terça-feira, 31 de janeiro de 2023

HÁ BÊBADOS NAS DUAS MARGENS DO RENO

 

Na cidade francesa de Estrasburgo, Straßburg em alemão, na margem esquerda do Rio Reno e espelhada pela cidade alemã de Kehl, ontem, segunda feira, dia 30 de janeiro, no bairro de Neuhof, um homem bêbado atirou pela janela de um 5º andar o seu cão, um Buldogue Francês, deixando o animal seriamente ferido e com prognóstico reservado. Fortemente alcoólatra, o homem acabaria por ser levado sob custódia pela polícia, acabando o desafortunado Buldogue por ser entregue aos cuidados de um abrigo local com múltiplas fracturas. Face às muitas lesões internas e fracturas resultantes do acto de crueldade a que seu dono o sujeitou, o animal de 2 anos de idade acabou por ser sacrificado na noite do mesmo dia.

Estrasburgo, que tantas vezes mudou de mãos entre franceses e alemães, surge agora nas notícias pelas piores razões, graças à crueldade de um bêbado e à inocente morte de um Buldogue Francês. Quem já andou pelas margens do Reno, não teve dificuldades em encontrar “borrachos” em cada uma delas e Estrasburgo parece não escapar à regra. E como nestas coisas de nacionalismos são franceses e alemães fartos e inimigos figadais, é possível que o dono do finado animal seja de etnia alemã e que “debaixo dos copos” se tenha desagradado do termo “Francês” presente na raça do pobre cão. Este lamentável episódio levanta uma questão premente: Poder-se-á confiar um cão a um alcoólatra? Eu entendo que não, considerando o bem-estar e a saúde dos animais, porque há ébrios que para além de fome e pancada, ainda viciam os seus cães no álcool, exactamente como procedem alguns toxicodependentes com os seus companheiros de 4 patas. Que responsabilidade podemos exigir a um “agarrado” em álcool ou drogas? Eu não confiaria o meu cão a nenhum deles! É por demais evidente que os cães podem auxiliar na recuperação destes indivíduos, mas não lhe devem ser entregues antes da sua total recuperação, o que infelizmente nem sempre acontece. Defenestrar cães não é um produto exclusivo de Estrasburgo ou de uma região em particular, mas acontece com maior frequência entre ébrios e toxicodependentes.

O NOVO PERIGO QUE PAIRA NO AR

 

Estava-se mesmo a ver que a seguir às gaivotas e aos corvos, as águias, por ausência das suas presas naturais e escassez de alimento, bem depressa aprenderiam a caçar cães do tipo miniatura, cada vez mais pequenos, de reduzida envergadura e leves de peso – era apenas uma questão de tempo! Com cães a lembrar coelhos, os cães miniatura transformam-se numa caçada feliz e num merecido repasto para as aves de rapina e suas crias. As várias espécies de águias que temos em Portugal, senão todas, quase todas, encontram-se em vias de extinção ou perigosamente ameaçadas, o que apesar de nos envergonhar, é uma boa notícia para os donos dos cães mais pequenos, nomeadamente os do tipo Tea Cup, que assim não terão que experimentar na pele as garras destas aves de rapina quando em deslocação pelos campos. Este perigo acentua-se nas latitudes onde as águias são objecto de protecção, muito embora não seja muito frequente.

Nos arredores da cidade bávara de Cham, localizada no distrito com o mesmo nome, na região administrativa de Oberpfalz, no passado mês de dezembro, quando passeava com um amigo o seu Jack Russell Terrier, uma senhora foi surpreendida por uma águia castanha a voar na sua direcção, que imediatamente agarrou o pequeno cão e queria levá-lo consigo, o que fez com que o caçado ganisse desalmadamente. Decididos a valer ao pequeno cão, a senhora e o seu acompanhante caíram sobre a águia, tentando o homem abrir-lhe as garras sem sucesso. Consciente do perigo que o seu pequeno cão corria, a dona agarrou imediatamente a águia pelo pescoço e quase a sufocou, acção que obrigou a ave a soltar o cão. O Jack Russel Terrier sobreviveu com ferimentos graves e consta-se que aquela águia era um pássaro treinado que deveria encontrar um cervo ferido por um caçador. Sobre o sucedido, um especialista disse que provavelmente a águia confundiu o manto vermelho do cão com uma ferida a sangrar, o que eu sinceramente duvido, apesar de não ser um expert na matéria (tudo ficaria esclarecido se a águia falasse). Nos locais onde águias, abutres e outras aves de rapina são abundantes, por segurança, os pequenos cães deverão ser transportados ao colo dos donos, procedimento também aconselhável nas áreas costeiras, onde não faltam gaivotas cada vez mais atrevidas e esfomeadas, especialistas a romper sacos do lixo nos jardins e a mudar gradualmente a sua cadeia alimentar, transitando inclusive do mar para os aterros sanitários. Os cães pequeninos são muito engraçadinhos, não há dúvida nenhuma, mas à medida que o seu tamanho diminui, o número dos seus inimigos aumenta e ficam sujeitos a mais perigos.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

SOBRE MUROS E ENTRE POMBOS

 

