriedade da marcha do
soldado inglês perante o comprimento e altura do Irish Wolfhound, que é
obrigado a deslocar-se a passo e atrasado. Caso o cão marchasse, o soldado
britânico seria obrigado a entrar em “passo de corrida” e a um travamento
periclitante, nada condizente com a solenidade do acto.
Uma vez
explicadas as questões técnicas, importa dar os parabéns ao primeiro condutor
deste artigo, porque apesar do peso das suas primaveras e do esforço a que se
sujeita, insiste em se manter em forma, a valer ao cão e a servir de exemplo.
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