segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

“BUT I D’ONT SEE THEM AS DOGS, I SEE THEM AS HUMANS STUCK IN DOGS’ BODIES“

O antropomorfismo relativo aos animais de estimação, que mais serve às patologias outrora latentes dos seus donos, veio para ficar e ganha agora contornos de religião, como se o animismo nunca houvesse sido ultrapassado, o homem não evolui-se e a ciência fosse um mito. A frase que inicia este texto, que poderemos traduzir a grosso modo por “Mas eu não os vejo como cães, vejo-os como seres humanos presos em corpos de cães”, é da autoria duma cidadã britânica, agora com 26 anos de idade, a viver em casa dos pais, filha de um operário da construção civil e de uma ajudante de cozinha, que gastou à volta de 1.250£ (1,1739 €/ 4,0146 Reais) na compra de presentes de Natal para os seus cães, respectivamente um Labrador e um Bichon Frise, como fez saber ao tablóide britânico “Mirror”.
Não se sabe quando deixaremos de perscrutar o nosso umbigo e ousaremos olhar para o mundo à nossa volta. Certo é que a dita “miss” esmerou-se a comprar presentes para os cães, num total de 100 segundo uma lista previamente elaborada, onde constavam brinquedos, roupas, meias personalizadas, cobertores, almofadas, trelas e coleiras, para além de calendários do advento com as respectivas guloseimas. E como se isso não bastasse, confessou ainda que, caso se lhe sobrassem mais 100£, as gastaria de boa vontade em mais brinquedos para os seus cães. Não será tamanha insanidade movida pela vaidade e maldade? Se olharmos para o mundo que nos rodeia e atentarmos para o número das crianças que morrem à fome, não parecem restar dúvidas! O antropomorfismo canino agora em voga outra coisa não é que uma ideologia religiosa-fratricida.
Será que gostar de cães implica em rejeitar os homens? Que é lícito, razoável e justo estender a mãos aos cães e virar as costas aos homens? Nós dizemos que não, mas todos os dias temos notícia de mais gente que procede assim. Gostar de cães é tratá-los convenientemente de acordo com a sua espécie e necessidades, apostar e tudo fazer pelo seu bem-estar e salvaguarda, e educá-los é estender os seus benefícios às pessoas que nos rodeiam. Homens e cães desembarcaram neste mundo para servir, não nasceram para se substituírem uns aos outros. Quem promove indevidamente um cão a pessoa, a dura submissão se condena e gradualmente virá a tratar os seus semelhantes “abaixo de cão”, porque despreza o grupo a que pertence e envereda por outro dominado pela fantasia, não raramente erigido pelas suas próprias incapacidades que só lhe trazem desilusão. Há que acordar e valer aos cães sem desprezar os homens!

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