sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

UM OLHO NO BURRO E OUTRO NO CIGANO

Algum idiota ou um braçado deles, andou por aí a vender a ideia que os cães são de todos e para todos, uns anjinhos de quatro patas que vieram a este mundo para serem acariciados, a qualquer hora e em qualquer lugar, quer se encontrem sós ou acompanhados, o que tem vindo a agravar a vida de muitos proprietários caninos e a incomodar um sem número de cães, apesar do grifo ser a imagem mais parecida com um cão de asas e ter sido idealizado com outros propósitos. 
Desrespeitando a lei, cresce o número de proprietários caninos que larga os seus cães por toda a parte, a pretexto de se sociabilizarem e de não serem considerados perigosos, pondo em risco aqueles que trazem os seus cães atrelados, que apanhados de surpresa, acabam jogados no chão, enrolados num magote de cães ou no meio de uma briga. Se por acaso o cão atrelado morde num deles, logo gritam: “ Ponha um açaime nessa besta!” Os cães assim descomandados, colocam também em risco os outros utentes dos espaços livres, roubando-lhes comida, tombando crianças, desequilibrando idosos, pisando ou passando por cima de quem se encontra a descansar, para além de poderem ir para a estrada e causarem acidentes. Quando sair com o seu cão atrelado à rua, tenha cuidado para não ser surpreendido, conte que pode vir um cão desenfreado na sua direcção, imobilize o seu cão e prepare-se para travar o outro, operando esse travamento por antecipação (se ele não responder à advertência, avance deliberadamente para cima dele, acção que o apanhará desprevenido). Nunca corra ou se ponha em fuga para não serem identificados como presas. 
Nem nas esplanadas dos cafés podemos estar sossegados, porque se não vierem os cães à solta, breve surgirá gente que mexerá no nosso cão sem autorização, tanto adultos como crianças, quer o nosso cão esteja a dormir, a comer ou a refrescar-se (conhecemos alguns casos de pessoas que caíram das cadeiras e precisaram de ser suturadas). Nas esplanadas, por precaução, para evitar abusos e males maiores, escolha as mesas mais distantes dos passeios. Se possível, coloque o seu cão entre si e uma parede ou vidraça, para que o animal possa descansar e você lhe sirva de barreira. 
Se pretender correr ao longo da praia com seu cão e não quiser adquirir uma máscara de areia, ser mordido nos calcanhares ou mergulhar em terra firme, escolha horários menos concorridos (antes das 9 e depois das 20 horas), porque doutro modo sempre correrá com outros cães para além do seu. Nunca se esqueça que os percursos na praia devem ser feitos à beira da água, onde a areia está mais compactada, o que irá aliviar de sobremaneira o esforço de ambos. 
O mau hábito de mexer nos cães alheios sem pedir permissão, infelizmente tão típico entre nós e cada vez mais repetido, ao ponto de se tornar instintivo, atinge o cúmulo da irresponsabilidade, quando os pais de crianças de tenra idade, as carregam para cima de cães que desconhecem, geralmente atrelados aos donos e despreparados para esse tipo de abordagem. Perante tamanha tolice, tem-nos valido o juízo dos cães, notoriamente superior ao bom senso encontrado nos pais. Na ânsia de apresentar os seus filhos aos cães, alguns pais nem reparam, que os animais se encontram a comer e que não gostam de repartir, podendo escorraçar quem deles se aproximar, por meios mais ou menos violentos. E como pelos erros dos pais pagam os filhos, ainda há mães que levam bebés com comida na mão para junto dos cães, desafiando-os assim prà captura do alimento, o que a acontecer, pode deixar marcas e activar traumas. 
Quando sair à rua com o seu cão para passear, certifique-se que não há cães soltos por perto e evite descansar junto de áreas muito concorridas, onde de modo imprevisto, os bajuladores atacam. Deve fazê-lo para sua protecção e do cão, para não dar azo a contendas, dissabores ou disparates, capazes de levar ao abate do seu fiel amigo. Como se vai livrar mais depressa dos cães, diga aos impensados que o seu cão se chama “Passa Fome”, é sarnento, inconstante e dado a morder, pois mais vale passar por mal-educado ou alienado, do que perder o cão por uma tolice alheia. Entretanto, não se esqueça: hoje mais do que nunca, a sociabilização canina é uma tarefa obrigatória.

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