sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

UMA QUESTÃO DE CENTÍMETROS

Mesmo que evoluísse de cara tapada, sabíamos que o condutor da foto acima nos pertence ou que esteve entre nós, atendendo ao esforço empregue, ao tipo de alinhamento, ao particular da trela, ao andamento do animal e ao pormenor da cauda aparada. Sabemos que o homem vai em esforço pela contracção do pescoço e pelo exagero da passada, e que breve vai ter que abrandar, atendendo aos centímetros que vai perdendo em relação à projecção da pata dianteira do cão. Feitas as contas, porque sabemos a altura de ambos, é fácil medir o comprimento da passada do condutor e sabemos o montante do período a bater, podemos afirmar que marcham a uma velocidade instantânea de 6.35km/h. Existe uma relação óptima entre a altura do cão e do seu condutor, visando o aproveitamento da marcha canina, enquanto andamento musculador preferencial, que assenta numa diferença entre os 120 e os 110cm, para que a condução se torne cómoda para quem conduz (um cão rectangular com de 60cm de altura, considerando o aproveitamento da sua marcha, é próprio para um homem de 1.70m). Neste caso o desfasamento é notório, porque o cão mede 68cm e o dono somente 1.60m, faltando-lhe 18cm para que possa evoluir sem esforço, já que será obrigado a uma passada constante de 120cm ou a 2 passadas dentro do mesmo intervalo de tempo.
Quando a diferença de altura entre o condutor e o cão não alcança os 110cm, diz-se que estamos na presença de um “binómio impróprio”. Em Portugal, onde as pessoas são por norma mais baixas que os restantes europeus, também porque as senhoras há muito chegaram ao adestramento, aceita-se com normal uma diferença de 100cm, para que a velocidade de manutenção (5km/h), a desenvolver na escola e a executar nos passeios diários, possa ser mantida por mais tempo, o que obrigará estes condutores ao alargamento ou ao aumento da velocidade da passada, considerando a melhoria dos ritmos vitais inerentes ao desenvolvimento dos índices atléticos caninos. Bem sabemos que tanto a cadência quanto a velocidade de marcha que empreendemos, se encontram ou pouco acima das mínimas exigidas pelo Exército Português (112 passos por minuto, 1.31m/s, 4.716km/h), porque nos importa marchar lado a lado com os cães e dispensá-los da tracção, sempre que tal nos for possível. Há casos em que isso não é viável, devido à disparidade entre a cadência de marcha empregue e a morfologia de determinadas raças caninas. Na fotografia seguinte encontramos um exemplo revelador, ao vermos a impropriedade da marcha do soldado inglês perante o comprimento e altura do Irish Wolfhound, que é obrigado a deslocar-se a passo e atrasado. Caso o cão marchasse, o soldado britânico seria obrigado a entrar em “passo de corrida” e a um travamento periclitante, nada condizente com a solenidade do acto.
Uma vez explicadas as questões técnicas, importa dar os parabéns ao primeiro condutor deste artigo, porque apesar do peso das suas primaveras e do esforço a que se sujeita, insiste em se manter em forma, a valer ao cão e a servir de exemplo.

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