sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É!

Desconhecendo o constante nos Artigos 7.º e 14.º do Dec-Lei nº 314/2003, grande número de proprietários caninos continua a circular nos espaços públicos com os seus cães à solta, por julgar, erradamente, que só os considerados perigosos é que são obrigados a circular atrelados, o que os sujeita a uma coima que pode ir até aos 3.740€. É evidente que há gente conhecedora da Lei e que prevarica constantemente, julgando-se acima dela e tratando-a como imprópria para os seus cães, a mesma que ignora ou não lê as letrinhas pequeninas constantes nas clausulas do seguro dos seus animais, aquelas que isentam a seguradora de qualquer tipo de indemnização face ao incumprimento das leis. O Dec-Lei atrás citado é idêntico a outros por essa Europa fora, onde as obrigações e sanções pouco diferem.
Mesmo que se encontre totalmente sociabilizado, tenha tido aproveitamento numa escola e seja por demais manso, qualquer cão pertencente a uma raça considerada perigosa à luz da Lei, é obrigado a sair à via pública atrelado e açaimado. A desobediência aos Artigos 13.º e 38.º do Dec-Lei nº. 315/2009, que estabelecem essas obrigações, pode incorrer numa coima de montante igual ao que referimos no parágrafo anterior. É evidente que esses cães acabarão por andar à solta, porque os seus donos não resistem em soltá-los, geralmente antes do dia raiar e pela noite dentro, quando são pouco visíveis, não se vê vivalma e a polícia não se avista. Se por mero acaso sair com o seu cão a essas horas, acautele-se e certifique-se que não se encontra nenhum cão solto.
Na área metropolitana de Lisboa (julgamos que existam idênticas disposições noutras cidades e vilas do País), os donos dos cães são obrigados a apanhar os dejectos dos animais, isto segundo os Artigos 25.º e 52.º do RRSCL, que estabelece uma coima que pode ir até aos 727.50€ para os incumpridores, a bem da saúde pública e em prol da higiene e bem-estar de quem anda pelas ruas e frequenta os espaços públicos. Como os avisos afixados não são muitos e por vezes desaparecem misteriosamente (será?), alertamos agora os nossos leitores para as leis a que se vêem obrigados e que se encontram em vigor há vários anos, para que não venham a ser multados e vejam assim agravada a sua já frágil economia. Leis idênticas encontram-se em vigor por toda a Europa, sendo anteriores e precursoras destas que hoje observamos.
Estas leis têm surtido efeito nos aspectos social, pedagógico e dissuasor, protegendo cidadãos e cães, enquanto regras que garantem a higiene e a protecção de todos, que têm evitado as escaramuças entre cães, promovido a sã convivência e a melhoria dos espaços públicos. Já sabe, quando sair à rua com o seu cão, leve-o atrelado e não se esqueça de levar o saco para a apanha dos seus dejectos. Entretanto, evite os espaços mais densamente arborizados, porque podem encontrar-se minados de dejectos que os donos menos asseados teimam em lá deixar. Deve evitar também os lugares menos acessíveis e mais recônditos, locais onde geralmente são soltos os cães perigosos.

MAIS AZUL PARA UM FUTURO MENOS CINZENTO

Alegra-nos que o número de Pastores Alemães unicolores esteja a aumentar em Portugal, porque nunca se viram tantos negros, cor de fígado (chocolate) e cinzentos (azuis). E ficamos felizes porque esses exemplares irão melhorar significativamente o desempenho dos CPA’s nacionais e arejar o seu reduzido banco genético, pelo alcance de melhores resultados que advém do retorno às origens e à multivariedade da raça, caminho que já percorremos e que nos foi grato. Os cães cinzentos são os que mais aumentaram, o que dará à raça, mercê dessa contribuição azul, um futuro menos cinzento e mais auspicioso. O aumento dos cães azuis deverá estar ligado ao retorno dos negros e à proliferação dos lobeiros, muito embora haja quem se sirva do branco para o efeito, em segredo e à revelia do que reza o estalão, até porque o número de pastores “suíços” também tem vindo a aumentar. Resta agora despistar a displasia e se necessário, usar as linhas modernas para o efeito, tornando-os recessivas nesses factores cromáticos para a eliminação desse atroz sofrimento, que desde o princípio tem flagelado os Pastores Alemães. Os cães azuis, quando descendentes dos negros, são muito interactivos, asseados, disponíveis e silenciosos, os descendentes dos brancos poderão ser igualmente silenciosos, ainda que mais instintivos e distantes, apesar de libertos dos problemas resultantes da excessiva endogamia que tem vitimado a raça.

