sexta-feira, 22 de novembro de 2013

UM CUMPRIMENTO INESPERADO

Um tio meu, já falecido, tinha por hábito falar consigo mesmo, entre dentes, sempre que era obrigado a ficar imóvel, mexendo a boca e sussurrando palavras. Na barbearia comportava-se do mesmo modo, o que muito intrigava o barbeiro. Depois de ouvir aquela lengalenga durante anos, o homem encheu-se de coragem e perguntou-lhe: “O Sr. Dr. desculpe, está a falar para mim?” O meu tio, sentindo-se incomodado, respondeu-lhe: “Não homem, estou a falar para o diabo!” O barbeiro ficou perplexo e depois de se benzer, exclamou: “Com o devido respeito e com toda a consideração, vá o Sr. para o diabo que o carregue!”. Igual resposta merecia uma senhora que se cruzou com uma aluna nossa, a passear o seu cão, que também perplexa, nos enviou um email a contar o sucedido: a história de um cumprimento inesperado. Vamos ao relato: “O nosso percurso continuava e mais à frente, cruzo-me com uma senhora que conhecia apenas de vista, com dois “sharpeis”, que cordialmente cumprimentei, uma vez que apesar de nunca termos falado, era habitual vermo-nos na hora da passeata. Retorquindo um “Boa noite” muito alegre, continuou: ‘’Não foi para si, foi para o seu cão, só falo com animais. Eles são melhores que as pessoas”. Olhei para o meu cão, encolhi os ombros e segui caminho”. Por educação, a nossa aluna não a mandou para parte alguma, mas lá que pensou, pensou!

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