Transferi a aula de sábado para ontem, domingo, visando o trabalho conjunto de um pequeno grupo escolar. Desta alteração não resultou qualquer entrave ou contratempo, muito pelo contrário, porque a manhã esteve excelente e o aproveitamento da classe não lhe ficou atrás. Do Plano de Aula constavam a obediência linear e o tricomando básico, a ultrapassagem de castelos até 120 cm, o aperfeiçoamento da técnica de salto, a execução de um muro de pedra com 2 m de altura e a sociabilização com aves (pombos), trabalhos incorporados numa caminhada de 3 km totalmente desconhecida para o binómio Maria/Hobby. Na foto acima vemos a passagem do binómio atrás citado entre um bando de pombos e no GIF seguinte a escalada de um muro de 2 m pelo Hobby, que o venceu à primeira e pela primeiríssima vez, pelo que tanto ele como a sua condutora estão de parabéns, o cão pela valentia e a dona pelo arrojo. Para além das questões técnicas essenciais, que devem evitar as enfadonhas repetições que tanto maçam os donos e estupidificam os cães, importa ter em mente que o adestramento é uma actividade de realização pessoal que reforça a reinserção social dos seus praticantes (pessoas e cães), algo que lhes faz muito bem. E, sempre que se faz um resumo de actividades, escreve-se mais uma página da vida dos binómios que nelas participaram.

Como introdução aos obstáculos tipo alvo, porque o Hobby nunca tinha vencido nenhum, valemos de um assento circular vanguardista situado num passeio fluvial. Na foto vemos a Clarinda a guiar a CPA Luna para dentro do “obstáculo”, não que a Luna tivesse alguma dificuldade em fazê-lo, muito pelo contrário, mas porque importava reforçar ou legitimar a liderança da condutora eventual, uma vez que o Pedro, condutor usual da cadela, partiu a tíbia e o perónio no âmbito da sua actividade profissional (desejamos-lhe rápidas melhoras). Sobre a Clarinda importa ainda dizer que se safou bem da incumbência e que conseguiu conduzir a cadeira de forma ordeira e silenciosa.

No mesmo obstáculo, vemos a participação do binómio Maria/Hobby, com o pastor alemão a abordá-lo concentrado, decidido e correctamente. Como tantas vezes tenho dito e sem fugir à verdade, um pastor alemão precisa somente de 3 tentativas para fazer correctamente algo de novo, já que aprende com grande facilidade. Todavia, o Hobby é daqueles raros cães que faz quase tudo à primeira, ficando depois à espera do acerto do dono, o que não é verdade no que respeita à Maria, já que é empenhada e responsável.

Na companhia do CPA Bohr, o tradicional pai da criançada, vemos o Hobby sentado numa comum mesa de jardim, trabalho que do ponto de vista físico não é nada exigente, mas que do psicológico é bem mais difícil, já que o “quieto” é solicitado aos cães num espaço público com pessoas e cães a passar. Como se antevê, não foi por capricho que ali colocámos os cães, mas para reforçar a a sua sociabilização perante pessoas comuns, por norma indivíduos desconhecidos não-ofensivos (os pastores ficaram bem na fotografia!). Quando manobras destas só se fazem dentro do um perímetro escolar, corre-se o risco dos animais se tornarem “meninos de coro” – anjinhos na escola e diabos à solta pelas ruas!

Tendo por companhia um bando de pombos, entretidos a comer uma carcaça integral esfarelada, o Hobby compreendeu sem nenhuma resistência que os pombinhos não são alvos a neutralizar e que os seus são bípedes, bem maiores e não se apresentam com asas. Sociabilizado com os pombos, breve respeitará toda a variedade de aves que lhe surgirem pela frente.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios Clarinda/Luna, Maria/Hobby e Paulo/Bohr. A Luna teve um desempenho irrepreensível, o Hobby continua a surpreender e o Bohr teve um prestação poupada, alegre e feliz. A reportagem fotográfica coube ao Paulo Jorge, que perante o actual frio que nos assola, inesperadamente, trocou os costumeiros calções por uma calças mais quentes e adequadas à estação. Lamentámos a impossibilidade da comparência do Jorge e desejamos boa sorte ao dono do Marquês. Como tudo correu conforme o estipulado no Plano de Aula, nada mais há a declarar.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

 

O Ranking semanal dos textos mais lidos obedeceu à seguinte preferência:

1º _ OS SEGREDOS POR DETRÁS DA LONGEVIDADE CANINA, editado em 26/01/2023

2º _ GREETINGS FROM LUANDA, editado em 23/01/2023

3º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/12/2015

4º _ FOGE CÃO, QUE TE FAZEM BARÃO, PARA ONDE? SE ME FAZEM VISCONDE, editado em 23/01/2015

5º _ HÍBRIDO DE CHOW-CHOW/PASTOR ALEMÃO: MÁQUINA OU DESASTRE, editado em 11/05/2016

6º _ COMO DEFENDER-SE DO ATAQUE DE UM JAVALI, editado em 19/08/2019

7º _ PASTORES ALEMÃES LOBEIROS:O QUE OS TORNA ESPECIAIS, editado em 02/11/2015

8º _ AVE MARIA, editado em 24/01/2023

9º _ OS CÃES DOS SALOIOS, editado em 24/06/2006

10º _ PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS, editado em 15/06/2011

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

 

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim ordenado:

1º Alemanha, 2º Portugal, 3º Brasil, 4º Suécia, 5º Estados Unidos, 6º Angola, 7º França, 8º Espanha, 9º Rússia e 10º Suíça.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

OS SEGREDOS POR DETRÁS DA LONGEVIDADE CANINA

 