ROTTWEILER: O AMIGO DECLARADO INIMIGO

Recordando as muitas dezenas de raças que treinámos e ainda treinamos, apesar de sermos fãs rendidos aos Pastores Alemães, mais pela sua versatilidade, até hoje nunca vimos nenhuma raça tão amiga e fiel como o Rottweiler, porque jamais conhecemos algum indivíduo destes falso, velhaco, despegado, desinteressado ou inimigo do seu dono. Ao invés, os melhores binómios que treinámos, em mais de 80% dos casos, foram constituídos por rottweilers, destacando-se dos demais pela sua extraordinária obediência aos donos, predicado congénito que sempre os diferenciou. E as excepções que houveram entre nós, porque as houve (somente 3 casos em 86 cães inscritos, menos de 3.5%), ou resultaram do desleixo dos animais ou da sua entrega a terceiros. Cão meigo, submisso e subordinado como poucos, capaz de nos acompanhar para todo o lado e sem reservas, o Rottweiler transmite-nos paz e dá-nos segurança, porque permanece sempre ao nosso lado e não vacila perante a grandeza ou novidade dos desafios. Este soldado ao nosso dispor, tratado como guerrilheiro por quem o desconhece, encontra-se hoje indexado à lista dos cães perigosos, mais pelo pânico do que pelo dolo que tem causado, também graças à cinofobia que aumenta as audiências.
Oxalá os seus criadores não o estraguem ou façam dele um igual a tantos, carentes de protecção e por isso mesmo sem qualquer préstimo defensivo. Infelizmente só temos seguro contra roubos, não contra ladrões, assassinos e violadores. E quando o socorro tarda, que bom é ter um Rottweiler à mão! Não estamos com isto a justificar uma política de “vigilantes” ou “justiceiros”, porque a incidência dos crimes violentos em Portugal é muito baixa quando comparada com a verificada noutros países e continentes, mas a expressar uma das mais-valias presentes neste excelente cão. Seria também irrisório fazê-lo face aos poucos proventos da maioria dos portugueses que não despertam a cobiça de ninguém e diante dos mais ricos que continuam a ter à sua disposição meios mais eficazes para a defesa das suas pessoas e património. Na última década do século passado, o Rottweiler virou cão da moda e qualquer um tinha um cão destes. Apesar disso, os ataques atribuídos à raça, instintivos ou condicionados, não chegaram à meia dúzia nos últimos 20 anos, o que bem a abona em termos de equilíbrio. Essa excessiva proliferação poderia ter alcançado repercussões desastrosas, porque num ápice chegou a mãos impróprias e a gente sem condições para a liderar, o que lança uma dupla questão: quem precisa dum Rottweiler e quem poderá tê-lo?
Comecemos pela última questão: quem poderá tê-lo? Só quem goze de boa saúde física e psíquica, capaz de garantir a robustez necessária à liderança e de resistir às suas alterações de humor, porque o cão é valente, protector e vai para onde o mandam, pelo que não deve ser entregue a indivíduos em crescimento, imaturos, debilitados, descuidados, abusivos, confiados, incapacitados, sem disponibilidade, alienados, cobardes, desequilibrados, criminosos, de propensão fratricida, vingativos, de má catadura, temperamentais, passionais e depressivos, o que equivale a dizer que o Rottweiler não é um cão para todos, somente para os mais fortes e equilibrados, o que infelizmente não está ao alcance de qualquer um, já que o animal não se furta ao papel de carrasco. Dir-nos-ão (como se não o soubéssemos): “ eu tive um Rottweiler muito meigo, que nunca fez mal a ninguém, que adorava crianças e que nunca rosnou”, ao que reponderemos, sem faltar à verdade: nós também! Mas serão todos os rottweilers assim? Porque continuam a ser procurados? Qual o uso a que mais se prestam? Não terão eles uma mordedura forte, capaz de grande dolo e até de matar? Não foram seleccionados com base nos fortes impulsos à luta e ao poder? Se o Rottweiler não é um cão para todos, a muito poucos deverá ser concedida a sua criação, considerando, entre outras condicionantes, a importância do “imprinting”, a sua carga genética e potência de mordedura.
O mundo canino encontra-se cheio de falsos pressupostos e mentiras, que tomados como verdades podem lesar muitos e ser fatais para alguns. Uma dessas patranhas diz que os cães são todos bons e que são os donos que os fazem maus, o que não corresponde à realidade, porque há cães que nascem muito agressivos, resistentes à autoridade, dominantes e de forte instinto predador, que evoluem para a confrontação e que irão necessitar de mão forte, numa palavra: muito-dominantes. Afortunadamente são raros, mas existem raças mais propensas ao fenómeno e já vimos alguns deles entre os rottweilers. Se optar por um Rottweiler, certifique-se se tem a disponibilidade, a robustez, o equilíbrio a persistência e a tenacidade para o encargo. Na dúvida opte por outra raça ou peça conselho. Sempre será melhor, se persistir nessa escolha, optar por um cachorro oriundo das linhas de exposição, porque nelas a ocorrência de cães rijos é bem menor. De qualquer modo, ter um Rottweiler e não o adestrar convenientemente é insanidade!
Quem precisará dum Rottweiler? Somente quem não possa dispensar o concurso dum cão de guarda, o que em Portugal se remete a um número restrito de pessoas, nomeadamente às mais abastadas e sujeitas à cobiça, àquelas que vivem isoladas e onde o socorro policial tarda, às mais vulneráveis ao crime e ao abuso, também àquelas que, por um motivo ou outro, não se conseguem livrar das visitas inoportunas dos “amigos do alheio”. O Rottweiler continua a ser muito requisitado pelas polícias e também por algumas forças militares ou paramilitares, onde a natureza dos serviços exige um cão com as suas características.
Naturalmente impoluto e incorruptível, o Rottweiler é um amigo incondicional do seu dono e do seu agregado familiar, guardando afincadamente o seu espaço e património. De fácil sociabilização entre iguais e relativamente tolerante com os restantes animais domésticos, ele não se distrai com alvos menores, não se furta ao serviço e não carece de maiores recompensas, porque é naturalmente grato a quem o adoptou. Fácil de constituir binómios entre gente de todas as raças, o “cão romano” encontra-se distribuído por todas as latitudes, mantendo incólumes as qualidades que sempre o exaltaram entre os demais.
O que transformou este excelente amigo no pior dos inimigos foi o facto de ter ido parar a mãos erradas, a gente que não precisava dele e o desrespeitou, que malbaratou o seu serviço e se aproveitou das suas características, mercê de caprichos, demência, sede de vingança e sonhos incontidos de justiça. Desde pequeno que oiço: “é tão ladrão o que vai à vinha como aquele que fica à porta”, contudo o aforismo não tem abrangido os donos dos cães. Treinámos muitos rottweilers e eu tive um meu, já morreu há dezanove anos, ainda me lembro do que foi, do seu nome de registo e do seu número do LOP, do muito que me deu e do vazio que me deixou. Como nunca temos amigos demais, quando um parte ficamos mais pobres. Obrigado amigo Rottweiler, ver-nos-emos? Revejo-te nos teus iguais e morro de saudades!

OS PALADINOS DAS COZINHAS E VARANDAS

Sucessores dos manjericos à varanda e das sardinhas a assar no fogareiro, os cão citadinos ocupam hoje varandas e cozinhas por opção dos donos, que vêem nesses locais o espaço ideal para os colocarem, mais por conveniência do que por vontade dos animais, porque são fáceis de limpar, pouco podem ser danificados e garantem o isolamento dos cães quando necessário, sendo em simultâneo mais fácil de tolerar as suas súplicas, pedidos de excursão e liberdade, desejos de integração e maior sociabilização, já que “coração que não vê, é coração que não sente”! Alguns deles só sairão dali no dia que morrerem, urinando e defecando sobre a careca de quem passa, vezes sem conta com a comida cheia de moscas, a fermentar ou apinhada de pássaros quando não falta por esquecimento ou incúria, consoante as Estações do Ano. Os mais sortudos ainda poderão visitar as árvores mais perto das suas residências, isto se não chover, o Benfica não der na televisão, os seus donos não saírem, receberem visitas, adormecerem ou forem acometidos de um achaque súbito. Enquanto não lhes for feita justiça, estes animais assim continuarão, fartos do isolamento, gemendo para que os soltem, batendo tachos, guerreando com os pássaros e ladrando a quem passa, numa peleja vã da qual só a morte os livrará. Estamos no Séc. XXI?

