sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

PRAXES UNIVERSITÁRIAS: A RECRUTA DA PORNOCHACHADA?

Subsistem praxes universitárias irreverentes e divertidas, como convém, que servem o seu propósito: a integração dos caloiros, muito embora o seu número tenda a diminuir face a outras que nunca deveriam de existir, lesivas à dignidade dos praxados, abusivas, de conotação ideológica dúbia, descontroladas, despudoradas, excessivamente agressivas, muitas vezes baseadas na sodomia, que podem deixar marcas para toda a vida e que já culminaram nalgumas incapacidades e mortes (por menor número de baixas, no passado recente, já se encerraram algumas unidades militares). E porque não gostamos de juízos temerários, assistimos a algumas desta índole, convidados à força, porque saltaram para a via pública, boquiabertos e com vontade de largar os cães para cima dos praxistas, geralmente alunos pouco aplicados (cite-se o exemplo do “dux veteranorum da Universidade de Coimbra, há duas décadas acoitado por ali), dados à beberrice, sedentos de gozo, ávidos de poder, torpes de discurso e mal intencionados, que de copo na mão, não medem a gravidade dos seus actos e o dolo que causam, expondo publicamente as suas vítimas ao ridículo e muitas vezes até, pormenores da sua intimidade, como se fossem e na verdade são-no, “guest stars” de qualquer pornochachada, numa produção à custa dos amesquinhados, com uma banda sonora repleta de “alhos e bugalhos” e que pode culminar com o dedo na “coisa” ou no “dito cujo” de cada um, mesmo que não pertençam a nenhuma faculdade de medicina ou venham a ter qualquer cadeira de anatomia.
Estas práticas criminosas de obediência cega, estuporadas e mais violadoras dos direitos individuais do que as usadas pela ditadura que ultrapassámos, sem margem para dúvida, buscam a carneirada e a sonegação do espírito crítico dos praxados, a transformação da sua identidade para uma maralha de objectivos pouco claros, sujeita a obrigações e sanções próprias, segundo a arbitragem de quem praxa e servindo não se sabe quem e o quê, fundamentando assim hierarquias e dependências que ultrapassarão em muito o término das praxes, capazes de condenar alguns indivíduos ao desrespeito por si próprios, ao trauma, ao servilismo, à alienação e ao niilismo, porque os alguns praxistas, descontrolados e desconhecedores dos seus limites, acabam por desconsiderar e violar a integridade dos seus forçados sequazes.
Melhor sorte teriam os praxados, e que bem faria aos praxistas, porque uns seriam tratados como homens e não como fedelhos, e os outros não como “sobas” mas como iguais, se as más praxes académicas cedessem lugar à recruta militar, onde uns ganhariam coragem e os outros disciplina, aprendendo todos a defender-se, formando um corpo com objectivos definidos, ciente das suas responsabilidades, determinado, coeso e ao serviço de todos nós, segundo a incumbência de cada um, em prol de Portugal e na defesa da sua soberania. O recrutamento militar, a nosso ver, deveria ser endereçado aos “Dux’s” sem aproveitamento, como medida correccional para a sua falta de empenho e propensão esclavagista, o que já sucedeu no passado, aquando da guerra colonial e do serviço militar obrigatório, quando aos repetentes não restava outra sorte. Talvez estejamos a ser radicais, mas não deveria haver limites para a estultícia? Não seria bom sanear os maus alunos das faculdades e substituí-los por outros mais aplicados e de maior empenho? Julgo que todos sairíamos a ganhar! 
Mas como isso tão depressa não acontecerá e duvidamos que venha a acontecer, pelo menos nos anos mais próximos, importa denunciar os abusos e responsabilizar os culpados, dar combate à prepotência e à estupidez, visando o bem-estar colectivo e o da juventude universitária em particular, gente que nos governará amanhã.  Na Acendura Brava também fizemos uso de uma praxe que se repetiu ao longo de décadas, que consistia em convidar o aluno recém-chegado para a “manga”, fazendo frente a um cão, em ataque lançado a 30m, prática alcunhada de “baptismo”. Sem que o novato de apercebesse, era escolhido um cão obediente e seguro, de acordo com a robustez do “figurante”, muito embora lhe vendêssemos a ideia de que tratava de uma fera e de um comedor de homens. Porque os acidentes acontecem e o medo atiça os cães, por precaução, o adestrador permanecia ao lado do indigitado (por vezes o próprio dono do cão), para o travar em caso de necessidade. Nunca ninguém se aleijou, apesar de alguns se desequilibrarem pela força dos impactos. O uso desta praxe, enquanto cerimónia iniciática, fez com que todos os alunos, homens e mulheres, ao longo dos anos e sem excepção, acabassem por colaborar na capacitação dos cães de guarda uns dos outros.

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