Sucessores
dos manjericos à varanda e das sardinhas a assar no fogareiro, os cão citadinos
ocupam hoje varandas e cozinhas por opção dos donos, que vêem nesses locais o
espaço ideal para os colocarem, mais por conveniência do que por vontade dos
animais, porque são fáceis de limpar, pouco podem ser danificados e garantem o
isolamento dos cães quando necessário, sendo em simultâneo mais fácil de
tolerar as suas súplicas, pedidos de excursão e liberdade, desejos de
integração e maior sociabilização, já que “coração que não vê, é coração que
não sente”! Alguns deles só sairão dali no dia que morrerem, urinando e
defecando sobre a careca de quem passa, vezes sem conta com a comida cheia de
moscas, a fermentar ou apinhada de pássaros quando não falta por esquecimento
ou incúria, consoante as Estações do Ano. Os mais sortudos ainda poderão
visitar as árvores mais perto das suas residências, isto se não chover, o
Benfica não der na televisão, os seus donos não saírem, receberem visitas, adormecerem
ou forem acometidos de um achaque súbito. Enquanto não lhes for feita justiça,
estes animais assim continuarão, fartos do isolamento, gemendo para que os
soltem, batendo tachos, guerreando com os pássaros e ladrando a quem passa,
numa peleja vã da qual só a morte os livrará. Estamos no Séc. XXI?
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
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