APAGADOTES POR FALTA DE AMOR

O termo “apagadote”, aqui subentendido como um indivíduo sem brilho ou grande préstimo, veio-o até nós pela pessoa de um economista, que sem jeiteira nenhuma para os cães, não hesitava em rotular assim os seus colegas de classe, cuja maioria era de qualidade bem superior à sua. Já nos deixou há muitos anos mas o termo ficou, adjectivando condutores caninos com dificuldades em se fazer compreender, por força de uma mensagem imprópria e desinteressante para os cães, isenta de emoções e sentimentos, que ao serem compreendidos, facilitariam a interacção e a pronta resposta dos animais. É curioso reparar que a maioria dos actuais condutores em instrução são melhores a travar do que a incentivar, sentindo-se escangalhados e expostos ao ridículo quando obrigados a animar, como se não gostassem dos animais ou se vissem obrigados a esse frete. Como resultado disso, os seus cães resistem ao “junto” e desinteressam-se dos desafios propostos pelo treino, como se também andassem por ali a “cumprir calendário”. O viver social urbano exerce uma pressão violenta sobre os indivíduos, levando-os à assimilação da máscara quotidiana e ao resguardo progressivo dos seus sentimentos, desequilibrando-os pelo transtorno emocional, o que põe alguns a falar consigo próprios, outros para “o boneco” e muitos incomunicáveis, o que irá dificultar de sobremaneira a comunicação interespécies.
Escravos também desse “modus vivendi”, tornado obrigatório pela sobrevivência e contrário aos seus afectos, os proprietários caninos tornados condutores dos seus cães, sem muitas vezes se aperceberem disso, acabam por lidar com os animais como o fazem com os seus iguais, conseguindo interiorizar sentimentos mas incapazes de os exteriorizar, inibição fatal para quem espera aceitação, procura a recompensa e não dispensa os afectos: os cães. Debaixo deste panorama importa que as aulas sejam descontraídas para que os condutores se sintam à vontade, integrados no núcleo escolar como o fariam em família e consigam libertar-se do fardo quotidiano que obsta ao seu potencial individual e realização pessoal. A opção pelas aulas colectivas, que tão bem servem o estreitamento das relações do indivíduo com o grupo, tendem a “quebrar o gelo”, a devolver-lhe a naturalidade e a aceitar o auxílio mútuo, enriquecendo cada um com a sua parte o colectivo em instrução. Pouco a pouco e também com o auxílio dos cães, os condutores irão conseguir libertar sentimentos e emoções perceptíveis aos animais, advindas do amor que nutrem por eles, o que os levará à aquisição de uma mímica e entoações próprias para a ratificação dos seus propósitos. Como qualquer adestramento sem afectos é abusivo e quase estéril, importa desenvolver os laços afectivos entre homens e cães que garantem a profícua cumplicidade.

CÃES DE PIRATA PARA MENINOS RABINOS

Temos alguma dificuldade em compreender como gente de bem, esclarecida, letrada e sensata escolhe cães problemáticos, o que sucede cada vez mais e a tendência é para aumentar, apesar da Lei lhe exigir maiores cuidados e restrições. Estaremos na presença do desejado “fruto proibido”? A franja etária que mais incorre nesta escolha é a dos indivíduos com idade compreendida entre os 18 e os 25 anos, maioritariamente estudantes, de ambos os sexos, ainda instalados no lar paterno, mimados, não contrariados, idílicos e de músculos pouco experimentados, que passaram das consolas para o computador, persistem no virtual e adoptam um cão anti-social, geralmente do grupo dos alanos, bem musculado, pouco sensível à dor, de mandíbula forte e semblante ameaçador, animal que virá a ser tratado como um pequeno príncipe, isento de regras e dado a amuos, como se não crescesse e não pudesse vir a ser perigoso. Quando advertidos para o perigo de tal opção, juram por todos os santinhos que o bicho é manso como um cordeiro, que nunca teve uma atitude hostil e que disso não passará, muito embora alguns deles, ainda que não o confessem, desejem que o animal vire fera, devido a irreverência da idade e ao desconhecimento imediato das repercussões daí resultantes (responsabilização criminal do dono e abate do cão).
Depois das maturidades sexual e emotiva, o idolatrado principezinho tende a mostrar porque tem a mandíbula forte e porque é bem musculado, começando a medir forças com os cães que se cruzam com ele e a resistir ao reparo dos donos, podendo inclusive ameaçá-los ou descarregar sobre eles, conforme temos visto e apreciado. De peleja em peleja, caso não seja contrariado e inibido, aquele cordeiro bem depressa se transformará num lobo, podendo vir a liquidar outras presas para além de ovelhas, tanto dentro como fora de casa, o que poderá complicar para sempre as vidas dos seus donos, que bem poderiam passar sem esses problemas. Porque estamos fartos de ver desgraças e vítimas inocentes (homens e cães), daqui lançamos o nosso alerta para a situação, no intuito de evitar que outros caiam no mesmo erro.

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos deu o seguinte resultado:
1º_ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
2º_ PRAXES UNIVERSITÁRIAS: A RECRUTA DA PORNOCHACHADA?, editado em 07/01/2014
3º_ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIFERENTES LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
4º_ UM VELHO E DURO INIMIGO: A PROCESSIONÁRIA DOS PINHEIROS, editado em 07/08/2010
5º_ EU QUERIA UM PASTOR ALEMÃO, DE PREFERÊNCIA TODO NEGRO, editado em 05/06/2010

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O Top 10 semanal de leitores por país ficou assim ordenado:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Estados Unidos, 4º França, 5º Alemanha, 6º Reino Unido, 7º China, 8º México, 9º Angola e 10º Ucrânia.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O CÃO QUE NÃO QUER COMER

Se perguntarem a um velho provinciano, de instrução rudimentar, pouco dado a adaptações e avesso à novidade, como vão os seus cães, sem hesitar, responderá: “Estão muito bem! Gordos e reluzentes!”, porque para ele o que importa é encher-lhes o bandulho, porque assim também criou, ao longo dos anos, cabras, ovelhas, vacas, galinhas e outros animais de capoeira, destinados ao abate, para venda ou consumo próprio. O facto das aldeias do interior se encontrarem quase desertas, sendo já algumas verdadeiros povoados fantasmas, não tem impedido que a ignorância milenar grasse nas cidades, enquanto herança cultural e fardo que alguns teimam em carregar. Determinada senhora, proprietária de um Pastor Alemão jovem (ainda em crescimento e gigante, a braços com a panosteíte e a pesar mais de 40kg), estranha a falta de apetite do animal que, quando os passeios ao exterior são curtos, pouco ou nada come. Decidida a “resolver” a situação, não cessa na procura de manjares alternativos para que ele coma mais, apesar do cão se encontrar no peso certo. Será que ela também o quer gordo e reluzente? Do que estará à espera para aumentar os passeios diários do pobre animal? Por vezes, e este é um dos casos, há cães com mais juízo do que os donos! Serão os cães do futuro de capoeira? Quiçá, mas os do presente não o são certamente!

