Há quem sempre alimente o
seu cão com enlatados e julgue proceder bem por vê-lo feliz. Neste Natal, a
título excepcional e como presente, alguns proprietários caninos abrirão
algumas latinhas para satisfazerem a gula dos seus companheiros, abrindo também
para si outras que usarão na confecção e enriquecimento da consoada como sempre
fizeram: latas de fruta, tomate, feijões, ervilhas, milho, de molhos etc., para
além doutros ingredientes e refrigerantes acomodados em latas ou embalagens de
plástico.
Sem queremos ser desmancha-prazeres
nesta época festiva mas fazendo jus ao nosso propósito de prevenir, vamos aqui
adiantar os resultados de uma pesquisa levada a cabo por investigadores da
Universidade norte-americana de Missouri-Columbia, acerca da administração de
comida enlatada aos cães, onde se concluiu que tal prática tem contribuído para
o aumento significativo dos níveis de “Bisfenol A” (BPA) neles, um preparado químico-industrial
fornecido pela condensação de acetona com dois equivalentes de fenol,
vulgarmente catalisados por uma resina de poliestireno sulfonada, por norma
usada no revestimento interno das latas de comida para animais e humanos para
evitar a corrosão e a decorrente detioração dos alimentos, uma película interna
plástica geralmente de cor branca.
Concluiu-se também que o
recurso à comida enlatada para cães poderá ter implicações para a saúde humana devido
à coabitação entre ambos, que cães sujeitos a essa comida durante duas semanas
viram aumentado para 3 vezes mais o nível de BPA no seu sangue, o que poderá
reduzir ou anular os efeitos da bactéria capaz de metabolizar o BPA e outros produtos
químicos ambientais relacionados, conclusões comprovadas pela avaliação do
microbioma intestinal dos animais testados. Diante desta comprovação científica
agora revelada, comida enlatada para cães só em caso de emergência e à falta de
melhor, porque devemos alimentá-los para que tenham maior esperança de vida e
não contrário.
E se os cães não devem
comer enlatados nem em recipientes de plástico, muito menos os humanos deverão fazê-lo por causa do BPA que
transportam, já que os riscos para a sua saúde são muitos. A título de exemplo
indicaremos os seguintes: alteração do funcionamento da tiróide; efeitos
nocivos sobre o desenvolvimento cerebral e o comportamento de fetos e bebés, podendo
alterar o comportamento ligado ao dimorfismo sexual nos adultos; cancro da
mama; crescimento anómalo da próstata; provocam aborto,
prematuridade, restrição ao crescimento intra-uterino e pré-eclampsia; impactam
a permeabilidade intestinal e induzem à asma (a lista dos seus malefícios é
interminável). E se assim é, sabendo-se que só os mais ricos poderão abastecer-se
sempre de comida fresca, o que comerão os outros?
Na actual “geração do
plástico” podemos encontrar “Bisfenol A” em tudo o que consumimos e usamos, nomeadamente
em biberões, garrafas e garrafões de água, talheres, utensílios de cozinha, comida
enlatada, brinquedos, CD’s e DVD’s, lentes de contacto, material dentário,
tintas, computadores e telhas de policarbonato entre tantas outras coisas. E para cúmulo, ainda há quem aqueça comida no micro-ondas em caixas de plástico. No
que aos cães diz respeito e àqueles que pertencem aos nossos leitores, alunos e
amigos, aconselhamos em substituição do plástico o uso de pratos e cantis de
inox, assim como a recorrência às garrafas de vidro, conselho também extensivo
aos seus proprietários e família, que deverão igualmente afastar-se dos
alimentos enlatados e dos plásticos. Opte por um Natal mais saudável e nunca despreze a sua
saúde e a dos seus, são os nossos votos nesta quadra.
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