Devido
à força que tem e à uniformidade a que obriga, a Internet tende a pôr todos a
falar da mesma maneira e com idênticas palavras, o que é manifestamente uma enculturação
que projecta uma linguagem mais simples, prática e objectiva. Exemplo disso é
quando um repórter entrevista uma pessoa acerca de algo e ela responde “não
tenho palavras!” Os adjectivos obedecem às correntes da História, saem de moda,
ganham outros significados, criam-se novos para substituir os antigos e também
para caracterizar algo novo. Irrita-me, já não tenho paciência para ver gente a
ser rebocada por cães que vão ataviados por coletes, peitorais ou arneses
próprios para a tracção, que obrigam os seus donos a circular rebocados e de
modo esquisito, desajeitado, desengonçado e absurdo, prestes a cair e com um
comportamento tão anormal que rasa a excentricidade e que acaba por enfurecer quem
é obrigado a suportá-los.
No passado, quando avistava um destes condutores kamikaze ou suicida, logo o alcunhava de “escanifobético”, adjectivo hoje fora de moda e desconhecido de muitos, agora substituído por “cromo” ou “troll” que não dizem exactamente o mesmo, uma vez que o primeiro rotula apenas o comportamento de alguém como estranho, excêntrico ou ridículo e o segundo aponta para uma pessoa que sistematicamente tende a desestabilizar uma discussão e a enfurecer os outros interlocutores. Considerando tudo isto e por respeito ao rigor, eu cá fico com o “escanifobético”, deixando os cromos e os trolls para os mais novos, que naturalmente tendem a ser menos observadores e mais tolerantes, que ainda acreditam em fairy tales e a ver o mundo em tons de rosa.
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