Depois de alguns testes
feitos a cães e a lobos recentemente, tendo como base a escolha de alimentos
com maior ou menor risco na sua aquisição, investigadores austríacos do “Centro
de Ciência do Lobo”, concluíram que os lobos são mais propensos a arriscar-se
por uma presa maior e a perder tudo que os cães seus sucedâneos, que preferem
arriscar-se menos e jogar pelo seguro, diferença que os investigadores
justificam pela domesticação e selecção efectuadas nos cães, que por coabitação
e imitação dos seres humanos acabam por adoptar nesta matéria uma política de “
mais vale ter um pássaro na mão que dois a voar”. Segundo o parecer da Dr.ª Sarah
Marshall-Pescini, do Centro Científico atrás citado, a tendência dos lobos para
o risco “parece ser inata” e poderá ter uma função ecológica, uma vez que
preferem caçar grandes ungulados (veados, alces, bovinos, suínos, etc.), caça
nem sempre bem-sucedida e que lhes pode ser fatal. As conclusões do presente
estudo encontram-se publicadas na revista “Frontiers in Psychology”.
Este experimento e
comprovante científico vem demonstrar duas coisas: que os cães são naturalmente
cautelosos e que serão mais ou menos confiados de acordo com os nossos
procedimentos, o que de imediato nos lança para a disciplina canina de guarda e
para dois dos seus conteúdos de ensino – a recusa de engodos e a natureza dos
seus ataques, considerando a sua salvaguarda, já que são menos instintivos e
mais ricos em personalidade que os lobos na sua origem. Um cão bem alimentado
não anda a roubar, a procurar ou pedinchar comida e muito menos a aceitá-la da
mão de estranhos. O que torna um cão ladrão ou é a fome (carências alimentares)
ou a nossa conivência, o que o leva a pedinchar comida é a nossa anuência e/ou
ausência de disciplina, a sua aceitação de comida da mão de estranhos prende-se
com os antecedentes permitidos.
Naturalmente cautelosos,
os cães não dispensam a cautela nos seus ataques, sendo geneticamente propensos
ao estudo das presas e à procura de vantagens. A cegueira dos seus ataques,
quando não resulta do uso de raças ou de indivíduos psicologicamente
impróprios, provém da cegueira humana induzida que desconsidera a sua
salvaguarda, condicionamento que nas situações reais torna os seus ataques
instintivos e como tal passíveis de lhes causar grande dolo e até a morte,
mercê dum condicionamento artificial que sendo impróprio, os vulnerabiliza
tanto quanto os lobos. É importante não esquecer que os cães aceitam qualquer
investidura por apego aos donos, particularmente quando confiados na
experiência feliz, violência que os leva ao engano e fá-los desconsiderar o
perigo ou perigos, transformando-os em alvos de abate fácil e carne para
canhão.
Regressando ao tema da
comida, convém adiantar medidas ou regras que reforcem a cautela dos cães, que
jamais deverão ter um comportamento confiado diante dos perigos que os cercam e
dos inimigos que os esperam (todos os anos são assassinados cães por
envenenamento), sabendo que eles serão tanto ou mais cautelosos quanto nós o
formos. São doze as regras que adiantamos nesta matéria: 1ª _ Dê ao seu cão uma
ração de acordo com a sua idade e actividade física, capaz de repor-lhe as
energias perdidas e de manter-lhe os índices atléticos; 2ª _ Só o deixe comer
debaixo de ordem; 3ª _ Faça a sua distribuição num comedouro regulado para a
altura do cão; 4ª _ Mantenha religiosamente os horários de distribuição; 5ª _
Evite alterar o lugar do comedouro/bebedouro; 6ª _ Não lhe dê guloseimas fora
do seu prato da comida; 7ª _ Não lhe dê petiscos fora dos horários da refeição;
8ª _ Não consinta que lhe pedinche comida; 9ª _ Não o deixe vasculhar sacos e
caixotes do lixo; 10ª _ Não lhe jogue comida para o chão e repreenda-o quando
espalha o seu penso no solo; 11ª _ Resista a dar-lhe comida na rua e 12ª _ Não
consinta que outros lhe dêem de comer. Depois destas medidas preventivas, irá
ser muito fácil ensinar-lhe a recusa de engodos na célebre e desejável relação
entre tratamento e treino. Apesar dos cães nascerem cautelosos, todas as
cautelas são poucas quando a sua vida corre risco.
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