Segundo o GUINESS WORLD RECORDS, desde o passado dia 19 de janeiro, o Chihuahua SPIKE, agora com 23 anos de idade e residente no estado norte americano do Ohio, é oficialmente o cão mais velho do mundo, apesar de surdo e quase cego, vivendo junto da família da dona e de outros animais da sua quinta. Este Chihuahua veio substituir no título a cadela Fox Terrier PEBBLES, falecida em Outubro do ano transacto com a bonita idade de 22 anos. O agora titulado Spike foi encontrado abandonado no parque de estacionamento de um shopping, onde deambulava já há três dias, apresentando-se com o dorso rapado e com manchas de sangue no pescoço, provavelmente causadas por uma corrente ou corda, sendo recolhido por Rita Kimball sua actual dona. Apesar do seu pequeno porte e reduzida envergadura – 22 cm de altura e 5,8 kg de peso – a sua proprietária diz que ele tem “a atitude de um cão grande” e que agora tem momentos de irritabilidade, preferindo ficar sozinho. Para a sua dona, os segredos da sua longevidade são muito simples, acorda por volta das 7 da manhã, toma o seu pequeno almoço e sai para passear com a dona. Ao chegar a casa, entrega-se a uma das suas actividades favoritas – a sesta. O resto do tempo passa-o a acompanhar a dona na quinta ou a brincar com gatos, vacas e cavalos. Falando da sua experiência, Rita Kimball aconselha os donos de animais de estimação a dar-lhes uma alimentação equilibrada, espaço, exercício diário, muito amor e atenção.

As condições acima indicadas pela norte-americana são por norma respeitadas por mim e pelos meus alunos, que não olham a despesas para comprar a ração mais indicada, tampouco ao tempo e ao trabalho despendidos na confecção dos alimentos; que caminham diariamente com seus cães vários quilómetros em percursos variados, tentando desta maneira dar-lhes espaço e alimentar a sua curiosidade; que os treinam regularmente visando a sua interacção e que lhes dedicam a melhor das suas atenções. O cão mais longevo que tive e não o comuniquei ao Guiness, foi um Bearded Collie de nome “Farouk”, que teve que ser sacrificado aos 23 anos de idade por falência do seu aparelho digestivo. Os Pastores Alemães da Acendura Brava, quando criados debaixo da minha supervisão e treinados de acordo com o meu parecer, vivem em média 15 anos, contra os 10 anos da média baixa indicados para a raça e contra os 12 preconizados para a sua média alta. Tal se deve essencialmente, no meu entender, ao excelente acompanhamento operado durante o 1º ano de vida dos animais e ao que Kimball indicou e que eu atrás sublinhei. Por outro lado, a saúde destes cães fica também a dever-se ao excelente acompanhamento médico-veterinário, uma vez que aconselho para todos os cães um check-up anual, que pode ser semestral para os animais em competição ou sujeitos a grandes esforços. Por tudo isto, conforme tem vindo a suceder, não é de estranhar que alguns dos nossos cães cheguem a atingir os 16 anos e meio de idade, animais que libertámos e libertamos da consanguinidade, da endogamia e dos exageros estéticos que tanto têm vindo a fragilizar esta excelente raça – a longevidade dos cães está nas mãos dos donos!

EU SOU AUTISTA!

 

Dizem alguns dos mentores dos actuais cães ditos de “trabalho”, que de trabalho têm pouco e de circo muito, porquanto prometem demasiado e correspondem de menos, que os seus cães nos espaços públicos deverão circular do seu lado direito e usar apenas o lado contrário, o esquerdo, para quando se encontram a trabalhar (a treinar ou a competir), pretendendo dessa maneira estabelecer para os animais uma clara distinção entre o lado laboral e o modo lúdico, consoante os conduzem à esquerda ou à direita, o que pretensamente lhes garantirá maior concentração e acerto nos momentos de trabalho e a absoluta descontracção quando arredados dele. A intenção é boa face ao bem-estar e salvaguarda dos que connosco se cruzam, mas será suficiente? Não poderão os cães reagir sem os seus donos se aperceberem? Não poderá alguém provocá-los involuntariamente por indução ou por confusão com uma presa? Mesmo conduzido à direita, o animal não poderá ser surpreendido e reagir instintivamente, agora que sabe que os seus dentes não servem só para comer? Poderei eu garantir em absoluto que o meu cão quando circula à direita jamais atacará alguém? Julgo que ninguém o poderá garantir e a prová-lo estão os inúmeros e constantes incidentes com cães.

Hoje, já no final da minha caminhada diária com o meu cão, ao virar de uma esquina, uma jovem entre os 17 e 20 anos abalroou literalmente o Paco e abraçou-o forte e demoradamente. Também surpreso, disse à jovem que não deveria ter agido assim, que aquele comportamento poderia colocá-la em risco e que sempre deverá esperar pela autorização do dono para mexer num cão, ainda mais quando não o conhece. Sem dizer “ai nem ui”, o semblante da jovem entristeceu-se rapidamente e sem razão aparente, uma vez que tudo lhe disse em tom cordial. Finalmente contestou-me e repetiu: “Eu sou autista!”