XITA: UMA CADELA DE SONHO

Antes de ser a “Menina do Cão Vermelho”, a Joana Moura foi carregada para o mundo do adestramento pela Xita, uma Pastora Alemã preto-afogueada, Rhein-Möselring, criação do falecido Carlos Veríssimo, uma cadela grande e generosa, que ainda é viva e que tem particularidade de ser uma “costureirinha” (de atacar a vários golpes e de não se fixar em nenhum), o que a tornou famosa por ser praticamente indefensável, porque procurava a carne e esperava o contra-ataque para ripostar (por vezes esquecíamo-nos disso). O início da Xita não foi o mais promissor, porque o pai da menina desconfiava da qualidade da cachorra, o que nos obrigou, para o convencer, ao disparo de dois tiros de 9mm na frente do animal, que teria na altura cerca de dois meses de idade. Dois meses depois constituiu-se o binómio Joana/Xita, com a primeira a alcançar a puberdade e a segunda a estranhar as incertezas da sua líder, o que delongou o ensino de ambas, também dificultado por uma instalação doméstica canina deficitária. Pouco a pouco, porque a cadela era de altíssima qualidade e a dona plena de disponibilidade, o binómio começou a dar frutos e a destacar-se, ainda que não lhe sobrasse outra alternativa, porque apostámos nele e sabíamos quanto valia a prata da casa.
Ao contrário do que se possa imaginar e apesar da sua tenra idade, não poupámos a Joana, porque bem cedo vimos que era briosa e competitiva, valente, decidida e ávida de ir mais além, o que a fez entrar precocemente no mundo dos adultos, apesar de nunca nos ter desapontado, de ter acatado as correcções e ter evoluído como poucos. Por tudo isto estamos-lhe gratos, já que foi um desafio ganho e um privilégio tê-la como aluna, considerando o que fez com a Xita e o que mais tarde alcançou com o Flikke, dentro da Escola e quando chamada a representá-la. Perguntar-nos-ão: o que fez a Xita para ser considerada uma cadela de sonho? A proeza mais extraordinária que lhe vimos foi a capacidade de acerto, porque mesmo recebendo indicações erradas, acabava por acertar na solução dos exercícios, “condão” presente nos Pastores de outrora e hoje pouco visível nos actuais, mais ansiosos e menos concentrados. Talvez o facto de ser recessiva em negro e em vermelho uniforme tenha contribuído para isso, já que apresentava a concentração típica dos negros e a valentia reconhecida aos vermelhos, muito embora o “gás” e o tamanho lhe tenham vindo da sua ascendência lobeira. Seria injusto desconsiderar, diante da sua extraordinária aptidão e entrega, o imprinting operado pela Família Veríssimo, sem dúvida bem conseguido e também ele responsável pelo êxito laboral desta cadela.
Sem grande dificuldade, apesar da atrapalhação inicial da sua condutora (na altura com 10 anos de idade), a Xita abraçou rapidamente a disciplina de obediência, facto impossível de ser dissociado do carinho e do cuidado que lhe foram dispensados. Brilhou na ginástica devido às suas performances atléticas, força e tamanho, quem não a conhecesse, juraria tratar-se de um macho e dos bons! Na endurance venceu todos os obstáculos e ultrapassou todas as combinações. Para se ter uma ideia aproximada da capacidade atlética desta Rhein-Möselring, na sua ficha de inscrição escolar, na avaliação feita aos 15 meses, pode ler-se: pulsações em descanso: 76 (plena recuperação aos 3 minutos), velocidade instantânea: 48km/h, salto vertical: 1.20m, salto em extensão: 3.75m, muros: 2.50m, ponte-quebrada: 2.20m, excelente nas escadas de 5.40m, extremamente resistente e hábil nos obstáculos compostos. Como nota adicional, no final da página lê-se: “cão a mais!”, aludindo à sua qualidade quando comparada com o particular etário da sua condutora. Se outra virtude a Xita não tivesse, bastar-nos-ia o que fez pela Joana, acompanhando-a, esperando por ela e ajudando-a a crescer!
Na disciplina de guarda, para além do pormenor que contámos no primeiro parágrafo, a Xita revelou maior aptidão nas áreas da defesa pessoal, o que a ninguém espanta atendendo ao seu sexo, forte impulso à defesa, grande envergadura, natureza de aviso, cumplicidade e sentido protector, apesar de fazer ataques lançados, de guardar o carro e de perseguir possíveis meliantes. Transitou facilmente da linguagem verbal para a gestual e da condução à trela para a condução em liberdade, o que possibilitou o seu desempenho à distância. Revelou especial aptidão para a tracção e para a pistagem, participou em vários acampamentos e exibições, serviu algumas vezes como cão de terapia e preparou a Joana para melhor valer ao Flikke. Bisneta do Warrior d’Acendura Brava, de quem herdou muito do seu potencial físico e cognitivo, inclusive o hábito de enfiar a cabeça para pedir festas, a Xita deu-nos ainda dois excelentes filhos, para além de muitos outros: o Zorro, propriedade do Sr. António da Cunha e a Amora, propriedade da Sr.ª Isabel Paiva da Silva, ambos valentes, decididos e particularmente agradáveis à vista. Ainda valente e disponível, continua a guardar a casa dos seus donos, conservando o seu carácter protector e alegre. Bem-hajas Xita, porque também com a tua ajuda uma menina se fez mulher! 

PÁ DE VACA: O OSSO AMIGO DO CÃO

O osso mais amigo e apropriado para os cães é o da omoplata da vaca, mais conhecido como pá de vaca, porque é do seu agrado, não lasca, é rico em cartilagem, de fácil digestão, não causa disenteria, ajuda na limpeza dos dentes e desaparece num ápice, sobrando apenas o anel duro da sua extremidade que os animais desprezam e não ingerem, pelo que deverá ser extraído no talho. Tanto pode ser distribuído inteiro como em partes. Como é melhor cozê-lo (15min. na panela de pressão e 35 numa normal), para se evitar o odor característico e o mosquedo, também para que os cães não se venham a desinteressar pela ração e porque nem sempre é fácil encontrá-lo (porque cada vaca só tem dois ossos destes), é desejável que já chegue a casa cortado e que a sua distribuição seja racionada, congelando-se o excedente. Quando cortada em pequenos quadrados, a “pá de vaca” transforma-se numa das mais desejadas recompensas. No intuito de limpar os dentes dos nossos fiéis amigos, marcamos um dia semanal para a sua distribuição e os resultados têm sido os esperados. Cuidado com os ossos de couro, fumados e desidratados à venda no mercado, cuja esmagadora maioria tem curtimentos e conservantes, agentes químicos causadores de diarreias várias, apesar de serem do agrado dos cães. Por causa disso não os usamos nem aconselhamos (alguns deles há muito que excederam o seu prazo de validade, evidenciando uma apresentação descolorida e rançosa).

