Não queremos com este artigo crucificar publicamente as praças retratadas, que pensamos terem dado o seu melhor, porque lhes vimos estampado no rosto o incómodo e o embaraço. Também não temos como objectivo denegrir a GNR e a suas missões, porque nos sobra admiração e falta-nos motivo para o fazer, porque em abono da razão, ela tem elevado o nome de Portugal por toda a parte. E depois, seria incúria condenar todo um efectivo de 25.000 homens pelo desacerto de dois numa cerimónia solene, ademais porque a sua responsabilidade transcende, estamos em crer, a deste par de jovens cinotécnicos militares, porque o desempenho das praças, a menos que sejam constituídas em “pelotões auto-comandados”, acontece debaixo de ordem e sob indicação de quem comanda. Por tudo isto, ainda que a foto não o revele e apenas capte os executantes, não se consegue isentar de responsabilidades quem preparou e escalou aqueles binómios. Até porque não são caso único, a saga tende a repetir-se ao 3º Domingo de cada mês, quando os cães não param quietos, levantam-se quando deviam estar deitados, abandonam a posição de “senta”, não param de ladrar e tratam como intrusos o turno de sentinelas e os comandantes das guardas. No meio da algazarra, após ser tocado o Hino Nacional, alguém disse que seria de entregar aos cães um arranjo musical próprio, para melhor acompanharem o Hino! Chalaças à parte, a situação é constrangedora, porque a solenidade do acto cai caricata pela calçada.
Os Esquadrões de Cavalaria a cavalo têm honrado os seus pergaminhos e feito jus à sua tradição, agora com melhores montadas e com uma Charanga renovada, tornando-se um prazer para a vista e para o ouvido, levando-nos à exaltação patriótica, já que a música está cá para despertar emoções. A Banda da Guarda não ficou parada no tempo nem nas partituras, tocando afinada o seu vasto repertório, sendo o Corpo que mais cativa o público assistente, seguido pela presença dos cavalos. No entanto, como lidar com artistas não é fácil, alguns músicos resistem á limpeza e polimento dos seus instrumentos. Os cães é que vão de mal a pior, tanto no que concerne à obediência como no que diz respeito à sua apresentação. Sobre a obediência já falámos e sobre a apresentação dos cães vamos falar agora. Já vimos Filas de S. Miguel, Rottweilers, Pastores Alemães e Malinois, salvo honrosas excepções, maus do ponto de vista morfológico e famélicos de aspecto, alguns com pior apresentação que os encontrados nos canis destinados à adopção, vítimas do abandono e oriundos de dietas ocasionais. Ignoramos o porquê da situação, mas não nos custa adivinhar! Há quarenta anos atrás ninguém tinha cães como os da Guarda, hoje é difícil encontrar quem os tenha pior do que eles. Não somos saudosistas, mas neste caso, supomos que com alguma justiça, apetece-nos exclamar: “Ó tempo volta para trás!”
Os Rottweilers aparentam ser mais bracóides do que molossos, considerando a sua envergadura e comportamento. Os Pastores Alemães, para além do manto rarefeito e baço, da precariedade da sua ossatura e aprumos, apresentam-se com pesos abaixo do peso indicado pelo estalão, próximos do peso atlético ou abaixo dele, como se não comessem há muitos dias e tivessem empreendido uma caminhada forçada até ali. Os Filas de S. Miguel e os Malinois, talvez por serem mais rústicos, não acusam o peso das dietas, muito embora, no caso dos Filas, fosse de todo conveniente que se escolhessem exemplares maiores, atendendo à necessidade da presença ostensiva. Há muito que resistimos à abordagem deste assunto, esperançados na mudança e orgulhosos da Guarda que temos, enquanto fiel depositária das nossas ancestrais tradições militares, até porque quem a viveu por dentro, dificilmente a jogará fora, apesar de já termos tocado o assunto, indirectamente, no artigo “PIPES AND DRUMS”, editado no dia 22 de Janeiro deste ano. Assim como estamos certos que há algo a fazer, também acreditamos que será feito, pois tarde é aquilo que nunca chega!
PS: Não virámos a 1ª, a 2ª e a 4ª fotografias por causa do anúncio ao fundo, que a nosso ver, deveria ser tirado antes da cerimónia e recolocado lá depois dela, se fosse caso disso. Quiçá, para o próximo ano, esteja lá um anúncio da “Toys r Us” ou da Coca-Cola, o primeiro a anunciar a venda de soldadinhos de chumbo e a segunda afirmando a sua lusitanidade, já que tem tudo a ver, casando excepcionalmente a “bota com a perdigota”!
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