Se porventura não tivesse um cão seguro e bem controlado, a sorte da jovem seria a mesma? E mesmo debaixo das mesmas condições, poderei garantir sempre o mesmo desfecho? Obviamente que não, porque posso evoluir distraído e o cão reagir instintivamente perante a surpresa| No meu escasso entendimento e à luz no exposto na lei, mais do que alterar-lhes o lado de condução para evitar o dolo de terceiros, os cães que já atacaram mangas e fatos de ataque, porque são potencialmente perigosos, mordendo a quem lhes for indicado, deverão sair à rua açaimados em abono do bem-estar geral e em particular dos deficientes, para que a exclamação “Eu sou  autista!” não venha a ser sucedida por “Era uma vez uma autista!”

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

DEUTSCHER TAG

 

Os leitores alemães, logo desde o início desta publicação, sempre se mantiveram no nosso “TOP 10 DE LEITORES POR PAÌS”, o que ninguém estranha face à temática e ao facto de muitos germânicos serem apaixonados por cães. Todavia, ontem tivemos 880 visitantes oriundos da Alemanha, o que muito nos alegrou e foi para nós um verdadeiro recorde. Escusado será dizer que foram e que continuam a ser muito bem-vindos. Alles Gute für dich.

AVE MARIA!

 

O uso da interjeição latina “ave”, designativa de saudação e cumprimento, que exprime energicamente afectos de ânimo, prende-se com as vitórias que a Maria alcançou no passado domingo ao adestrar o seu cão - o Dobby - sucessos surpreendentes que vale a pena destacar, uma vez que à terceira lição já deu passos decisivos rumo ao que espera do seu cão, fazer dele um verdadeiro guardião. Na foto acima, durante o período de aquecimento, vemos este binómio num salto em extensão, com a condutora no sítio certo - adiantada em relação ao cão. Sem o absoluto controlo por parte dos donos nenhum cão é um guarda capaz, porque entregue aos seus instintos é fácil de ser ludibriado e de causar tremendos disparates. Por modo próprio, sem ordem expressa nesse sentido, o Dobby chegou-nos a morder para tudo quanto era lado e nem sempre de modo previsível e justificado. Anteontem começámos a regrar esta tendência para virmos mais tarde a utilizá-la, em caso de estrita necessidade. A foto seguinte reporta-se a um destes momentos, uma vez que o animal tende a atacar toda e qualquer pessoa que tente aproximar-se da dona.

Na aula anterior a esta, a Maria não conseguia afastar-se do Dobby mais de 3 metros, no domingo já conseguiu afastar-se dele cerca de 30 metros, o que é motivo de redobrada alegria diante do exigível controlo do cão e do robustecimento do seu carácter. Esta vitória atinge maiores proporções por ter sido alcançada num espaço público, com miúdos a jogar, graúdos a correr e perante cães desconhecidos à solta.

Depois de um passeio â trela com 1 km de extensão, onde finalmente o Dobby assimilou o “junto” e deu descanso à dona, apercebendo-me do acerto do cão, mandei a Maria pôr a trela ao pescoço e permanecer com as mãos livres, para dotar os comandos verbais da supremacia necessária à futura condução em liberdade do pastor alemão.

E, como ainda existem Pastores Alemães que ao fim de 3 tentativas tudo acertam, com o Dobby a responder afirmativamente ao “junto”, a olhar para a dona e a respeitar os alinhamentos, mandei a Maria colocar as suas mãos atrás das costas, não tanto por causa do cão, mas para libertar a tensão corporal da dona que obstava ao melhor aproveitamento do animal.

A este exercício seguiu-se o das “mãos atrás da nuca” com o mesmo objectivo do anterior e visando a maior descontracção da dona, para que a líder se venha a acostumar rapidamente a conduzir o animal livre da trela e a usar as mãos para outros trabalhos. Este exercício é também um desafio para o cão, porque ao ver as mãos da dona assim, logo se apercebe que vai completamente solto.

Cão para guarda sempre tivemos e penso que ninguém teve alguma vez dúvidas disso, falta agora formar a sua líder, trabalho moroso mas indispensável para quem ousa ter um cão de guarda e não procura incidentes de maior ou menor consequência e dolo, que aposta na salvaguarda da vida do cão e na segurança efectiva da sua pessoa e bens. A Maria deu no domingo um passo gigante nessa direcção e dará ainda outros maiores se continuar com o mesmo empenho – Ave Maria!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

GREETINGS FROM LUANDA

 

De Luanda, capital de Angola, ao jeito de saudação, recebemos um conjunto de vídeos protagonizados pelo Gonçalo e pela sua CPA preto-afogueada Olívia, alunos desta escola e agora a residir e a trabalhar em terras angolanas. Apesar da distância que nos separa, este binómio mantém-se activo e constantemente em exercício, recriando ali exercícios que aqui aprenderam e praticaram para o bem-estar e longevidade da simpática lupina. No Gif acima, tirando partido de um conjunto de cadeiras de jardim constituído em túnel, vemos a Olívia a fazer alegre o “abaixo”. No GIF seguinte, valendo-se de um comum colchão de cama, o Gonçalo levantou um obstáculo vertical para a pastora alemã saltar, trabalhos domésticos que costumam acontecer depois do trabalho, ao final do dia.

Como a Olívia alcançou recentemente a condução em liberdade, já é possível convidá-la para pequenos percursos de obediência a partir da mão esquerda de condução, sendo mais fácil trabalhá-la em círculos para esse lado. No GIF que se segue, com recurso à recompensa, vemos a Olívia a ultrapassar dois obstáculos num percurso circular para o lado esquerdo, célere e decidida, como se deseja de uma experiência feliz.

