Hoje é o primeiro dia do Outono,
altura do ano em que a Tosse do Canil ataca os cães que não se encontram
vacinados ou que não o foram convenientemente. A chegada desta Estação sempre
me recorda os cães mais velhos, aqueles que atravessam o Outono das suas vidas
e que apesar das dificuldades ainda permanecem entre nós. Simultaneamente
lembro-me dos cães que foram resgatados dos vários canis de acolhimento com
diferentes idades e cujos donos pretendem agora ensiná-los, o que de imediato
levanta duas questões: se valerá a pena ensiná-los e se sim, o que ensinar-lhes.
A reconhecida longevidade presente nos rafeiros costuma dotá-los de melhor
qualidade e esperança de vida, apesar dos eventuais maus-tratos e ausência de cuidados
de que houvessem sido vítimas, o que possibilita o seu treino em idades mais
avançadas pela maior saúde físico-psicológica que os reveste de maior disponibilidade.
Apesar dos cães poderem
ser ensinados em qualquer idade até aos 10 anos, não convém fazê-lo depois dos
8 anos de idade, particularmente os portadores de pedigree, porque a sua
disponibilidade física, anímica e cognitiva é menor, demoram a recuperar, resistem
à mudança, desinteressam-se da novidade, já carregam alguns achaques e o treino
só lhes irá causar desconforto pela alteração de hábitos, porquanto chegaram à
idade da reforma e não querem ser maçados e muito menos despromovidos
socialmente. Excepcionalmente e por absoluta necessidade poderão vir a ser
ensinados, aprimorados na obediência e convidados para tarefas ao seu alcance e
do seu agrado, trabalhos que sendo-lhes naturais não irão obrigá-los a grande
esforço mas que obrigarão os seus mestres a ter com eles maiores cuidados.
Depois dos 8 anos de idade todos os cães merecem repousar e viver felizes os
anos que lhes restam, segundo as rotinas que aprenderam e na companhia de quem
os adoptou, amparou, acompanhou, ensinou, respeitou e amou. Se no Outono somos
obrigados à procura de roupas mais quentes, os cães no Outono das suas vidas irão
exigir mais carinho, amparo e atenção.
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