Dia após dia, quando a noite cai, avançam silenciosos e nem se dá por eles, partindo para as suas missões, para que a nossa segurança seja garantida e possamos dormir em paz. Estamos a falar dos cães policiais de patrulha, que ao contrário dos nossos, deitados aos nossos pés, rondam vielas, azinhagas e travessas, onde o crime espreita e aguarda ocasião. Quando desistimos de fazer “zapping”, os olhos se fecham e a televisão fica ligada, dentro das carrinhas policiais, há cães prontos para entrarem em acção. Nos palácios adoptados como residências oficiais, atribuídas a membros do governo ou a altos dignatários da República, os binómios rodam e assistem ao apagar das luzes nos lares à sua volta. A trabalhar no mesmo horário, encontram-se os cães das empresas privadas de segurança, a guardar entrepostos comerciais, parques automóveis, armazéns, fábricas, habitações e pessoas. Nas propriedades de grande extensão, nas quintas e nas moradias, os cães de guarda mantêm-se alerta, zelando pelos donos e pelo seu património, protegendo-os de possíveis invasores e dos “amigos do alheio”. A noite cai na cidade e espalha-se pelos arrabaldes, podemos dormir descansados: os cães estão de olhos abertos!
Bem longe da comodidade do nosso aconchego, algures numas montanhas distantes, rochosas, inóspitas, poeirentas, gélidas e frias, por onde andou Alexandre o Grande e a guerra parece não ter fim, no Afeganistão, os cães das forças aliadas vão sair em patrulha, “side by side” com os homens que melhor os entendem, procurando pela noite adentro indícios, explosivos, inimigos e possíveis atiradores, acções rotineiras que não lhes garantem a salvaguarda e que sempre causam vítimas, contudo necessárias para a diminuição das baixas e para o avanço das tropas. Queremos daqui enviar votos de Bom Natal para um “Acendra” em serviço naquelas paragens, desejando-lhe em simultâneo que volte breve, inteiro e com saúde, para junto da família e dos seus cães.
Quando a noite cai, porque me deito com as galinhas, lembro-me sempre da oração do “Anjo da Guarda”, prece que me ensinaram na meninice. Os seus versos invadem-me a memória: “Anjo da Guarda, minha companhia, guarda a minha alma, de noite e de dia”. Nunca vi nenhuma criatura alada que se parecesse com um anjo, mas tenho visto muitos anjos de quatro patas ao longo da minha vida, quando socorrem soterrados, guiam invisuais, alegram as crianças, acompanham os idosos, valem aos doentes, protegem os soldados, defendem os seus donos e dão a vida pelos seus. E tudo isto a qualquer hora do dia ou da noite! Se tem um cão junto de si, então durma descansado, porque ao seu lado já repousa o seu “anjo da guarda”. E se algum perigo vier quebrar o repouso da noite, bem depressa ele o avisará e colocar-se-á ao seu lado, pronto para o defender. Se é verdade que Deus criou os anjos para o seu serviço, então o homem imitou-O ao criar o cão! Antes de adormecer, digo para mim mesmo, na esperança de ser ouvido por quem me possa valer: “boa sorte companheiros, espero ver-vos amanhã!”
Sem comentários:
Enviar um comentário