Estava-se
mesmo a ver que a seguir às gaivotas e aos corvos, as águias, por ausência das
suas presas naturais e escassez de alimento, bem depressa aprenderiam a caçar
cães do tipo miniatura, cada vez mais pequenos, de reduzida envergadura e leves
de peso – era apenas uma questão de tempo! Com cães a lembrar coelhos, os cães
miniatura transformam-se numa caçada feliz e num merecido repasto para as aves
de rapina e suas crias. As várias espécies de águias que temos em Portugal, senão
todas, quase todas, encontram-se em vias de extinção ou perigosamente
ameaçadas, o que apesar de nos envergonhar, é uma boa notícia para os donos dos
cães mais pequenos, nomeadamente os do tipo Tea Cup, que assim não terão que
experimentar na pele as garras destas aves de rapina quando em deslocação pelos
campos. Este perigo acentua-se nas latitudes onde as águias são objecto de
protecção, muito embora não seja muito frequente.
Nos arredores da cidade bávara de Cham, localizada no distrito com o mesmo nome, na região administrativa de Oberpfalz, no passado mês de dezembro, quando passeava com um amigo o seu Jack Russell Terrier, uma senhora foi surpreendida por uma águia castanha a voar na sua direcção, que imediatamente agarrou o pequeno cão e queria levá-lo consigo, o que fez com que o caçado ganisse desalmadamente. Decididos a valer ao pequeno cão, a senhora e o seu acompanhante caíram sobre a águia, tentando o homem abrir-lhe as garras sem sucesso. Consciente do perigo que o seu pequeno cão corria, a dona agarrou imediatamente a águia pelo pescoço e quase a sufocou, acção que obrigou a ave a soltar o cão. O Jack Russel Terrier sobreviveu com ferimentos graves e consta-se que aquela águia era um pássaro treinado que deveria encontrar um cervo ferido por um caçador. Sobre o sucedido, um especialista disse que provavelmente a águia confundiu o manto vermelho do cão com uma ferida a sangrar, o que eu sinceramente duvido, apesar de não ser um expert na matéria (tudo ficaria esclarecido se a águia falasse). Nos locais onde águias, abutres e outras aves de rapina são abundantes, por segurança, os pequenos cães deverão ser transportados ao colo dos donos, procedimento também aconselhável nas áreas costeiras, onde não faltam gaivotas cada vez mais atrevidas e esfomeadas, especialistas a romper sacos do lixo nos jardins e a mudar gradualmente a sua cadeia alimentar, transitando inclusive do mar para os aterros sanitários. Os cães pequeninos são muito engraçadinhos, não há dúvida nenhuma, mas à medida que o seu tamanho diminui, o número dos seus inimigos aumenta e ficam sujeitos a mais perigos.
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