segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE

 

Um casal em Swansea planeou esfaquear uma criadora de cães no estômago, num acto de pura vingança, por lhes ter vendido um cachorro que acabou por morrer, segundo fizeram saber no tribunal. Ela, Chelsea Rees (na foto seguinte), por ter adormecido, não participou na referida retaliação, mas o seu namorado, Michael Kingston, avançou sem ela e enfiou uma facada na vítima quando esta lhe abriu a porta da frente de sua casa.

No Swansea Crown Court (tribunal), a mulher disse que pretendia esfaquear a criadora de cães 13 vezes – uma facada por cada cachorro da ninhada – e queria que ela sofresse e sentisse dor (o casal está preso há cinco anos). De acordo com o que disse o procurador do Ministério Público, em agosto último, Rees e Kingston (na foto abaixo) compraram 3 cachorros de uma ninhada de 13 a uma mulher de Swansea chamada Hayley Stoker, tendo custado os 3 animais 2.450 libras esterlinas. Poucos dias depois, o casal disse que um dos cachorros ficou doente e, quando contactaram a criadora para que esta os ajudasse a pagar as contas do veterinário, ela disse-lhes que se encontrava fora, em Birmingham. Os arguidos alegaram que o cachorro morreu no dia seguinte, com Kingston a dizer que o estômago do pequeno animal “explodiu”, culpando a criadora por isso. O Delegado do Ministério público adiantou que a criadora dos cachorros disse ao casal que o animal em questão se encontrava saudável quando ela o vendeu. O tribunal ouviu que em 22 de agosto Hayley Stoker, a criadora, voltou de Birmingham para Swansea e que na noite seguinte alguém lhe bateu à porta da frente. Quando ela a abriu, deparou-se com Kingston. 

O delegado do Ministério Público disse que Stoker relatou mais tarde ter visto o interlocutor colocando a mão no bolso e depois “a bater” na sua garganta, fazendo-a desequilibrar para trás e colocar as mãos no pescoço. A mulher viu então um objecto "prateado" na mão de Kingston e, quando tirou as mãos da garganta, viu que estavam cobertas de sangue. A vítima conseguiu fechar a porta da frente e ligar para o número de emergência (999). A polícia chegou rapidamente ao local e viu que Stoker tinha um corte de faca na garganta. No dia seguinte, a mesma polícia recebeu uma ligação de uma amiga de Rees a dizer que ela ameaçava esfaquear Hayley Stoker no estômago e matá-la. Rees foi posteriormente encontrada embriagada no parque comunitário Vetch em Sandfields com uma mala que continha roupas e três facas. Mais tarde, ela disse que queria "acabar com" a criadora dos cachorros. Kingston foi preso e inicialmente respondeu "sem comentários" a todas as perguntas feitas antes de pedir uma pausa, para dizer depois à polícia que tinha ido a casa de Stoker para a esfaquear, porque um dos cachorros tinha morrido devido à sua criação. Ele disse ainda que esperou até escurecer para bater à porta da lesada, porque não queria que nenhuma criança da vizinhança assistisse ao que iria acontecer. Kingston acrescentou: "Não é justo - ela não estava sentindo a mesma dor que os cachorros sentiam".

Chelsea Rees, por sua vez, afirmou que os filhotes por eles comprados se encontravam doentes e que um morreu, tendo os outros dois que ser sacrificados, o que fez os seus sentimentos "transbordarem". Ela disse que queria que a vítima "gritasse de dor" ao ser esfaqueada 13 vezes – uma facada por cada filhote da ninhada - acrescentando: "Espero que sinta dores”. Ela disse à polícia que tinha adormecido e que por causa disso tinha perdido o ataque real, mas quando soube o que havia acontecido, ficou feliz. Na sua declaração sobre o impacto da vítima, Hayley Stoker disse que o ataque perpetrado à sua porta deixou-a a “viver num mundo de medo”, a sofrer de ansiedade e sentindo-se "sozinha e isolada". Michael Kingston, de 31 anos, residente na Brunswick Street, em Swansea, já se havia declarado culpado de conspiração para cometer e infligir intencionalmente lesões corporais graves, para além da posse de um artigo com lâmina quando compareceu no banco dos réus para ouvir a sentença. Ele tem condenações anteriores por três crimes, incluindo um por incêndio criminoso quando jovem, mas nenhum por violência. Chelsea Rees, 26, de Pedrog Terrace, Mayhill , Swansea, já se havia declarado culpada de conspiração para cometer lesões corporais graves com intenção, fazer ameaças de morte e posse de artigos com lâminas quando compareceu ao lado do outro réu. Ela tem 15 condenações anteriores por 33 crimes, incluindo agressões comuns e agressões a polícias.

John Allchurch, advogado de Kingston, disse que embora o réu não tenha expressado nenhum remorso durante o inquérito policial, ele mostrou-se arrependido em tribunal.. Ele disse que Kingston tinha problemas de saúde mental e que passou uma temporada no Hospital Cefn Coed de Swansea. Andrew Evans, advogado de Rees, aceitou o relatório pré-sentença sobre a sua cliente e disse que ela cresceu sob custódia desde os três anos de idade e que mais tarde se alcoolizou e drogou como resultado de "experiências traumáticas" durante a infância, dizendo ainda que Rees era uma jovem inteligente e que estava à procura de respostas para explicar o sentido da sua vida até ali. Deste trágico incidente britânico duas lições se podem tirar: que quem vende cães é obrigado a vendê-los saudáveis e que nunca sabe quem lhe vai bater à porta, uma vez que há malucos para tudo, inclusive para desferir umas inesperadas facadas.

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