sábado, 2 de novembro de 2013

OS LIMITES DA AUTONOMIA CONDICIONADA

Entende-se por autonomia condicionada a alcançada pelo cão debaixo do controle do dono, produto do treino prévio e da experiência directa, enquanto trabalho acessório que lhe devolve a liberdade para fim útil e que o obriga ao retorno quando necessário, por chamamento, cessação das ordens, precariedade de condições, necessidade de redireccionamento, ausência de novidade, perca de indícios, protecção do cão e socorro da liderança. A autonomia condicionada visa o aproveitamento da excelente máquina sensorial e do particular físico, social e psicológico presente nos cães, nas acções onde a actividade humana, para ser eficaz, necessita de ser assim complementada. Por razões genéticas (impulsos à luta e ao poder) e outras relativas à sua sobrevivência, que os capacita para a excursão, os machos são por norma mais autónomos e audazes, ainda que eventualmente imprecisos e mais sujeitos à distracção, o que sempre obrigará ao controle ou à potenciação dos seus instintos, dependendo essa escolha das características do trabalho a realizar. Todos os exercícios interdisciplinares que obrigam os cães a trabalharem isoladamente, distantes dos donos ou dispensando a sua presença, são exemplos claros de autonomia condicionada, primeiro e último objectivo laboral, já que o do adestramento aponta claramente para a sobrevivência animal.
O alcance da autonomia condicionada, que pode dispensar o uso da trela e resultar dum conjunto estímulos a apelos naturais, pressupõe dois momentos: um na presença do dono e o outro na sua ausência. A passagem de um momento para o outro acontece pela aprovação no primeiro e em cada um deles se evolui gradativamente, consoante a satisfação alcançada nas metas intermédias. Como a autonomia condicionada não pode ser forçada, correndo-se o risco da confusão, da aversão, do desinteresse, do excessivo travamento e da consequente ausência de prontidão, ela não dispensa a maturidade emocional dos cães para a sua compreensão e instalação. È importante relembrar que a essa maturidade acontece em momentos diferentes nas diversas raças caninas, segundo a maior ou menor curva de crescimento patente em cada uma delas. Todos os cães que permanecem nas escolas para além dos 24 meses e que iniciaram o seu ensino na idade da cópia (4 meses), ou em algum momento anterior aos 18, devem ser convidados para a instalação da autonomia condicionada, também aqueles que, sendo já adultos, ali recebem ensino há mais de 90 dias, a menos que tal seja impraticável ou as características dos animais não o permitam. Caso contrário, quando muito, a escola será para eles um ginásio e um local preferencial de recreio, o que é óptimo para a sua manutenção e bem-estar, mas insuficiente para a sua idade, progresso e qualidade prestativa. 
Como por detrás de qualquer autonomia condicionada se esconde algum tipo de obediência (condicionamento), muitas vezes imperceptível para quem observa, será nela que residirá o sucesso para a autonomia pretendida. Se abordarmos somente a obediência, isentando-a da associação com outras disciplinas cinotécnicas, considerando somente os automatismos de travamento e direccionais que lhe são próprios, os limites mínimos da obediência condicionada dependerão do alcance dos comandos, quer a sua emissão seja verbal, gestual ou sonora. Os actuais meios electrónicos, quando assimilados, testados e aprovados, permitem o uso do cão pelo dono de qualquer parte do globo onde este se encontrar, a despeito das léguas que os separam. Os limites máximos da autonomia condicionada são difíceis de calcular, porque irão depender da excelência binomial, do engenho dos donos e do impulso ao conhecimento dos cães, que como é sabido, não é igual em todas as raças e difere de cão para cão. Todavia, aos 24 meses de idade, qualquer cão deverá obedecer à distância, ser capaz de permanecer quieto até 2 horas e de obedecer num raio de 100m, encetando e perfazendo várias evoluções ordenadas, independentemente da geografia do local, das condições climatéricas, da hora do dia ou da noite, do tipo de provocação e da novidade de desafios, mesmo aqueles que apelam aos seus instintos mais básicos e o impelem à desobediência, já que a obediência perde a sua razão de ser nas situações ideais, mas é mais do que necessária nas excepcionais.

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