REFORÇO EM TEMPO DE CRISE

Sempre defendemos a adição do “reforço” à dose diária de ração a ministrar aos cachorros, particularmente para os mais fracos e para aqueles com maior curva de crescimento, no primeiro caso até aos 12 meses e no segundo até aos 18. O “reforço” é um complemento de comida fresca que distribuímos pela manhã. Os ingredientes que normalmente usamos são: 750g de carne de vaca moída, 250g de arroz ou massa, 1 cenoura ralada, 1 cabeça de alho nacional descascada, 2 folhas de espinafres ou alho francês, 1 colher de sopa de farelo de trigo e finalmente 2 colheres de azeite, enriquecendo isto, dia sim, dia não, com 1 ovo cozido. Sabedores do seu custo e diante da actual recessão económica, também visível numa maior procura por rafeiros e por cães de raça pequena, porque uns são pouco exigentes e os outros pouco comem, subsistindo a necessidade do reforço, adiantamos uma receita própria para os tempos de crise, que irá reduzir o seu preço a 25%, graças a carnes mais baratas, ao que eventualmente desperdiçamos e a ingredientes naturais sem custos, contudo de valor nutricional bem próximo do encontrado na receita original.
A carne de vaca para cozer pode ser substituída por miúdos de frango, os mesmos que costumamos utilizar na canja de galinha (moelas, corações, fígados e patas), que nalguns sítios custa 1€ ou menos o kg. Se nos valermos das patas de frango, convém distribui-las sem as unhas, tendo o cuidado de desprezar posteriormente o osso da perna porque lasca. Com o devido cuidado, também as cabeças de frango, que geralmente são gratuitas, podem ser usadas para o mesmo fim. Nalguns locais o coração de boi é também muito barato, mas importa verificar em que condições se encontra. Que isto não espante os mais puritanos, os amigos das latas e dos patés para cães, porque de carnes menos nobres ou de subprodutos delas são esses repastos feitos, pois já assistimos ao carregamento semanal de toda a mixórdia dos matadores, inclusive de porcos, rumo ao estrangeiro, a mando de uma conceituada marca do mercado. O arroz ou a massa podem ser substituídos por arroz trinca e massa de rosca própria para os cães, não havendo nenhuma destas possibilidades, podem ser ainda substituídos por pão duro ou massa à venda num supermercado de capital alemão, onde por norma é substancialmente mais barata. A cenoura poderá ser substituída por cascas de peras ou maças e os vegetais pela urtiga.
A urtiga é uma planta que é rica em serotonina, betacaroteno e nas vitaminas A, B2, B5, C, E, e K, e nos seguintes minerais: cálcio, ferro, magnésio, potássio, silício e zinco, sendo também rica em oligo-elementos, aminoácidos, proteínas, sais e fosfatos, o que a torna num suplemento natural vitamínico e mineral por excelência, já que contribui para o brilho e saúde do manto, combate a anemia e as doenças circulatórias, para além de aliviar as dores articulares e facilitar as excreções nos cães, surtindo o mesmo efeito nas pessoas. Por cada kg de carne e massa devem-se adicionar 3 urtigas de 50cm de altura, partidas à mão como se fossem para salada (elas não picam se sustivermos a respiração). O farelo de trigo é muito barato e rende muito, pelo que não necessita doutro substituto. Para aumentar o teor de gordura do penso, podemos valer-nos de algumas cascas de queijo, de uma porção de atum ou salmão, de mão-de-vaca (mocotó), que é também rica em gelatina, do tutano dos ossos grandes, dos óleos de girassol ou de milho, que são mais baratos que o azeite. O tipo de gordura a utilizar, se vegetal ou animal, deverá considerar o quadro de intolerância alimentar de cada indivíduo. De qualquer modo, o teor de gordura não deverá exceder os 20% do “reforço”.  

SEMI-ESTRANGULADOR “SP”

O novo semi-estrangulador “SP” obedece às mesmas normas de funcionamento dos demais e exerce o mesmo tipo de acção. Tem como novidades não ter partes metálicas, logo ser isolante eléctrico e anti-magnético, silencioso, resistente, lavável, suave e próprio para a água, o que o torna ideal para os cães brancos, para os de pelo comprido, para os mais idosos e para os mais resistentes à condução, porque não tinge o pescoço e não corta o pêlo, já que não larga ferrugem e é almofadado. Dentro de água não altera o seu volume, pouco ensopa, não retesa e seca rapidamente. Como o seu funcionamento é praticamente inaudível, torna-se o acessório mais indicado para as manobras de surpresa, para as rondas e para o serviço nocturno, vantagem que os parcialmente metálicos não ofereciam (também quando importa segurar o cão para não incomodar os vizinhos). Nas noites de maior invernia, com raios e trovões, ele é o mais indicado, porque nenhuma das suas fibras contém componentes metálicos. Produzido a pensar nos cães de guarda e na sua progressão silenciosa, este acessório multifuncional pode ver o seu uso generalizado, muito embora tenha que ser feito à medida. Neste momento encontra-se disponível em quatro cores: azul, verde, vermelho e preto. Breve daremos notícia da trela que lhe faz conjunto, com as mesmas qualidades e para iguais destinatários.

O ARTº 12 DA LEI Nº 46/2013 E OS CÃES DE GUARDA

O Art.º 12 da Lei Nº 46/2013 trata, nos seus dois pontos e três alíneas, das medidas de segurança reforçadas nos alojamentos destinados aos cães perigosos, o que obriga os proprietários de cães de guarda à mesma observância, já que eles, ao passarem pelos potenciadores de mordedura e pelos simulacros, são tanto ou mais perigosos do que os descritos na Lei, sendo por isso capazes de causar maior dolo. No ponto 2, alínea a) do referido art.º, a Lei obriga a vedações com uma altura mínima de 2m, em material resistente, para separar o alojamento desses animais da via ou espaços públicos ou de habitações vizinhas. Na alínea seguinte (b), obriga-se que o espaçamento entre o gradeamento ou entre este e os portões ou muros não seja superior a 5m. E nisto há que fazer justiça ao art.º, porque um muro de 1,80m é para muitos cães um salto natural. E quando proíbe um espaçamento inferior a 5m entre o gradeamento e os muros ou portões, está a impossibilitar as transições de andamento que possibilitariam o embalo canino para a transposição dos muros de 2m. Ao ler o art.º ficámos espantados com a sua precisão, o que nos leva a supor que foi plagiado doutro de origem estrangeira, porque em Portugal são poucos os que se dedicam ou praticam a endurance canina. Relembra-se aqui que a distância entre o muro e 1.80m e o de 2m na Acendura era de 6metros e que distavam 7m entre a vertical de 1.20m e o muro de 2.50m.
Na alínea c) do mesmo Art.º, a Lei obriga à fixação de placas de aviso da presença e perigosidade do animal, afixadas de modo legível e visível no exterior do local de alojamento do animal e da residência do seu detentor, o que não deixa dúvidas a ninguém. Para o objectivo do aviso escrito servirão expressões como: “Cuidado com o cão”, “Atenção - Cães de guarda” ou outras equivalentes. No nosso ver e a conselho de quem nos valeu, as ditas placas deverão conter grafismos compatíveis com a sua finalidade, como por exemplo a cabeça de um cão em atitude agressiva, porque haverá que não entenda o português mas, certamente, compreenderá o sentido de tal figura. Vedações com 2m de altura, gradeamento anterior e não distante a mais de 5m e placas de aviso, tanto no exterior dos canis como no das propriedades defendidas, é isso que a Lei exige aos proprietários dos cães de guarda.