Aproveitando-se de uns pinos de sinalização rodoviária, o dono da Olívia decidiu usá-los como Slalom, induzindo a cadela a contorná-los mediante o auxílio da trela, acessório que dentro em breve irá dispensar.

Na foto abaixo, tal qual soberano no seu esplendor, vemos o sempre bem-disposto Lourenço, primeiro rebento da família (desejam-se mais), com quatro meses de idade na companhia da sua fiel guardiã. O bebé sai ao pai e atira à mãe, sendo por isso parecido com a Rita e um digno representante da etnia das “pombas-mansas”, prole de bem com a vida e invariavelmente com um sorriso nos lábios.

Agradeço à Rita e ao Gonçalo o envio deste material, desejo-lhes sorte e progresso, uma saúde de ferro para o Lourenço e uma longa e feliz vida para a Olívia, porque trago todos no coração e espero que em tudo sejam vencedores.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

NÓS POR CÁ: FLASHBACK MILENAR

 

Em matéria de religião os portugueses pertencem a uma árvore sincrética, sui generis e mui antiga dentro da Europa, incólume e enxertada nas três grandes religiões monoteístas - judaísmo, cristianismo e islamismo - mesmo que não se deem conta disso, podendo enveredar por qualquer uma delas, praticá-las ou desprezá-las na sua totalidade de um momento para o outro, conforme os ventos da história, o reconhecimento de favores ou a ausência de respostas, crendice e desilusão que a uns leva à superstição e a outros, poucos, a deixar-se fascinar pela igreja ortodoxa grega ou pelas religiões orientais por pretenso iluminismo. O português é decididamente um ser religioso, um fundidor de crenças e um perito em macedónias religiosas, onde bruxos e adivinhos vão beber, sustentam a sua existência, actividade e pretensos poderes. O sincretismo histórico português, que tão bem serviu à miscigenação dos portugueses com os povos que foram descobrindo, já era fecundo bem antes da nacionalidade e resolveu a contenda entre cristãos arianos e nicenos com uma comum política e casamentos. Torna-se evidente que a igreja de romana para tudo contribuiu e contribuiu de tal maneira que alguns ritos usados nas nossas procissões são de milenar tradição muçulmana. Na Idade Média, por ocasião da reconquista cristã, os vencedores tinham por hábito erigir igrejas no lugar das antigas mesquitas, o que muito facilitou a integração dos mouros que aqui ficaram cativos, obrigados a trabalhara terra e a pagar tributo ao rei cristão em substituição do mouro derrotado.

Árabes e mouros têm uma profunda veneração por São João Baptista, que para eles é uma figura extremamente estimada e homenageada, sendo considerado um profeta islâmico que viveu uma vida dedicada a Allah e que previu a vinda de Jesus, sendo para eles o único homem que não será jugado no dia do juízo final, pelo que o culto mouro a esta figura bíblica antecedeu o cristão, deslocando-se os mouros à noite para os rios a celebrá-lo, festança normalmente acabada em matança pelos cristãos, que valendo-se daquela ocasião, matavam quantos mouros podiam e violavam as suas mulheres. Com passar do tempo e por empenho dos monarcas, a matança deu lugar à confraternização, perpetuando mouros e cristãos a celebração de São João Baptista (“Yahya”, para os muçulmanos).

Apesar das muralhas levantadas principalmente em Lisboa, destinadas a separar cristãos e muçulmanos ao anoitecer, nem uns nem outros recearam muito os castigos impostos pela violação das leis, não faltando quem saltasse os muros da cidade para os campos da moirama e vice-versa, o que gradualmente levou a supressão dos muros. Apesar de se saber através de um estudo relativamente recente que apenas 10% dos homens portugueses têm origem norte-africana e 20% judia, a presença mourisca na alma intrínseca dos portugueses e nas suas idiossincrasias excedem em muito essa percentagem, o que de certo modo significa que culturalmente há um mouro dentro de cada um de nós, quer sejamos do norte ou do sul.

À beira de um rio, na última passagem de ano, tive um flashback milenar ao avistar o retorno de uma enorme chusma de “mouros”, vindos para celebrar a entrada do novo ano e fazendo daquele porto uma feira, acampando cada um a seu modo, com os seus e com aquilo que trazia, numa desorganização que lembrava uma extensa caravana berbere recém-chegada do deserto, com gente esparramada pela chão, de cobertor pela cabeça a comer e a beber numa algazarra pouco vista, com uns a lançar petardos e very lights antes da hora e outros com garrafas de espumante debaixo do braço, enquanto as crianças tilintavam de frio e os bebés choravam nos carrinhos a cada explosão. Apesar dos quilómetros que nos separam, lembrei-me imediatamente do Souk de Marraquexe onde tudo se compra e vende. Cansadas dos saltos altos e com o frio a entrar-lhes pelas pernas, as mais moças descalçavam-se e sentavam-se no chão, cobrindo as pernas com o que tivessem à mão, ao lado de gente bêbeda que já havia perdido a razão - nunca uma passagem de ano me pareceu tanto com uma noite de São João!

E quando a hora chegou, homens e mulheres gritaram a plenos pulmões, destacando-se as últimas, agora desinibidas, a entoar sargutas ansiosas. Quinze ou vinte minutos depois tudo terminou, a celebração e o meu flashback, enquanto se afastavam silenciosos corpos morenos, medianos de tamanho e encimados por cabeças meridionais, em tudo iguais às de outros do lado de lá do mar.

