- Vou partir, mas antes gostaria de saber o porquê da minha miserável existência. Ao longo da minha curta permanência aqui nunca passei as férias contigo, fiquei privado da tua presença e entregue a outros que pouco ou nada me diziam, apesar de passar os anos geralmente sozinho, porquê? A maior parte das vezes em que tentei interagir contigo fui ignorado, cheguei a correr atrás da minha cauda para te chamar à atenção, roubei-te pertences, ladrei sem cessar e não me deste ouvidos, porquê? Nos teus momentos de maior euforia arredaste-me da tua presença e convidaste outros para os dividirem contigo, porquê? Apesar de saberes o quanto me agradava passear, porque passei dias infindos sem sair à rua? Aqueles em que me levaste à árvore mais próxima não contam, de pouco me valeram! Porque razão tantas e tantas vezes me vi privado da minha higiene diária, arredado do exercício físico e isento da excursão? E já agora, porque não tive direito a ser cão? Alegrei-te quando estiveste triste, fui o melhor dos confidentes, aguentei a tua cólera e ainda por cima votaste-me ao silêncio. Que mais te poderia ter dado?quinta-feira, 22 de abril de 2010
Dites-moi porquoi
- Vou partir, mas antes gostaria de saber o porquê da minha miserável existência. Ao longo da minha curta permanência aqui nunca passei as férias contigo, fiquei privado da tua presença e entregue a outros que pouco ou nada me diziam, apesar de passar os anos geralmente sozinho, porquê? A maior parte das vezes em que tentei interagir contigo fui ignorado, cheguei a correr atrás da minha cauda para te chamar à atenção, roubei-te pertences, ladrei sem cessar e não me deste ouvidos, porquê? Nos teus momentos de maior euforia arredaste-me da tua presença e convidaste outros para os dividirem contigo, porquê? Apesar de saberes o quanto me agradava passear, porque passei dias infindos sem sair à rua? Aqueles em que me levaste à árvore mais próxima não contam, de pouco me valeram! Porque razão tantas e tantas vezes me vi privado da minha higiene diária, arredado do exercício físico e isento da excursão? E já agora, porque não tive direito a ser cão? Alegrei-te quando estiveste triste, fui o melhor dos confidentes, aguentei a tua cólera e ainda por cima votaste-me ao silêncio. Que mais te poderia ter dado?
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