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos deu o seguinte resultado:
1º_ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
2º_ EU QUERIA UM PASTOR ALEMÃO, DE PREFERÊNCIA TODO NEGRO, editado em 05/06/2010
3º_ O CANIL, editado em 29/12/2009
4º_ A CASOTA DO CÃO, editado em 29/12/2009
5º_ AQUILES DO BRASIL, editado em 07/02/2014

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP10 semanal de leitores por país ficou assim ordenado:
1º Portugal, 2º Estados Unidos, 3º Brasil, 4º Itália, 5º Alemanha, 6º Reino Unido, 7º Quénia, 8º Canadá, 9º México e 10º China.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

PRAXES UNIVERSITÁRIAS: A RECRUTA DA PORNOCHACHADA?

Subsistem praxes universitárias irreverentes e divertidas, como convém, que servem o seu propósito: a integração dos caloiros, muito embora o seu número tenda a diminuir face a outras que nunca deveriam de existir, lesivas à dignidade dos praxados, abusivas, de conotação ideológica dúbia, descontroladas, despudoradas, excessivamente agressivas, muitas vezes baseadas na sodomia, que podem deixar marcas para toda a vida e que já culminaram nalgumas incapacidades e mortes (por menor número de baixas, no passado recente, já se encerraram algumas unidades militares). E porque não gostamos de juízos temerários, assistimos a algumas desta índole, convidados à força, porque saltaram para a via pública, boquiabertos e com vontade de largar os cães para cima dos praxistas, geralmente alunos pouco aplicados (cite-se o exemplo do “dux veteranorum da Universidade de Coimbra, há duas décadas acoitado por ali), dados à beberrice, sedentos de gozo, ávidos de poder, torpes de discurso e mal intencionados, que de copo na mão, não medem a gravidade dos seus actos e o dolo que causam, expondo publicamente as suas vítimas ao ridículo e muitas vezes até, pormenores da sua intimidade, como se fossem e na verdade são-no, “guest stars” de qualquer pornochachada, numa produção à custa dos amesquinhados, com uma banda sonora repleta de “alhos e bugalhos” e que pode culminar com o dedo na “coisa” ou no “dito cujo” de cada um, mesmo que não pertençam a nenhuma faculdade de medicina ou venham a ter qualquer cadeira de anatomia.
Estas práticas criminosas de obediência cega, estuporadas e mais violadoras dos direitos individuais do que as usadas pela ditadura que ultrapassámos, sem margem para dúvida, buscam a carneirada e a sonegação do espírito crítico dos praxados, a transformação da sua identidade para uma maralha de objectivos pouco claros, sujeita a obrigações e sanções próprias, segundo a arbitragem de quem praxa e servindo não se sabe quem e o quê, fundamentando assim hierarquias e dependências que ultrapassarão em muito o término das praxes, capazes de condenar alguns indivíduos ao desrespeito por si próprios, ao trauma, ao servilismo, à alienação e ao niilismo, porque os alguns praxistas, descontrolados e desconhecedores dos seus limites, acabam por desconsiderar e violar a integridade dos seus forçados sequazes.
Melhor sorte teriam os praxados, e que bem faria aos praxistas, porque uns seriam tratados como homens e não como fedelhos, e os outros não como “sobas” mas como iguais, se as más praxes académicas cedessem lugar à recruta militar, onde uns ganhariam coragem e os outros disciplina, aprendendo todos a defender-se, formando um corpo com objectivos definidos, ciente das suas responsabilidades, determinado, coeso e ao serviço de todos nós, segundo a incumbência de cada um, em prol de Portugal e na defesa da sua soberania. O recrutamento militar, a nosso ver, deveria ser endereçado aos “Dux’s” sem aproveitamento, como medida correccional para a sua falta de empenho e propensão esclavagista, o que já sucedeu no passado, aquando da guerra colonial e do serviço militar obrigatório, quando aos repetentes não restava outra sorte. Talvez estejamos a ser radicais, mas não deveria haver limites para a estultícia? Não seria bom sanear os maus alunos das faculdades e substituí-los por outros mais aplicados e de maior empenho? Julgo que todos sairíamos a ganhar! 
Mas como isso tão depressa não acontecerá e duvidamos que venha a acontecer, pelo menos nos anos mais próximos, importa denunciar os abusos e responsabilizar os culpados, dar combate à prepotência e à estupidez, visando o bem-estar colectivo e o da juventude universitária em particular, gente que nos governará amanhã.  Na Acendura Brava também fizemos uso de uma praxe que se repetiu ao longo de décadas, que consistia em convidar o aluno recém-chegado para a “manga”, fazendo frente a um cão, em ataque lançado a 30m, prática alcunhada de “baptismo”. Sem que o novato de apercebesse, era escolhido um cão obediente e seguro, de acordo com a robustez do “figurante”, muito embora lhe vendêssemos a ideia de que tratava de uma fera e de um comedor de homens. Porque os acidentes acontecem e o medo atiça os cães, por precaução, o adestrador permanecia ao lado do indigitado (por vezes o próprio dono do cão), para o travar em caso de necessidade. Nunca ninguém se aleijou, apesar de alguns se desequilibrarem pela força dos impactos. O uso desta praxe, enquanto cerimónia iniciática, fez com que todos os alunos, homens e mulheres, ao longo dos anos e sem excepção, acabassem por colaborar na capacitação dos cães de guarda uns dos outros.