Contrariamente ao que sucede com outros povos, a religião dos portugueses não obedece a uma etnia específica, mas resulta das várias que estiveram na sua formação, podendo ainda vir a ser composta por outras crenças ou credos vindouros – o português vive em constante adaptação e adapta a religião ao seu modo de ser! Poderá vir a ser xintoísta, budista ou hindu? É bem possível, já que milenarmente combina o sagrado com o profano e parece seguir em frente! Se entendermos a religião como produto da cultura e advinda de um conjunto de crenças e práticas sociais, o êxito dos primeiros missionários católicos  no Oriente,  não pode ser desligado do legado cultural ibérico.

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

 

O Ranking semanal dos textos mais lidos obedeceu à seguinte preferência:

1º _ 5 DIAS COM O BOHR, editado em 17/01/2023

2º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/12/2015

3º _ A PRIMEIRA VIAGEM DE COMBOIO, editado em 16/01/2023

4º _ HÍBRIDO DE CHOW-CHOW/PASTOR ALEMÃO: MÁQUINA OU DESASTRE, editado em 11/05/2016

5º _ NOVO BINÓMIO, editado em 149/01/2023

6º _ PASTORES ALEMÃES LOBEIROS:O QUE OS TORNA ESPECIAIS, editado em 02/11/2015

7º _ CHEGAR INESPERADAMENTE A QUALQUER LADO, editado em 17/01/2023

8º _ “OLHOS DE CARNEIRO MAL MORTO”: PORQUÊ E PARA QUÊ?, editado em 18/06/2019

9º _ QUE CÃO ESTÁ NAS ARMAS DE ALENQUER?, editado em 19/12/2017

10º _ PÁ DE VACA: O OSSO AMIGO DO CÃO, editado em 13/12/2014

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

 

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim ordenado:

1º Portugal, 2º Brasil, 3º Estados Unidos, 4º Alemanha, 5º Angola, 6º Suíça, 7º Suécia, 8º Itália, 9º Bélgica e 10º Rússia.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

DOMINANTES E SUBMISSOS

 

Homens e cães em matéria social são muito iguais, porque em ambos o número de submissos é substancialmente maior do que o dos dominantes, o que torna possível a formação das diferentes sociedades e a constituição das matilhas, caso contrário, nem uns nem outros poderiam sobreviver enquanto espécie. Logo na escola primária é possível decifrar uns e outros, havendo sempre um aluno que domina sobre quem não lhe oferece resistência e que carrega sobre quem muito bem entende, coagindo outros a fazê-lo (bullying). Também nas ninhadas desde cedo se detectam os poucos dominantes que nelas existem, cujos impulsos à luta e ao poder se evidenciam. Por causa do viver social canino, as ninhadas não são e não podem ser naturalmente constituídas somente por indivíduos dominantes, o que ditaria o seu suicídio. Através desta constatação se compreende que nenhuma ninhada é constituída maioritariamente por indivíduos dominantes, contrariamente ao que pregam alguns “vendedores da banha da cobra”. Como complemento ao que disse atrás, os dominantes são fortes por si mesmos e os submissos fortalecem-se dentro dos diferentes grupos sociais, não podendo nenhum grupo social sobreviver sem a existência e participação de ambos.

Os adestradores são na sua arte uns verdadeiros cupidos, porque cabe-lhes auxiliar na fusão binomial, adaptar cães e homens para um propósito comum, tarefa que por vezes é extremamente difícil e nem sempre por culpa dos cães, já que são humano-dependentes. Antes da análise dos casos, adianto que os condutores caninos coléricos, devido às suas manifestações emocionais descabidas, súbitas mudanças de humor e amuos, deverão tratar-se primeiro e só depois pensar em educar os seus cães. Imagine-se um binómio constituído por um condutor dominante e por um cão dominante que se deseja para guarda. Aqui há que regrar o dono para que não abuse do animal e dê azo ao disparate, sujeitando o cão a uma série de riscos dispensáveis e capazes de fazer perigara sua vida e a da terceiros. Com um cão assim eu posso enfrentar o mundo, mas será que só eu estarei certo? Para além do apego irrefutável aos procedimentos, exige-se do condutor de um cão dominante que seja experiente, seguro e inabalável nos seus propósitos, porque se o animal sentir fraqueza na emissão das ordens, cedo começará a resistir, a proceder depois a confrontações e chegar por fim a atacá-lo, situações que deverá evitar a todo o custo, pela alteração das rotinas, novidade de desafios e pelos momentos de pausa e trabalho, evitando assim a saturação que leva à revolta e as repetições que a provocam. Aqui a palavra recorrente é travamento, travamento para evitar os abusos binomiais e os dos indivíduos que o constituem, já que o binómio trabalha sob sério risco e exige cuidada atenção - esta não é uma tarefa que esteja ao alcance de todos.

O binómio constituído por um dono dominante e um cão submisso, é uma equipa que normalmente induz ao sucesso e que tende a ser objecto de badalação. Neste caso, para além do irrecusável apoio que o cão necessita, convém que o seu condutor se encolha para que o cão cresça, pois estaremos perante um animal que virá a ser produto não tanto da genética, mas do investimento que lhe for feito. Para que o cão se forme confiante, exige-se que o seu condutor seja um actor, capaz de empolgar as suas vitórias e minorar ao máximo os seus insucessos, confortando-o vivamente para que enfrente os seus desafios com redobrada coragem. Se ao invés de agir assim, o condutor for por demais prepotente, o cão por receio dele poderá vir a ser ainda menos apto e revelar-se imprestável. Por razões óbvias, um cão submisso acredita cegamente em nós, confundindo inclusive a realidade com a ficção e acredita sem reticências nas histórias que lhe contamos no treino e que procedem à sua investidura. Contudo, porque é forte por indução, necessita continuamente de ser exercitado e convidado para as vitórias, já que serão elas o suporte para o seu desempenho efectivo.

