sábado, 23 de novembro de 2013

ENSINAR PARA USAR QUANDO FOR PRECISO

Nos percursos de evasão, assim como nos currículos de guarda e resgate, subsistem certos comandos emergenciais, de uso circunstancial, que poderão nunca vir a ser utilizados, tanto por desnecessidade como pela gravidade dos riscos, apesar de necessários ao melhor desempenho canino e à sua salvaguarda. Por causa do seu grau de dificuldade, que exige um excelente impulso ao conhecimento, não podem ser ensinados a todos os cães. Um deles é o “partir duma janela de vidro”, obstáculo ancestral do actual “túnel com manga” presente no agility canino, o que dá mais significado ao comando de “fura”. Para evitar a confusão ordinal, sempre usámos o comando de “abaixo” para os túneis e o de “fura” para as janelas direccionais assim caracterizadas. Somente ensinámos o comando a três cães, todos eles machos, 2 molossos e um lupino, os primeiros destinados à guarda e o último ao cinema. Os molossos aprenderam com mais facilidade, porque o volume das suas cabeças nisso os ajudou. Os actuais pastores alemães não deverão ser convidados para este exercício, porque projectam em demasia os seus braços no 1º tempo do salto e demoram a recolhê-los. 
As janelas destinadas para esse fim, descritas como “direccionais”, são primeiro tapadas com papel celofane transparente, de início com uma só folha e depois com várias, para incentivar os cães ao seu rompimento e dotá-los de uma experiência feliz e conseguida. As várias passagens de papel celofane irão ensiná-los a furar as janelas com o crânio e não com as patas dianteiras, que deverão trabalhar a coberto dele, até que a película se desfaça e permita o seu alongamento. Nunca usámos acrílicos por causa da sua resistência, dureza, modo de estilhaçar e tipo de aresta, porque facilmente cortariam os cães. 
Com os cães aprovados no celofane, iremos substituí-lo por placas de gelatina, primeiro transparentes e depois coloridas, usando-se de início as mais finas e posteriormente as mais grossas (0,4mm), primeiro as lisas e depois as marteladas. As placas de gelatina não apresentam qualquer risco para os cães, porque se fragmentam depressa e bem, e as suas arestas não são vivas. Elas só irão ser nocivas para a carteira dos donos, porque são dispendiosas. Para além disso, têm que ser importadas e nem sempre as teremos à disposição, porque são produzidas, quase em exclusivo, para a indústria cinematográfica. O sucesso da operação irá depender do tipo de prisão das placas, que deverá transferir a tensão para o seu centro. Como o exercício é antinatural, ele não dispensará a recapitulação para o seu possível uso. Na escola jamais passaremos dos simulacros oferecidos pelo celofane e pela gelatina. Avançar para o vidro, é uma decisão que só caberá aos donos, quando as circunstâncias assim o exigirem, os cães estiverem preparados para isso e daí não lhes resulte qualquer dano.

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