AS LUVAS E A TÉCNICA

Como a condução de cães carece de aprendizagem, tem regra, está para além do uso dos instintos, exige serenidade, não dispensa a descontracção, reclama por concentração e tem uma técnica própria, cuja absorção não é automática, alguns condutores magoam-se nas mãos, apresentando cortes o bolhas no exercício do “junto”, mercê da atrapalhação, duma postura contraída, por se deixarem rebocar, não fazerem uso dos comandos e por irem constantemente a esganar os pobres animais, o que compromete os binómios, molesta os donos e atrasa o ensino dos seus cães. Condutores com estas características, passadas poucas lições, apresentar-se-ão na escola de luvas, mesmo em plena época estival, o que não deixará de ser mais um incómodo para eles. Apesar de mais cedo ou mais tarde as largarem, melhor seria que atentassem para as instruções recebidas, o que os livraria do dolo e do ridículo. Quem se aplica pode dizer sem receio: luvas não, obrigado!
PS: Os escoteirinhos da foto, depois de venderem um calendário à dona do cão, porque adoram cães, posaram com ele para a posteridade (sem luvas).

AQUILES DO BRASIL

Recebemos do nosso leitor brasileiro Márcio Tadeu de Almeida Malta uma foto do seu Aquiles, um Pastor Alemão liver que breve fará 1 ano de idade. Desejamos para ambos as maiores felicidades e que o Aquiles viva por muitos anos saudável, activo, alegre e cúmplice. Agradecemos ao Márcio o envio da foto e esperamos ter dele mais notícias. Obrigado.

NÃO QUERO VER MAIS PASTORES ALEMÃES NA MINHA FRENTE!

Sempre que vimos Pastores Alemães na mão de gente sem escrúpulos ou a mando de déspotas e prepotentes, carregando sobre gente inocente e indefesa, sentimo-nos também culpados e momentaneamente soltamos frases como: “não quero ver mais Pastores Alemães na minha frente”, também quando nos lembramos do holocausto, da contribuição canina na defesa do apartheid e no uso dado a estes cães pelos ditadores sul-americanos. Cessada a revolta e não a indignação, pensando friamente, os cães são aquilo que fizermos deles e os Pastores Alemães, para além do seu histórico bélico, têm guiado cegos, cuidado de crianças, protegido lares, resgatado gente, auxiliado deficientes e servido de terapia a muitos. Bem vistas as coisas, o que não queremos é ver fratricidas à nossa frente!

ÚLTIMA TENTATIVA OU UM DOS ÚLTIMOS CARTUCHOS?

Receosa, uma senhora acerca-se de nós, de olhar vago e disperso, desesperada e sem querer incomodar, tarda em falar e questiona: “Ensinam cães?” Diante de resposta afirmativa, completa e sentencia: “Esta vai ser a última tentativa!” Intrigados, perguntámos-lhe que cão tinha e quais os problemas que lhe causava. Tratava-se de uma pastora alemã, com 12 meses de idade, recém-chegada de um internamento escolar, onde permaneceu por três meses, que persistia em rebocá-la desalmadamente na rua, como se não houvesse tido qualquer tipo de ensino. Dissemos-lhe que o problema era de fácil resolução, que 20 minutos depois a cadela adquiria outra postura e que a fosse buscar ao carro, que se encontrava a 250m de nós. Dizendo-se incapaz para o fazer, com medo de se desequilibrar e cair, na possibilidade de encontrar outro cão, acabámos por socorrê-la e um de nós foi buscar o animal. A cadela, uma lobeira red sable, de boa construção e aprumos, apesar de magra e a comer ração do “Continente”, para além de ter as unhas exageradamente compridas, o que denunciava o seu enclausuramento forçado, mostrou-se ansiosa e por demais “pendurada à esquerda”, desencantada pela trela e resistente a qualquer tipo de cumplicidade.
Depois de experimentarmos a cadela e de explicarmos para a sua condutora os procedimentos básicos para operar a correcção do animal, integrámos ambas na classe, apostados na sua evolução e melhor entendimento. Breve tivemos que desistir da ideia, porque a senhora tinha o andamento travado, parava amiúde, cansava-se demasiado e não conseguia fazer uso dos comandos. Não nos restando outra alternativa diante do nosso propósito inicial, a quem o desalento da dona nada serviria, optámos pela troca de condutores, entregando-lhe um cão já feito e a sua cadela a um condutor mais experimentado, para que não desanimasse e não visse na pastora “um bicho de sete cabeças”! Apesar do esforço da classe, já que todos os alunos acabaram por conduzir a cadela, a senhora mostrou pouco empenho, muito queixume, quase nenhuma esperança e acusou o esforço em demasia. Num ápice percebemos que o maior problema residia na dona e não na cadela. Decididos a ajudá-la, querendo integrá-la no nosso meio e compreender os seus problemas, convidámo-la para almoçar connosco, o que se veio a verificar, ficando um de nós com a cadela presa a uma perna, a comer apressadamente e com o bicho debaixo de olho, porque “quieto” não tinha e ladrava às pessoas e aos cães que por ali passavam.
No repasto ficámos a saber que a cadela lhe tinha sido oferecida, que não tem em mão qualquer tipo de registo dela e que o animal coabita com a família dentro de casa e que passa a maior parte do tempo num exíguo quintal anexo à habitação (um T0), para alegria dos vizinhos que simpatizam com ela. Que a sua dona, antes de nos contactar, estabeleceu contacto com outro treinador, que após as conhecer, nunca mais voltou e nem sequer lhe atende os telefonemas. A senhora, divorciada e quase sem proventos, tem ao seu encargo 3 filhos e 3 netos. Nenhum dos seus filhos trabalha e o neto mais velho tem quatro anos. Dois dos filhos, um rapaz de 18 anos e uma menina de 13, ainda estudam. O mancebo estuda teatro a 30km de casa e a menina frequenta uma academia de música a 50km da residência familiar. A filha mais velha, agora com 25 anos, permanece em casa e exige constantemente a presença da mãe a seu lado, apesar de ter saído do lar aos 16 anos e de ter retornado ali com 3 filhos nos braços, sem marido e ávida de socorro. Forçada pelas circunstâncias e a todos querendo valer, a matriarca optou por vender a sua casa e com o dinheiro da venda tem vindo a suprir as necessidades do seu agregado familiar. Antes de ter alugado o actual T0 onde vive, a senhora ainda tentou a sua sorte numa cidade da Beira Litoral e noutra do Oeste, lugares que deixou por inadaptação.
Perante um cenário destes, pergunta-se: porque raio foi ainda arranjar a cadela? Para cúmulo das suas penas? Certamente um acto impensado, talvez forçado por um apelo incontido e pela necessidade de se sentir feliz, porque as alegrias são poucas e quer livrar-se dos 6 ansiolíticos, anti-depressivos e calmantes que toma diariamente para se manter de pé, que custam um pouco mais do que a saca da ração para a pastora alemã, apesar do actual desentendimento com a cadela mais agudizar a sua situação e poder resultar no descarte do animal. Sabemos quão complicadas são as doenças de cariz psicológico, que algumas se agravam e tornam-se crónicas, que ao longo da vida ou se aumentam os proventos ou as dívidas, que a actual crise económica, enquanto modo de selecção, não se compadece dos mais fracos e que muitos não resistirão, que pessoas como esta senhora incorrem sistematicamente nos mesmos erros estratégicos, desistindo de si mesmas e dos seus objectivos, desvalorizando muitas vezes a sua própria vida e a mão que lhes é estendida em ajuda, que já nos bastam os nossos males e que não temos solução para todos os alheios. Diante destes factos não seria mais sensato e mais cómodo fazer como o outro treinador, que nunca mais deu notícia, já que é quase certo que iremos desperdiçar tempo e paciência, que não veremos o nosso trabalho remunerado nem o nosso esforço recompensado?
Entre nós, no dia em que o interior veio para o litoral, deixou a solidariedade no lugar recôndito donde veio, substituindo-a pelo culto individual que grassa nas cidades, empestadas de grandes massas humanas, indiferentes entre si e dominadas pela política de “cada um que se desenrasque”, onde todos são vítimas uns dos outros e ninguém se compadece do mal alheio, mesmo que ele bata na porta à nossa frente ou se cruze connosco na rua. Talvez por loucura ou teimosia, nós não pensamos e não agimos assim, porque entendemos que viemos para servir e não para ser servidos, mesmo que a gratidão deste mundo habite nos quartos traseiros de uma mula e um ou vários coices nos atinjam, fado a que infelizmente já estamos acostumados. Se a dita senhora nos pediu ajuda, não a deixaremos ir de mãos a abanar, tudo fazendo para que melhor se entenda com a sua cadela e possam as duas ser felizes. A recuperação da pastora acontecerá sem grandes delongas, porque é jovem, curiosa, e activa, não apresentando qualquer entrave para o seu processo/progresso pedagógico. Será através da cadela que iremos recuperar a dona, pessoa desnorteada, carente de amor-próprio, deprimida e à beira sabe-se lá de quê, que há muito perdeu a esperança e que deixou de acreditar em si mesma, pois já vimos alguns milagres operados pela terapia canina mediante a serotonina.
Não temos como melhorar o seu orçamento familiar, mas podemos indicar-lhe uma ração mais barata e própria para a idade da cadela, assim como ensinar-lhe a fazer o penso diário do animal por apenas 85 cêntimos (no máximo). Não podemos resolver os seus dramas familiares, mas podemos dividir a nossa experiência com ela, animá-la quando estiver abatida e entrosá-la no nosso meio, para que não se sinta só e consiga ir adiante, fazendo uso da razão para que não seja traída pela emoção, como tantas vezes lhe tem sucedido, já que ensinar cães em tempo de crise é primeiro valer aos donos, porque a tanto nos obriga o respeito pela dignidade humana. Não deixará de ser nossa aluna se não tiver como pagar as mensalidades e mesmo que opte por se livrar da cadela, não deixaremos de ser seus amigos e de nos interessarmos por ela. A cadela ainda terá muitas oportunidades para ser ensinada correctamente, a dona, ao invés, está a queimar os últimos cartuchos e nós queremos que seja bem sucedida. Oxalá consiga retomar a sua vida e conservar a sua amiga de quatro patas, adequando-a para si, porque neste projecto não está só e pode contar connosco.