Um dono submisso com um cão dominante, como tantas vezes acontece, é um binómio de difícil solução, porque os papéis de dono e do cão se encontram trocados, o que invariavelmente tem como consequência o descontrolo do animal e o ataque ao dono ou a outros membros do agregado familiar numa fase mais aguda. Os binómios com estas características são os que mais nos procuram. O ditado que diz “quem tem medo, compra tem um cão” parece corresponder à verdade, muito embora as consequências disso não sejam por vezes as melhores. Não é nada fácil transformar um submisso num líder para capitanear um cão dominante, porque normalmente o animal resiste e é avesso à autoridade do dono e este, por não ter perfil próprio para isso, teme-o, o que torna a promoção do dono num verdadeiro acto de fé. Aqui é o dono que precisa de ouvir uma ou mais histórias convincentes antes que o cão necessite de ir parar à reeducação. Em paralelo com a educação do cão, que sempre opera nele algum tipo de submissão, há que gradualmente ir formando o dono através de experiências felizes, para que pouco a pouco ganhe a confiança necessária para conduzir o seu cão, trabalho moroso e paciente de duração variada (depende de indivíduo para indivíduo). Ainda que a tarefa possa parecer à partida impossível, a capacitação dos donos é possível, o que não dispensa o acompanhamento pertinaz por parte dos adestradores, primeiros implicados no processo de habilitação dos donos ou condutores.

O binómio dono submisso – cão submisso, que não é assim tão raro acontecer, não é totalmente inútil para guarda, tanto no interior como no exterior da casa, uma vez que um cão submisso poderá ser um excelente cão de alarme, tornando-se mais confiante quando dentro de casa e na companhia dos donos. No exterior, por se encolher sistematicamente diante dos intrusos, poderá ser treinado para accionar dispositivos electrónicos de alarme sem ser visto, mais-valia que não poderá ser desligada do recurso à recompensa. Binómios com estas características penduram-se na obediência para alcançarem o melhor entendimento recíproco e enveredam por formar excelentes cães de companhia. Por outro lado, desde que bem sociabilizados e vencidos alguns medos, nada impede quem venham a ser cães terapia, de serviço ou de resgate. O robustecimento de um cão demasiado submisso tanto pode acontecer por um conjunto de experiências felizes como pelo exemplo de outro cão, também pelo convite precoce para a cópula, métodos naturais tantas vezes desprezados em favor de intoxicações várias e pela administração de drogas, como sucedeu, por exemplo, na II Guerra Mundial, quando importava redobrar a atenção de homens e cães, levando-os a lutar por mais tempo, ocasião em que se procurava alcançar o super-soldado e o super-cão (voltarei ao assunto, aqui tratado em brevíssima síntese, quando me for pedido ou quando o julgar conveniente).

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

QUEM É?

 

Longe vai o tempo em que os cães não eram usados para burlar, furtar, roubar e assaltar, animais de pouco ou nenhum interesse para os criminosos de então. Na cidade alemã de Witten, ontem, dia 17 de janeiro de 2023, pelas 16h45, alguém bate à porta de uma septuagenária na Hellweg in Heven. Quando a senhora de 71 anos foi abrir a porta, deparou-se com um homem desconhecido que trazia consigo um cachorrinho, dizendo que o tinha encontrado e que procurava os seus donos pela vizinhança. O estranho também pediu um pouco de água para o animal, pedido que a idosa senhora atendeu e que a fez deslocar à sua cozinha, deixando a porta de casa entreaberta. Pouco tempo de depois ao retornar, o estranho e outro homem já se encontravam no corredor da septuagenária, pondo-se depois em fuga, não sem antes terem passado revista ao apartamento, onde roubaram dinheiro e alguns objectos de valor, isto de acordo com o relato da polícia. Os dois ladrões foram descritos como tendo entre 30 e 35 anos de idade, cerca de 170 cm de altura, terem uma constituição rechonchuda, apresentarem um rosto redondo e serem muito parecidos um com o outro. O primeiro deles vestia um blusão branco de inverno, um boné da mesma cor e calças escuras. O segundo homem usava rupas escuras. A polícia procura agora quem viu algo perto de Hellweg, solicitando a Esquadra de Investigação Criminal 13 informações relevantes através de várias linhas telefónicas ao dispor do público.

Infelizmente, tanto nas cidades como no interior, já não podemos deixar uma porta entreaberta com gente desconhecida na sua frente, porque anda meio mundo a tentar roubar a outra metade e o crime não pára de aumentar, não se compadecendo dos incautos e dos mais fracos que invariavelmente são os seus alvos preferenciais. Os meliantes de Witten valeram-se da simpatia da velha senhora por cães e da sua preocupação momentânea com o cachorrinho, distracção suficiente para deixar a porta entreaberta e ser assaltada. Curiosamente, conhecendo a realidade alemã e sem assistir ao assalto, pelo tipo de crime, pelo recurso ao cachorrinho e pela descrição que nos é dada dos ladrões (com um tipo físico característico), já calculo quem sejam e onde poderão ser encontrados (a polícia de Witten teve muito cuidado a descrevê-los, obedecendo ao politicamente correcto sem deixar de ser objectiva).

