Cresce o número de cães
usados para valerem à demência humana na Escócia, animais preparados para valerem
às pessoas afectadas pelo Alzheimer e outras formas de demência nos seus
estágios iniciais, obra conjunta das associações “Alzheimer Scotland”, “Dogs
for Good”, “Guide Dogs UK” e “Glasgow School of Art”. Demência é o termo
utilizado para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças que causam
um declínio progressivo no funcionamento das pessoas. É um termo abrangente que
descreve a perda de memória, capacidade intelectual, raciocínio, competências sociais
e alterações do que se consideram reacções emocionais normais. A Doença de
Alzheimer é a forma mais comum de Demência, constituindo cerca de 50% a 70% de
todos os casos. É uma situação que ocorre com alguma frequência nas pessoas
idosas, independentemente da existência ou não de antecedentes familiares da
doença. A Demência afecta 1 em cada 80 mulheres e 1 em cada 60 dos homens com
idades compreendidas entre os 65 e 69 anos. Acima dos 85 anos de idade, a
Demência afecta aproximadamente 25% dos idosos de ambos os sexos. Na Escócia
existem cerca de 90.000 pessoas afectadas pela demência, com o país a
envelhecer, calcula-se que em duas décadas o seu número duplicará.
Estes cães, que funcionam
como companheiros e ajudantes, prestam um precioso auxílio às famílias ao
valerem aos seus doentes, alertando-os para a necessidade das suas tarefas diárias
essenciais como a tomada dos medicamentos, zelo que liberta grande parte do
stress vivido pelo conjugue saudável e restantes membros do seu agregado familiar.
Para além disso, os cães transmitem confiança e diminuem os níveis de ansiedade
nos pacientes, incentivando-os a sair de casa, melhorando a sua actividade
física e facilitando a sua interacção social. Se entendermos a saúde humana
como decorrente do seu bem-estar físico, emocional e social, podemos dizer que
os “Dementia Dogs” fazem bem à saúde.
O mundo ocidental tem cada
vez mais idosos e Portugal está também a envelhecer drasticamente, sendo a
quarta Nação com mais idosos na Comunidade Europeia. O número de portugueses
com mais de 65 anos já ultrapassa os dois milhões e não pára de aumentar. A “Alzheimer
Portugal” fez saber que existem 153 000 pessoas afectadas pela demência,
das quais 90 000 padecem de Alzheimer. Não precisaremos nós de cães
preparados para lhes valer? Não serão bem-vindos e não terão procura? Não basta
dizer que falta vontade política para a resolução dos nossos problemas, essa
vontade e desejo de mudança deverão acontecer em cada um de nós e no assunto
que agora tratamos, os adestradores terão um papel importante e inovador papel a
desempenhar, já que a sua actividade é caracterizada pela constância de novos
desafios, na adequação e capacitação de cães para a novidade de tarefas.
Brincar com ou aos cães é óptimo mas a vida não está para brincadeiras! O que
realmente importa é estender as suas mais-valias ao maior número de pessoas, particularmente
àquelas que mais necessitam delas para o seu dia-a-dia. É chegada a hora e já
tarda, de abandonar o uso canino para cimentar a nossa tirania sobre as outras
espécies e sobre os outros, de usarmos os cães para o equilíbrio ecológico e
para o bem-estar das populações. Este é o verdadeiro desafio que é colocado aos
adestradores do Séc. XXI!
Sem comentários:
Enviar um comentário