sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

QUANDO OS ALUNOS PARTEM

Quando os nossos alunos partem, levam-nos parte de nós, momentos que tentaremos reviver com os que chegam. Dos maus, velhacos ou pouco aplicados depressa nos esqueceremos, talvez nos lembremos dos seus cães e venhamos a servir-nos do seu exemplo como advertência. Os bons e os broncos jamais esqueceremos, porque os primeiros justificaram o nosso trabalho e os últimos emprestaram-lhe alguma graça. Alguns permanecerão nossos amigos para além do desaparecimento dos seus companheiros, uns deixarão de dar notícia e outros retornarão com novos cães ou indicar-nos-ão aos seus familiares e conhecidos. Mas o que mais nos custa, é o desaparecimento dos cães, porque os ajudámos a crescer, trabalhámos para a sua capacitação e sentimo-los também nossos. Apesar de não haverem dois cães iguais, muitos dos que já pereceram, ainda nos servem de referência para os que agora chegam, dando-nos ânimo para prosseguir e força para acreditar. Nunca nos esqueceremos dos binómios que entre nós se destacaram, das dificuldades que enfrentaram e das vitórias que alcançaram, porque estivemos presentes em todos esses momentos, advertindo, animando, ensinando, socorrendo e corrigindo homens e cães, até à transcendência da constituição binomial. E nisto não diferimos dos pais, que estando os filhos aptos, só lhes resta vê-los partir.

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