Hoje, quando treinava um cão de outrem, à beira de um rio que ainda me soa estranho, fui surpreendido por um ciclista esganarelo, pequeno de cabeça e com a barba por fazer, ex-presidiário e agora a entregar refeições para a Glovo. Não me disse por que razão foi preso, mas adiantou-me que falava ao telefone com o seu cão enquanto esteve na prisão, animal que tinha em grande consideração, maior até do que aquela que nutria pela família, porque o animal sentia a sua falta e os parentes raramente iam visitá-lo. A sua pena pouco mais excedeu o tempo da prisão preventiva e sempre que falava com o cão, o animal parecia reconhecer-lhe a voz e gemer pela sua ausência. Quando foi finalmente solto, o Pitbull, doido de alegria, quase que partia tudo à sua volta ao ver o dono regressar. Durante alguns anos gozaram da companhia e cumplicidade um do outro, até que finalmente o cão morreu, precocemente, fulminado por um ataque cardíaco. O dono tinha por hábito mandá-lo ir buscar pesados paralelepípedos que jogava para dentro da água do mar, brincadeira que por duas vezes deixou o pobre animal às portas da morte. Teria morrido em consequência disso ou da falta de juízo do dono, que de tanto lhe querer bem, acabaria por condená-lo? Esta histórica verídica revela que os cães, tal como os homens, precisam de sorte, de muita sorte na vida!
quarta-feira, 11 de janeiro de 2023
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