COMENTÁRIO AO ARTIGO “MASTER: A HISTÓRIA DO PATINHO FEIO”

Acabo de ler os textos que hoje publicou no seu “Blog” acerca do Master, do Baltazar e do Ken, que são, sem dúvida, ainda que por características diferentes, exemplares que pertencem à galeria das glórias da Acendura Brava. E relembro, com saudade, os anos em que frequentei a Escola, enquanto o Master, deitado a meu lado, parece dormir em sossego, no gozo pleno da sua “aposentação”, estado apenas desmentido pela postura das orelhas, que captam, como antenas, os ruídos mais ligeiros. Que extraordinário cão e que extraordinário companheiro! Penso que a característica mais frisante do Master é o equilíbrio das suas qualidades. Soube “estar” de acordo com as circunstâncias e as condições que se lhe apresentaram. E tanto progrediu com entusiasmo e ânimo na execução das tarefas de "endurance" que lhe foram exigidas (algumas bem difíceis), como cumpriu com prontidão e denodo as suas funções de guarda do dono ou dos seus pertences, como, de imediato, se tal lhe fosse ordenado, se deixou conduzir com paciência por uma qualquer criança. Foi sociável com os outros cães, ainda que sabendo preservar o seu “estatuto” de cão nascido na Acendura Brava. Movimentou-se na Escola como em sua casa e teve o privilégio raro de ser estimado e apreciado por todos os demais condutores, também pela sua beleza, só excedida, a meu ver, pela do seu irmão de anterior ninhada, o “Lobinho”.
De carácter nobilíssimo, nunca reagiu com reserva a qualquer admoestação que lhe tenha sido feita. A qualidade que alcançou resultou, decerto, da sua construção genética, mas, também, de outros factores que concorreram na sua formação: as impressões dos primeiros meses, pela mão afável da D. Cristina; a satisfação atenta das suas necessidades alimentares e energéticas; o processo evolutivo de ensino, orientado pelo Sr. João; o papel de elemento neutro, amorosamente desempenhado pela minha mulher e, enfim, de alguma forma, o esforço e o empenhamento que dediquei ao treino, mesmo que reconheça, sem dificuldade, que fui o elo fraco no binómio que constituí com o Master. O Master está ainda comigo, felizmente. Velhote, já sem o aspecto ginasticado e atlético de outros tempos, mas sem excesso de peso, de espírito jovial, com uma boa pelagem e, se tal é possível, ainda mais bonito! Um dia destes havemos de aparecer. E mais uma vez, quando o vir e ouvir o velho tratamento de “Turudinho”, o Master há-de correr para si com a alegria e a veneração de sempre. Um grande abraço, Zé Gabriel.

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º_ ENTERRAR O PASSADO E ACREDITAR NO FUTURO, editado em 31/01/2014
2º_ A CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIFERENTES LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
3º_ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011
4º_ MASTER: A HISTÓRIA DO PATINHO FEIO, editado em 31/01/2014
5º_ O CÃO LOBEIRO: UM SILVESTRE ENTRE NÓS, editado em 29/12/2009

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim escalonado:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Estados Unidos, 4º Alemanha, 5º Reino Unido, 6º China, 7º Angola, 8º Quénia, 9º Canadá e 10º Espanha