A vida dos cães na
Venezuela não está fácil, como não está a dos gatos e dos pombos, com os
venezuelanos a passar fome e sem ter o que dar de comer aos seus filhos. Estes
animais, de um momento para o outro e por causa da crise político-económica ali
instalada, são muito disputados nas maiores cidades do país onde a comida
escasseia e a sobrevivência é palavra de ordem e imperativa. Com mais
facilidade se resolverá o problema que afecta os cães que os problemas sociais
que assolam este país latino-americano, outrora próspero e hoje esfomeado,
carente de quase tudo e sujeito a toda a sorte de “madurezas”, dominado por um
modelo político há muito falido, petróleo-dependente, comprovadamente incapaz
de valer às mais elementares aspirações populares e obstruente às reformas
estruturais que as actuais sociedades exigem. Perfila-se naquelas paragens um “Impeachment
à brasileira”, um golpe de misericórdia (é uma questão de tempo), já que a
acção solidária de uma ONG internacional resolverá o problema dos pets e o “chavismo”
está moribundo, isolado e não tem quem lhe valha. Quando cairá Maduro do topo da
árvore do poder? Só os venezuelanos nos poderão dizer!
E como há que optar entre
alimentar as pessoas ou os cães (muitas delas vão para a cama de estômago
vazio), também porque a ração canina custa agora o equivalente a um dia de
trabalho para quem ganha o salário mínimo, os cães são doados, abandonados nas
clínicas, canis de abrigo e nas ruas. A falta de comida para os animais, que já
vitima também os cavalos e os grandes mamíferos do Zoológico de Caracas, tem
obrigado à desesperada tentativa de se alcançarem substitutos alimentares,
medida de difícil implementação e que se tem revelado insuficiente, morrendo
muitos cães à fome. Os que são jogados à sua sorte e abandonados na rua (nunca
se viram tantos cães de raça nessas condições: Pastores Alemães, Rottweilers e
outros) ou morrem à fome ou acabam no prato. Nem mesmo o maior abrigo para
cães, apelidado de “Nevado” em honra do cão de Simon Bolívar, que é estatal e
obra de Maduro, escapou ao colapso diante de tamanho influxo.
Com o descarrilamento de
Nicolás Maduro, outrora condutor do metro de Caracas e hoje presidente de um
país esfomeado, que resiste a um pedido de ajuda internacional para o seu
esfaimado (hambriento) povo, nada impede que indivíduos ou organizações
estrangeiras adoptem aqueles cães, antes que os outros os carreguem e engordem
para fins culinários, na incansável procura de iguarias da sua preferência.
Como sempre, ao longo da história
e por todas as latitudes, os animais são os primeiros a sofrer nas sociedades em colapso, as primeiras vítimas da fome quando ela se instala. Assim aconteceu e acontece
agora na Venezuela. Dios permita que los vientos cambien y que
los hombres los aprovechen, que el hambre cese y los perros puedan vivir en paz
al lado de sus dueños en Venezuela.
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