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

QUINTA-FEIRA MALFADADA

 

Na passada quinta-feira dia 12 de Janeiro do corrente ano, por volta das 13h45, na cidade escocesa de Larkhall, na área de Swinhill, perto do Radstone Hotel, uma dog walker de 33 anos, Jade McCabe (na foto baixo) foi brutalmente agredida por um homem que se fazia acompanhar por uma mulher e por um Rottweiler, quando todos se encontravam numa caminhada. Por causa dos seus três cães andarem soltos e se terem aproximado do citado Rottweiler, Jade recebeu um soco na cara que a deitou por terra e foi depois pontapeada, não tendo um dos cães ao seu encargo melhor sorte, já que o homem também o pontapeou antes de acercar-se do molosso alemão.

Infelizmente, agressões destas não são raras em parte alguma, aliás, repetem-se amiúde em todos os continentes e latitudes mercê da ingenuidade e da imprudência das vítimas que, quando menos esperam, acabam esmurradas e por vezes seriamente feridas por desconhecidos, que nelas descarregam a ira da sua natureza ou a despoletada pelo seu quotidiano. Para não dar azo a lamentáveis episódios destes, mesmo até para a segurança dos nossos cães, é conveniente mantê-los à trela nas áreas muito concorridas e que lhes são destinadas, porque nem todos os donos têm o controlo necessário sobre os seus companheiros de quatro patas e nem todos os cães se encontram perfeitamente sociabilizados. Com facilidade uma briga entre cães acaba por estender-se aos seus donos, vindo depois a imperar a lei da selva! Se não anda à procura de adversário, evite desnecessárias picardias que levam a verdadeiros “rounds” no exterior, soltando apenas o seu cão quando tiver a absoluta certeza dele obedecer ao seu chamamento e preferencialmente quando não houver nenhum cão por perto. Como é costume ouvir dizer-se – o seguro morreu de velho! E se estas estúpidas agressões não pararem, é bem possível que futuramente seja preciso ter um curso de artes marciais para se poder sair com um cão à rua! Agora compreendo porque saem tantos à rua com um cão e um porrete.

O NÚMERO DE LEITORES MEXICANOS CONTINUA A SUBIR

 

O número de leitores mexicanos deste blogue não pára de subir, assim como o de outros países da América Latina, ocupando os brasileiros o primeiro lugar da demanda. A estes leitores se podem juntar os argentinos, chilenos; cubanos; equatorianos; panamianos; paraguaios; peruanos, porto-riquenhos; uruguaios e venezuelanos. Em relação aos demais leitores, os mexicanos foram os últimos a procurar-nos sistematicamente, pelo que agora merecem este destaque. Esperamos que mais mexicanos nos visitem, que mantenham o seu interesse por esta publicação e que queiram manter intercâmbio connosco. Agradecemos o contacto e estendemos a todos o nosso cordial bem-vindo.

5 DIAS COM O BOHR

 

De pouco préstimo será um cão de segurança incapaz de trabalhar a 100 metros do dono, quer este seja visível ou esteja oculto, por limitar o sucesso da parceria e condicionar negativamente as acções, quer elas sejam defensivas ou ofensivas, nomeadamente as MANOBRAS DE CERCO que visam surpreender, travar ou capturar intrusos, muito embora possam também ser usadas para expulsá-los face à hipotética vulnerabilidade dos donos. A habilitação canina de trabalhar num raio a 100 metros de distância dos donos possibilita ente outras coisas: o pré-aviso; a diminuição da margem de erro; a prontidão das respostas e por conseguinte o seu acerto. A semana que passou treinei o CPA Bohr 5 dias consecutivos a trabalhar na frente não tanto por causa da necessidade das manobras de cerco, para as quais dificilmente virá a ser convidado, mas para nele combater a velhice que se aproxima, responsável por uma menor disponibilidade cognitiva e física, responsáveis muitas vezes por precoces senilidades. Os exercícios propostos foram de manifesta índole cognitiva e por isso mesmo de pouco empenho físico. No GIF acima vemos o Bohr a executar um perímetro rectangular com 80m na frente do dono e no seguinte a executar dois saltos de precisão sob a base de dois candeeiros públicos.

No GIF que se segue, em torno de 4 reservatórios circulares de lixo, o mesmo binómio procede a um exercício multidireccional pré-determinado, visando a minimização do esforço do condutor e o cumprimento imediato das ordens por parte do Pastor Alemão.

Ao longo dos 5 dias de trabalho foram solicitados a este Pastor Alemão lobeiro de pêlo comprido um total de 12 exercícios  que oscilaram entre os 50 e os 100 metros distantes do dono, em diversos pisos e com maior ou menor assiduidade de transeuntes. Alguns desses exercícios exigiram alguma precisão na sua execução e outros procuraram a interacção com desconhecidos apanhados desprevenidos.

O cão respondeu afirmativamente, continua incólume nas suas capacidades cognitivas e o seu dono melhorou tecnicamente. Ciclicamente voltaremos a este trabalho em prol do bem-estar e da longevidade do Bohr, amigo que nos é caro e que é um verdadeiro mestre para os cães recém-chegados.