Ouve-se que “há uma idade para tudo”, ao que nós
complementamos: haver um cão próprio para cada idade. Do berço à puberdade, o
Retriever do Labrador é o cão mais indicado, muito embora outros se prestem
para o mesmo fim, mais pelas características individuais do que pelo legado da
sua raça. As crianças até à puberdade precisam de um companheiro presente,
condescendente, afectuoso, paciente e dedicado, para ganharem confiança e se
equilibrarem emotivamente. Estas qualidades são inatas na maioria dos
Labradores, que criam laços afectivos muito fortes com os “pirralhos”, ao ponto
de os protegerem e de se tornarem cúmplices das suas brincadeiras, umas vezes a
gosto e outras por indução. Nos ciclos infantis em que o perigo nem sempre é perceptível,
estes cães tendem a evitar males maiores, livrando as crianças de muito aperto
e evitando que saiam molestadas, podendo inclusive resgatá-las dentro de água
ou segurá-las diante de um perigo iminente.
Devido à sua baixa territorialidade e propensão
excursionista, os Labradores dividem o seu espaço, adaptam-se facilmente ao das
crianças e partem alegres rumo às suas brincadeiras. Acresce ainda o facto de
serem muito asseados e de poderem levar os infantes ao arrumo, uma vez que
adoram transportar coisas de um lado para o outro e são persistentes nesse
hábito. Independentemente das atitudes extremadas das crianças, que outros
entenderiam como ameaça ou sinal de presa, estes retrievers mantêm a temperança
e não respondem perante atitudes hostis, geralmente produto dos amuos, das mudanças
de humor e explosões próprias da infância. Como não têm as venetas presentes
noutros bracóides, nem têm por hábito abusar da sua força, a sua submissão irá
permitir que qualquer criança os guie ou segure pela trela sem grande preparo,
prestando-se às mais variadas brincadeiras e mantendo as crianças debaixo de
olho, “entendendo” isso como missão ou militância.
Feliz é o miúdo que cresce com um Labrador ao lado,
porque irá crescer confiante e sem atropelos, forte e sem chiliques, jamais
sofrerá de cinofobia e aprenderá a respeitar os animais. No entanto, logo que
seja possível, devemos ensinar-lhe que os cães não são todos iguais, que assim
como todas as pessoas são diferentes, também existem cães maus e donos ainda
piores!
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