sábado, 2 de novembro de 2013

QUE CRITÉRIOS DE SELECÇÃO?

Desde o Sec. XIX até à presente data, quase sem darmos por isso, que andamos a purificar as raças caninas, na ânsia de as tornar cada vez mais distantes umas das outras, num processo de “purificação,” que de puro pouco ou nada tem, diante das maleitas visíveis nos cães actuais, oriundas de uma endogamia desmesurada e de uma eugenia nunca vista, como se o belo necessitasse da aberração e os cães fossem de plasticina. Esta aleivosia perpetrada sobre os cães, crime ainda sem castigo, para além de obstar ao bem-estar dos animais, de encurtar os seus dias e de comprometer a sua sobrevivência, como não podia deixar de ser, acabou por diminuir também a sua parceria, mais-valia e utilidade, tornando-os mais frágeis e carentes dos cuidados humanos. Não obstante, há ainda quem resista à mudança e persista no mesmo critério, como se a procura estética justificasse o mal que tem sido feito aos cães. 
Como adeptos da parceria canina, entendemos que a selecção dos cães deverá recair sobre os mais fortes e capazes, sobre aqueles que conseguem contrabalançar os seis impulsos herdados mais importantes (ao alimento, ao movimento, à defesa, à luta, ao poder e ao conhecimento), responsáveis pelo seu equilíbrio biológico e não como até aqui, a potenciar um em detrimento dos outros cinco ou… desconsiderando todos eles. E se algo houver para melhorar, devido ao que hoje se pede aos cães em termos de adaptação, até porque a ausência de préstimo induz ao desprezo, será o aumento da sua capacidade de aprendizagem, tarefa impossível sem o contributo do impulso ao conhecimento, que leva o cão à curiosidade e ao querer compreender, muito embora a tarefa não seja fácil, face ao muito que se desprezou e omitiu (benditos sejam os vulgares rafeiros!) 
Nas raças que ainda conservam no seu estalão as variedades recessivas ou que continuam a aceitar alguma multivariedade, a potenciação do impulso será mais fácil, isto se beneficiarmos a variedade dominante com as restantes. Infelizmente, nas raças que não possuem esse património genético, tal será muito difícil, para não dizer quase impossível, surgindo a hibridação como a melhor das soluções, a não ser que os benefícios da engenharia genética rapidamente cheguem aos cães. Mais do que cães que varram o mundo à dentada, precisamos de companheiros que nos valham, que auxiliem quem precisa e que sejam arautos da paz que em nós tarda.

Sem comentários:

Enviar um comentário